PRAIA GRANDE: Não tem praia, não é grande, mas é linda!

Viagem realizada em dezembro/2017


Praia Grande é uma cidade catarinense que confunde muuuita gente! Primeiro: ela não fica no litoral, ou seja, não tem praia. Segundo: ela não é grande, mas sim o contrário; é pequena e tem jeitinho de interior. Terceiro (essa é exclusiva para os paulistas): essa Praia Grande localizada no sul de Santa Catarina não é a Praia Grande do litoral paulista. Pois é, essa cidade gera muitas divergências, mas uma coisa é certa: é ali onde estão alguns dos atrativos naturais mais lindos do nosso país.

O Parque Nacional dos Aparados da Serra e o Parque Nacional da Serra Geral estão localizados em Praia Grande e em Cambará do Sul (no Rio Grande do Sul). Esses dois parques nacionais estão repletos de cânions, cachoeiras e paisagens M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A-S. Em 2013, durante uma viagem à Gramado, fiz um passeio estilo bate-volta para Cambará do Sul e conheci um dos cânions da região, o Itaimbezinho. Fiquei tão apaixonada pela vista dos paredões rochosos e por aquele rio pequenininho correndo lá embaixo, que resolvi voltar com mais calma. E também para fazer uma trilha suuuper aventureira, a Trilha do Rio do Boi, que percorre um trecho daquele rio pequenininho que vi lá de cima do mirante do Itaimbezinho.

Praia Grande ganhou o título de "Cidade dos Cânions" por estar localizada justamente aos pés desses paredões rochosos gigantescos que fazem a divisão natural dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Cheguei na cidade em um ônibus vindo de Torres/RS (clique aqui para ver o relato dessa viagem). A viagem não é muito longa, mas como algumas estradas são de terra, demorou uma hora e meia, mais ou menos, para chegar. Achei super curioso que o ônibus não entrou na cidade. Ele parou para o pessoal desembarcar antes de cruzar a ponte do Rio Mampituba (que também faz a divisão dos dois estados). De lá, tive que cruzar a ponte a pé e, aí sim, chegar em Praia Grande. Da ponte até o centrinho são uns dez minutinhos de caminhada. Não é muito longe, mas acho que o ônibus poderia entrar na cidade e parar dentro da rodoviária, né? Seria muito mais cômodo para os moradores e os turistas.

Rio Mampituba

Para aproveitar os três dias da minha viagem, escolhi uma hospedagem muuuito especial: a Pousada Pacatatu. Esse pousada me encantou assim que vi as fotos no Booking.com. Ela tem uma proposta super diferente, que mistura conforto, simplicidade e contato com a natureza. A estrutura é toda de madeira: paredes, chão, escadas, mobília... tudo, tudo! É beeem rústica, mas ao mesmo tempo super charmosa. A varanda de todos os quartos tem vista para os cânions e foi delicioso acordar, abrir a janela e dar de cara com esses gigantes da natureza! Do lado de fora da pousada há um mirante, que também proporciona uma vista belíssima dos cânions e da cidade. O atendimento foi ótimo, assim como o café da manhã e o sinal de wifi. Adorei me hospedar aí e voltaria mais vezes! Me senti em casa.

O único detalhe não muito legal é que, como as paredes são de madeira, os quartos não possuem isolamento acústico e é possível ouvir qualquer barulhinho dos quartos vizinhos ou vindos do lado de fora da pousada. Não há muita privacidade nesse aspecto. Mas tirando isso, foi tudo perfeito! Ah, tava quase esquecendo de contar que a localização também é ótima! Ela fica bem próxima ao centrinho, coisa de cinco minutinhos andando. Ah (de novo), e nos quartos não há televisão.

Pousada Pacatatu
Minha suíte
Vista da varanda
Mirante com vista para os cânions
Amanhecer

Praia Grande tem aquele clima delicioso de cidade de interior. Suas ruas são bem planas e perfeitas para caminhar ou andar de bicicleta. Achei a estrutura ótima! Tem pousadas, restaurantes, supermercados, lojas, farmácias, padarias... O comércio é pequeno, mas super funcional, e boa parte dele está localizado nas ruas ao redor da Igreja Matriz (a Paróquia São Sebastião). Essa igreja é do ano de 1951 e uma das construções mais antigas da cidade. A pracinha que fica em frente à igreja estava toda decorada para o Natal. Achei muito bonitinho!

