PRAIA DO FORTE: Piscinas naturais, ruínas e uma vila pra lá de charmosa

Última viagem realizada em fevereiro/2024


A Praia do Forte está localizada no município de Mata de São João, que fica a cerca de oitenta quilômetros de distância da capital baiana Salvador (em uma região conhecida como Costa dos Coqueiros). Essa charmosa vila de pescadores é super bem estruturada (turisticamente falando) e repleta de belezas naturais, culturais e históricas. São quilômetros e quilômetros de praias paradisíacas, muitas piscinas naturais cheias de vida marinha, ruínas de um antigo castelo, reserva ecológica com fauna e flora riquíssimas e várias opções de atividades de ecoturismo, além de rios e lagoas. Ufa! Já deu pra perceber que Praia do Forte é um destino bastante completo e imperdível, não é?

Já estive por lá duas vezes: em 2012 (em um rolê no estilo bate e volta) e em 2024 (quando fiquei hospedada por cinco dias). Nessas duas vezes cheguei na vila usando transporte público (a partir de Salvador) e super indico essa opção caso você esteja sem carro. Peguei um ônibus da Viação Atlântico lá no Terminal Aeroporto, mas também há saídas de outras regiões da capital (como da rodoviária, por exemplo). O trajeto demorou em torno de noventa minutos, mais ou menos. Esse terminal foi inaugurado em 2018 e facilitou MUITO o acesso ao aeroporto para os não motorizados. Além das várias linhas de ônibus urbanos que partem dali, também é possível embarcar no metrô (os dois terminais são integrados por meio de uma passarela). Para chegar neste terminal, basta pegar o transfer/shuttle na área de desembarque do aeroporto (há várias placas indicando, é super bem sinalizado) e em menos de dez minutos você já estará no ponto final, que é em frente a entrada sul do metrô. Uma coisa que me deixou bem confusa foi o acesso ao terminal de ônibus. Como ele fica atrás do metrô, é necessário cruzar toda a estação por dentro (em direção a entrada norte) e depois seguir por uma passarela (que finaliza no terminal de ônibus). Porém para fazer essa travessia é necessário pagar a tarifa, já que o transfer/shuttle é um transporte oferecido exclusivamente para os usuários do metrô. Pelo que pude entender, o transfer/shuttle é gratuito desde que você tenha pagado a tarifa do metrô.

Como comentei, a Praia do Forte tem uma excelente infraestrutura turística, o que significa que há MUITAS opções de hospedagens para todos os tipos de viajantes (há desde resorts luxuosos até hostels mais econômicos). Escolhi a Pousada dos Artistas e gostei bastante da experiência. Começando pela localização, que é excelente! Ela fica quase colada ao calçadão principal da vila, pertinho de todo comércio e da praia. Isso facilitou muito minha locomoção, já que sempre viajo sem carro. O atendimento foi MUUUITO simpático e hospitaleiro e acredito que este é o ponto forte de lá. Outro diferencial é a integração com a natureza. A pousada tem uma pegada mais rústica e para onde quer que você olhe verá plantas e árvores e ouvirá apenas o canto dos pássaros (e o barulhinho dos saguis, s2). A suíte que fiquei era confortável e tudo funcionou perfeitamente, apesar da aparência antiga do mobiliário e dos revestimentos das paredes (principalmente do banheiro). Adorei a varandinha com vista para o jardim! O café da manhã estava bem gostoso e foi servido no sistema a la carte. Achei esse método super diferente, mas funcionou bem (apesar de ainda preferir o tradicional buffet self-service). Enfim, super indico a Pousada dos Artistas para quem procura uma hospedagem mais econômica, com excelente atendimento e bem localizada! Ah, um detalhe que esqueci de contar é sobre a presença de pernilongos (mas esse problema é geral na vila e não restrito a pousada). Recomendo usar repelente, principalmente no café-da-manhã.

