DIAMANTINA: Arquitetura colonial e muita história no meio da Serra do Espinhaço

Viagem realizada em maio/2016


Depois de viajar para as cidades históricas Ouro PretoMarianaSão João del Rei e Tiradentes, fiquei com muuuita vontade de conhecer Diamantina também. Ela fica a trezentos quilômetros de Belo Horizonte, no meio das montanhas da Serra do Espinhaço, e é a primeira cidade da famosa Estrada Real. Diamantina é muito charmosa e tem um rico patrimônio histórico, composto por centenas de construções coloniais tombadas pelo IPHAN e consideradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Além do centro histórico (que é razoavelmente bem conservado), há muitas outras atividades culturais e de ecoturismo que podem ser feitas pela região.

A cidade de Diamantina no meio das montanhas da Serra do Espinhaço
Casarões coloniais no centrinho histórico

Fiquei quatro dias hospedada na Pousada Presidente, durante um feriado de Corpus Christi. Gostei muito do atendimento (a dona é muuuito simpática e atenciosa) e do café da manhã. As instalações são bem simples, mas são confortáveis e compatíveis com o preço da diária. Fiquei em um quarto privativo, mas com banheiro compartilhado (que estava sempre limpinho). A varanda de uma das alas dos quartos tem uma vista linda para a Serra do Espinhaço e para o nascer do sol. A única coisa que não gostei foi da localização. Ela fica um pouquinho longe do centro histórico. Todos os dias tinha que fazer uma caminhada de, aproximadamente, quinze minutos até o centrinho. Achei o trajeto meio deserto e fiquei com muito medo de andar sozinha por lá, principalmente à noite. Mas, tirando isso, super recomendo a pousada!

Entrada da Pousada Presidente
Nascer do sol visto da varanda da pousada

Escolhi ir à Diamantina durante o Corpus Christi porque queria acompanhar a procissão e ver os tradicionais tapetes de serragem colorida. Porém, tudo deu errado! rs Quando cheguei na cidade, por volta do meio-dia, a procissão já tinha acabado e só consegui ver os restinhos dos tapetes nas ruas do centro histórico. Foi uma pena...

O que sobrou dos tapetes de serragem
Florzinha

A maior parte das construções do centro histórico fica ao redor da principal igreja da cidade, a Catedral Metropolitana de Santo Antônio. Ela é muito bonita, mas sua arquitetura é bem mais clássica do que a das demais igrejas, pois foi construída entre os anos de 1932 e 1940 (no lugar da Igreja Santo Antônio do Tejuco, da qual só restaram os altares laterais). Quem quiser conhecer construções religiosas típicas do século XVIII deve visitar as igrejas Nossa Senhora do Rosário, São Francisco de Assis, Nossa Senhora do Amparo ou Nossa Senhora do Bonfim. Todas ficam ali perto e são abertas à visitação (duas só abrem na parte de manhã e as outras duas à tarde).

Catedral Metropolitana de Santo Antônio
Igreja São Francisco de Assis
Igreja Nossa Senhora do Amparo (à esquerda) e casarões do centro histórico (à direita)
Igreja Nossa Senhora do Bonfim

A igreja que mais gostei de visitar foi a Nossa Senhora do Rosário. Ela é uma das mais antigas de Diamantina e foi construída por escravos. Fiquei muito surpresa quando entrei e vi que seu interior é todo torto. A guia me explicou que a arquitetura ficou assim porque ela foi construída durante a noite e não havia muita iluminação. Também gostei de ouvir a lenda da cruz da gameleira que fica bem em frente à igreja. Ao lado dela há o Chafariz do Rosário (também do século XVIII) e o Teatro Santa Izabel, que infelizmente estava fechado.

Igreja Nossa Senhora do Rosário e a gameleira

Uma das coisas que achei super legal no turismo de Diamantina foi o incentivo à visitação das igrejas. Lá existe o projeto Passaporte Religioso. Comprando esse passaporte você pode visitar quatro igrejas pelo preço de três (olha a dica da viajante muquirana, rs)! As visitas dentro da igreja são feitas com o acompanhamento de um guia e nada pode ser fotografado (uma pena...). Sinceramente senti um pouco de despreparo nos guias que me atenderam. Parecia que todas as informações que eles me passavam eram decoradas. Quando eu fazia alguma pergunta “fora do script”, eles se enrolavam para responder... Além dessas quatro igrejas do projeto, Diamantina também tem a Igreja Nossa Senhora do Carmo e a Igreja da Luz, porém não consegui visitar nenhuma das duas (estavam fechadas)...

Ao lado da igreja matriz fica o Museu do Diamante, que, apesar de ter esse nome, dispõe de apenas uma sala dedicada aos diamantes (incluindo outros tipos de pedras preciosas) e aos instrumentos utilizados na garimpagem. Nos outros ambientes estão expostos oratórios, imagens de santos, móveis e muitos outros objetos bem antigos. O que mais gostei nesse museu foi uma coleção de mãos, braços e pés de diversos santos de roca. Achei muito curioso! Esse museu tem entrada gratuita (olha que legal!).