Igreja Matriz de Praia Grande
Praça decorada para o Natal
Balão colorindo o céu de Praia Grande

Como comentei no início do post, lá nos parques nacionais há diversos cânions. Os mais conhecidos em Praia Grande são o Cânion Itaimbezinho, o Cânion Malacara e o Cânion dos Índios Coroados. Na cidade há várias agências receptivas que realizam as mais diversas atividades de ecoturismo nesses cânions. Inclusive a pousada onde fiquei hospedada também funcionava como agência receptiva. Porém, como era dia de semana e baixa temporada (apesar de já ser quase final de dezembro), não tinha formado nenhum grupo de turistas em que eles pudessem me encaixar. Caso eu fizesse o passeio sozinha sairia muuuito mais caro. Fiquei um pouco chateada, pois viajei à Praia Grande justamente para fazer esses passeios. Mas aí, a recepcionista da pousada salvou minha viagem e conseguiu me encaixar em um grupo de uma outra agência, a Tribo dos Canyons (eles foram ótimos e o guia era super legal). E finalmente consegui fazer a trilha que tanto tinha desejado: a Trilha do Rio do Boi.

Entrada da trilha
A primeira trilha com caneleiras

O início da trilha fica a uns doze quilômetros do centro de Praia Grande. Chegamos lá por volta das oito da manhã e fomos o primeiro grupo do dia a entrar no Parque Nacional dos Aparados da Serra. Essa foi a primeira trilha que fiz na vida onde tive que usar tornozeleiras! Como cruzamos o rio várias vezes, a tornozeleira nos protegeu caso algum bichinho resolvesse nos morder. Todo o percurso é margeando o Rio do Boi. Quase não andamos em terra firme. Boa parte do trajeto era em cima de pedras ou dentro do rio (com água até o joelho). Por conta disso, a caminhada foi super cansativa e longa, mas ao mesmo tempo maravilhosa! Foi uma experiência indescritível caminhar dentro da fenda do Cânion Itaimbezinho e ter um contato tão próximo com a natureza. Vimos muitas cachoeiras, piscinas naturais... A vista do final da trilha é de tirar o fôlego! Super compensou os dezoito quilômetros de caminhada (percorridos em quase sete horas). Acho que essa foi a trilha mais difícil e mais emocionante que já fiz na vida!

Paisagens do percurso
Encontramos várias cachoeiras pelo caminho
A vista do final da trilha
Esse lugar é lindo!

No dia seguinte à Trilha do Rio do Boi, queria muito ter feito a Trilha do Cânion Malacara mas, infelizmente, eu e a recepcionista da pousada não conseguimos encontrar nenhum guia que estava indo para esse cânion naquele dia. Por conta disso, fiz um passeio mais leve e tranquilo: fui conhecer a Cachoeira Magia das Águas. Essa cachoeira fica bem próxima ao centro, inclusive dá até para ir a pé, caso você goste caminhadas. Acho que foi uns trinta minutos andando. A cachoeira fica dentro da Pousada Itaimbé, que cobra uma taxa de visitação e tem uns chalés super fofos, bem no meio do mato. De lá da pousada tem mais uns quinze minutinhos de trilha até a cachoeira. Ela tem quarenta metros de queda e é bem bonita. Pena que tinha pouca água, mas mesmo assim gostei bastante de conhecê-la! Como ela fica dentro da pousada, o local é bem tranquilo, seguro e pouco frequentado. Além da cachoeira principal, também há outras cascatas menores e algumas piscinas naturais.

Entrada da Pousada Itaimbé
Piscina natural que vi durante a trilha
Paisagens do caminho
Cachoeira Magia das Águas (à esquerda) e borboletinha linda (à direita)

Gostei muuuito de conhecer Praia Grande! Adorei a cidade e foi uma ótima experiência ficar hospedada tão pertinho dos cânions. Certamente a Trilha do Rio do Boi foi o momento mais especial e inesquecível da viagem. Queria muuuito ter explorado os outros cânions, mas viajar sozinha e na baixa temporada é meio complicado. Da próxima vez vou preferir ir na alta temporada (janeiro) ou em finais de semana e feriados. Fora dessa época, é bem difícil conseguir encontrar algum grupo já formado para fazer as trilhas. É bom que isso fica de dica para quem está pensando viajar para lá sozinho. Mas, acontece, né? Pelo menos uma trilha (a mais desejada) eu consegui fazer! :)


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