Entrada da Pousada dos Artistas (à esquerda) e jardim (à direita)
Minha suíte
Vista da varandinha
Café-da-manhã a la carte (à esquerda) e sagui no jardim da pousada (à direita)

O centrinho da vila de Praia do Forte é muito charmoso e repleto de restaurantes, lojas e sorveterias. O calçadão principal, chamado de Alameda do Sol, é exclusivo para pedestres, o que deixa o ambiente ainda mais aconchegante, seguro e tranquilo. É uma delícia caminhar por lá no finalzinho da tarde, depois de um dia todo na praia. É neste horário em que a vila começa a ganhar movimento, estendendo-se até de madrugada (principalmente aos finais de semana e feriados). A maior parte do comércio começa a abrir a partir das 11/12h da manhã (apenas os mercadinhos abrem mais cedo). Apesar de ter adquirido um estilo mais sofisticado com o passar dos anos, a vila ainda mantém aquele ar bucólico de uma pacata vila de pescadores. Eu diria que a Praia do Forte é uma vila de pescadores gourmetizada, rs. 

A Alameda do Sol começa ali na Avenida do Farol. É nesta avenida onde fica a entrada da vila, acessada pela Rodovia BA-099, também conhecida como Estrada do Coco. O calçadão termina na Praça São Francisco, onde está a histórica Igreja de São Francisco de Assis (construída no início do século XX). Essa igrejinha, que fica de frente para o mar, é muuuuito charmosa e um dos principais cartões postais de Praia do Forte.

Alameda do Sol, o calçadão mais charmoso de Praia do Forte
Detalhes do vilarejo
Centro de Artesanato
Igreja de São Francisco de Assis

Bom, agora vamos falar das praias, que certamente são os principais atrativos de Praia do Forte. A praia principal do vilarejo é a Praia do Portinho. Ela fica em frente à Praça São Francisco, exatamente no centro da vila. Por conta disso é considerada a praia de mais fácil acesso e tem uma boa infraestrutura, com alguns restaurantes a beira-mar. Os barquinhos dos pescadores sempre ficam ancorados por ali, embelezando ainda mais a paisagem. 

Praia do Portinho, em frente à Praça São Francisco
Barquinhos dos pescadores na Praia do Portinho
Detalhes fofos

É na Praia do Portinho que fica o Projeto Tamar, que dispensa apresentações, não é mesmo? Simplesmente amo o Tamar e sempre que viajo para alguma cidade que tenha o projeto, faço questão de visitar. Já estive no centro de visitantes de Ubatuba/SP, Aracaju/SE, Vitória/ES, Florianópolis/SC e Fernando de Noronha/PE, ou seja, em todos! :D A unidade de Praia do Forte é super bem estruturada e completa. Estive por lá em 2012 e lembro de ter AMADO a experiência. Um dos momentos mais aguardados é a abertura de ninho. Essa atividade é muito legal e você pode acompanhar mesmo sem ter adquirido o ingresso. Geralmente a abertura acontece no final da tarde e é feita na Praia do Portinho. Os biólogos abrem os ninhos lá na unidade e trazem as tartaruguinhas recém-nascidas para serem soltar no mar. É lindo e emocionante de ver! s2 Recomendo você acompanhar o Instagram do Tamar, pois é lá que eles divulgam a programação dessas atividades.

Entrada do Projeto Tamar de Praia do Forte
No Tamar podemos ter um contato mais direto com os bichinhos
Tartaruguinha linda com apenas alguns dias de vida
Tartaruguinhas recém-nascidas sendo soltar no mar

A faixa de areia da Praia do Portinho segue para o lado direito por uns cinco quilômetros, aproximadamente, e vai mudando de nome conforme as peculiaridades de cada trecho: Praia do Forte (formam-se piscinas naturais na maré baixa), Praia do Portinho de Baixo (também conhecida como Praia do Tivoli, o mar é mais agitado por lá e não há piscinas naturais) e Praia da Barrinha (o início e o fim desta praia são marcados pelo encontro das águas da Lagoa Timeantube e do Rio Pojuca com o mar, a paisagem é belíssima, do outro lado do rio já é a Praia de Itacimirim, em Camaçari). O melhor horário para aproveitar essas praias é durante a maré baixa. Caso você não saiba, o horário de mudança da maré varia diariamente, por isso sempre recomendo consultar a tábua de marés do dia antes de iniciar uma caminhada (alguns trechos da praia podem ficar intransitáveis durante a maré alta).

A Praia do Forte fica coladinha na Praia do Portinho
Praia do Portinho de Baixo, onde fica o resort Tivoli
Siri (à esquerda) e ninho de tartaruga protegido pelo Tamar (à direita)
Encontro das águas da Lagoa Timeantube com o mar
Início da Praia da Barrinha

Já para o lado esquerdo da Praia do Portinho a caminhada será ainda maior (são quase dez quilômetros de areia e mar até chegar no vilarejo de Imbassaí). Ao lado do Tamar fica a Praia Pedra do Chapéu (por ali há algumas piscinas naturais que se formam durante a maré baixa) que depois passa a se chamar Praia do Lord (as piscinas naturais desta praia são as mais famosas e concorridas do vilarejo), Praia do Papa Gente (também há piscinas naturais por ali) e Praia do Ibero (onde fica o resort Iberostar, o mar é bem agitado por lá e não há piscinas naturais). A orla de todas essas praias é emoldurada por centenas e centenas de coqueiros, deixando a paisagem ainda mais paradisíaca. Ah, se você gosta de praticar flutuação, não esqueça de trazer seu snorkell quando for às piscinas naturais. Há MUITOS peixinhos e vida marinha por lá. #ficaadica

Praia Pedra do Chapéu
Piscinas naturais da Praia do Lord
Muitos peixinhos (à esquerda) e muitos coqueiros (à direita)
Praia do Papa Gente

Não pense que os atrativos naturais de Praia do Forte se resumem apenas as praias. Há muito mais a se fazer por lá! Na chegada à vila (ali na Avenida do Farol) você já é surpreendido por uma belíssima paisagem, formada pela Lagoa Timeantube. Pois é, a Praia do Forte tem até uma lagoa (na verdade são três, também tem a Lagoa Aruá e a Lagoa Jauara)! Além de contemplar a natureza e um belíssimo pôr-do-sol, também é possível andar de canoa pela lagoa. Ali ao lado fica o Parque Municipal Klaus Peters, outro excelente local para a prática de atividades físicas e observação da fauna e flora da região. Esse parque é a primeira unidade de conservação e proteção do litoral norte da Bahia e, para a alegria de todos, tem a entrada gratuita. Uhúúú! Após cruzar uma passarela lindíssima (e perfeita para fotos), há uma pista de quase quatro quilômetros que termina perto do complexo do resort Iberostar (também há uma saída para a Praia do Lord). Como estava viajando sozinha, não me senti segura de fazer esse trajeto sem companhia e fiquei apenas apreciando a paisagem dali da passarela mesmo.

Lagoa Timeantube
A paisagem da lagoa é linda, principalmente ao entardecer
Entrada do Parque Municipal Klaus Peters
Me apaixonei por essa passarela
Sagui (à esquerda) e pista para a prática de atividades físicas (à direita)

Pertinho da portaria do parque, ainda na Avenida do Farol, há mais um atrativo que super merece a visita: o Projeto Baleia Jubarte. Depois do Tamar, este é meu outro projeto ecológico preferido! A estrutura do espaço é simples (se comparada ao do Tamar), porém gostei muito de conhecer um pouco mais deste importante trabalho de proteção e pesquisa marinha (que existe desde 1988). Por ali há um esqueleto (de verdade) de uma baleia jubarte, várias placas informativas, réplicas desses grandiosos mamíferos (em tamanho real), um auditório onde são veiculados diversos vídeos educativos (fiquei um tempão ali assistindo), playground, loja e um bar/restaurante inaugurado recentemente. O Projeto Baleia Jubarte também tem unidades em Vitória/ES, Itacaré/BA, Caravelas/BA e Ilhabela/SP (estes dois últimos eu ainda não conheço).

Projeto Baleia Jubarte
Um esqueleto de verdade!!!
Há placas informáticas e réplicas em tamanho real por todo o espaço
Auditório
Por dentro do auditório, fiquei um tempão assistindo aos vídeos

As ruínas do Castelo Garcia D'Ávila (também conhecido como Casa da Torre) é o principal atrativo histórico e cultural de Praia do Forte. Ele fica a uns quatro quilômetros de distância da vila e, caso você esteja sem carro (assim como eu estava), sugiro contratar um transfer em uma das agências receptivas, um passeio de buggy (tem alguns roteiros que incluem a visita ao castelo), um táxi ou um tuk-tuk. Optei pelo tuk-tuk e, apesar de achar o valor um pouco alto (paguei R$120,00 em fevereiro de 2024), gostei bastante do passeio. 

Esse castelo começou a ser erguido em 1551, a pedido do almoxarife da coroa real Garcia D'Ávila, e finalizado em 1624. Ele é considerado a primeira grande edificação portuguesa no Brasil e a única construção das américas com caraterísticas medievais. Inicialmente sua função era ser uma espécie de forte para proteger a colônia portuguesa de possíveis invasões (principalmente dos holandeses e franceses). Sua localização era estratégica para isso: ficava no alto de uma colina, com uma vista belíssima para o mar. Posteriormente o castelo também passou a servir de residência para a família do português e assim permaneceu durante dez gerações. Para você ter uma ideia, os Garcia D'Ávila já foram considerados a família mais rica do Brasil e tinham posse de, aproximadamente, 10% do território nacional. Caso você tenha interesse em saber mais detalhes sobre a história do castelo (e, consequentemente, da família), basta pesquisar no Google ou no Youtube. Os Garcia D'Ávila participaram ativamente de muitos acontecimentos horríveis, desumanos e revoltantes envolvendo mão-de-obra escravizada.

Por volta de 1835, o castelo foi abandonado e, com o passar do tempo, ficando em ruínas. Apenas em 1938 é que foi tombado pelo Iphan como patrimônio histórico e artístico. E, após alguns anos, transformado em um local turístico. A estrutura turística do castelo é ótima! O passeio começa com um pequeno vídeo introdutório, seguido de uma visita ao museu (que foi recentemente construído). Esse museu é muito bonito e tecnológico. Por ali estão expostos diversas peças arqueológicas (encontradas durante alguns escavações), uma maquete restaurada do castelo, diversos totens interativos (alguns com depoimentos de historiadores), mapas da época, pinturas, entre outros objetos. No espaço também há uma loja, um café e sanitários.

Entrada do Castelo Garcia D'Ávila
Por dentro do museu
Achados arqueológicos (à esquerda) e os diversos nomes do castelo (à direita)
A gameleira centenária

O acesso às ruínas é feito por um corredor muito bonito, repleto de coqueiros. Ali no final há uma gameleira centenária enooorme. Ela é linda demais!!! Um detalhe super interessante é que ao redor dessa gameleira é possível ouvir uma narração que conta histórias e curiosidades do dia-a-dia do castelo. É como se você fosse transportado para o ano de 1551. Atrás da gameleira ficam as ruínas. A única parte restaurada da construção é a Capela Nossa Senhora da Conceição. A arquitetura da capela é muito bonita e por ali também rola uma trilha sonora, dando um clima todo especial à visitação. As ruínas que ficam ao lado e atrás da capela são muito bonitas! Alguns detalhes arquitetônicos impressionam, assim como a vista do pavimento superior. Em alguns dias da semana, além da visitação tradicional, também é possível assistir a uma projeção de sons e luzes que conta a história da edificação.

Ruínas do Castelo Garcia D'Ávila
Por dentro da Capela Nossa Senhora da Conceição
Mais um pouco de ruínas
Os detalhes arquitetônicos são belíssimos
Vista do pavimento superior

Gostei muito de Praia do Forte desde a primeira vez em que estive por lá, em um bate e volta no ano de 2012. Neste rolê percebi que um dia é super pouco tempo para conhecer tudo o que o vilarejo tem a oferecer e por isso voltei em 2024. Recomendo ficar uns quatro ou cinco dias na região. Uma das coisas que mais curti foi o fácil acesso aos não motorizados. Você consegue chegar tranquilamente de transporte público (a partir de Salvador) e fazer quase tudo a pé ali no entorno da vila. Também há uma grande variedade de hospedagens, restaurantes, mercados, farmácias, sorveterias, bancos, agências receptivas... Você encontra todo tipo de comércio há poucos metros de distância. Só se prepare para o preço elevado de quase tudo (lembra que eu comentei que a Praia do Forte é uma vila de pescadores gourmetizada, rs). Mas ainda assim é possível encontrar pousadas e restaurantes mais econômicos, é só procurar bem. Como minhas viagens são quase sempre econômicas, faltou fazer o passeio de buggy pela Reserva Sapiranga e pelas outras praias da região, como Itacimirim Guarajuba (ao sul, já em Camaçari) e Imbassaí e Santo Antônio (ao norte, ainda em Mata de São João). Fica aí um motivo pra voltar pela terceira vez! :D


GOSTOU DA PRAIA DO FORTE?
Conheça Salvador também, fica a apenas oitenta quilômetros de distância.

PARA SABER MAIS:
www.praiadoforte.org.br

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