Museu do Diamante (casarão à esquerda)
Mãos, braços e pés de santos de roca fazem parte do acervo do Museu do Diamante

A casa onde viveu a famosa escrava alforriada Chica da Silva também fica ali no centro histórico. Este foi um dos lugares que mais gostei de conhecer na cidade! A construção está muito bem conservada e achei muuuito interessante conhecer a casa de uma personagem tão polêmica da história do Brasil. Quando estive por lá também estava rolando uma exposição de quadros muito legal! As pinturas eram bem bonitas e ao lado de cada uma havia poemas que descreviam um pouco da personalidade e da rotina da ex-escrava. Gostei bastante! Nos fundos da casa há um quintal super arborizado e uma fonte bem antiguinha. A entrada também é gratuita.

Casa de Chica da Silva
Chafariz nos fundos da Casa de Chica da Silva
Vista da varanda

Um pouquinho mais afastado da igreja matriz fica a Casa de Juscelino Kubitschek. Foi nessa residência que o ex-presidente viveu boa parte da sua infância. Entre os cômodos estão expostos objetos e documentos pessoais. Também há uma reprodução do quarto, da cozinha e do consultório de Juscelino, todos mobiliados com móveis da época. No mesmo espaço funcionam uma biblioteca, um auditório, uma lojinha e um bar. A entrada nesse museu não é gratuita.

Casa de Juscelino Kubitschek
Reprodução do quarto de Juscelino

Outro atrativo muito conhecido de Diamantina é a Casa da Glória. Certamente você já deve ter visto a foto desse cartão postal: dois sobrados (pintados de branco e azul), um de cada lado da rua, ligados por um passadiço. Essa construção já teve várias finalidades. Já foi uma residência, depois pertenceu ao Estado, virou moradia de bispos, orfanato, educandário feminino e, finalmente, centro de geologia (o Instituto Eschwege, que hoje foi incorporado à UFMG). Visitei o interior dessa importante construção, mas sinceramente não achei muito interessante... O que mais gostei de lá foi a arquitetura externa!

Casa da Glória e o seu passadiço
Por dentro do passadiço (à esquerda) e varanda de um dos casarões do centro histórico (à direita)

Quem gosta de barzinhos com mesas ao ar livre pode ir na Rua da Quitanda. Lá é cheio de opções! Essa rua fica ao lado da igreja matriz. Ali pertinho também tem o Mercado Municipal, uma antiga construção que já foi utilizada como rancho de tropeiros. Aos sábados funciona uma feirinha, mas infelizmente não consegui ir. Dizem que a feira é muito legal e vende de tudo um pouco: tem frutas da região, legumes, verduras, artesanato, comidas típicas... Outro evento super tradicional na cidade é a Vesperata, mas ela só acontece em alguns finais de semana do mês. Neste dia, músicos se apresentam nas janelas e sacadas de alguns casarões. Esse evento é muuuuito conhecido e super disputado pelos turistas. Dizem que a cidade lota!

Mesinhas ao ar livre na Rua da Quitanda
Mercado Municipal

Os outros atrativos que ficam afastados do centro histórico só podem ser acessados de carro. Infelizmente não há nenhum ônibus que circule por eles. Achei isso muito ruim para os turistas não motorizados que visitam Diamantina. Tive que contratar um guia para poder conhecer um pouquinho dos outros atrativos da região. E como foi difícil conseguir um! A cidade tem poucas agências e, em pleno feriado, nenhuma conseguiu fechar grupo. Quem me ajudou muuuito foram as meninas da Central de Atendimento ao Turista. Elas me indicaram um guia (da Diamante Real Turismo) e finalmente deu certo fazer um passeio! Conheci a Gruta do Salitre, o Mirante do Cruzeiro da Serra e o Caminho dos Escravos.

A Gruta do Salitre fica a nove quilômetros do centro histórico. Essa formação rochosa (de quartzito) tem um aspecto muito peculiar (lembra uma catedral gótica). É difícil explicar, acho que as fotos conseguem mostrar melhor. O guia nos contou que os paredões chegam a ter até oitenta metros de altura e há muitas pessoas que praticam rapel e escalada neles. Ali também já foram gravados novelas, minisséries, comerciais, filmes e documentários. Ah, e uma vez ao ano é realizado um concerto lá dentro da gruta. Imagino como deve ser maravilhoso! A acústica é ótima! A visitação da gruta é paga e sempre feita com o acompanhamento de um guia. Gostei bastante de conhecer esse lugar!

Gruta do Salitre
Formações rochosas muito diferentes
Turista praticando escalada (à esquerda) e fenda em um dos paredões (à direita)
O mapa do Brasil
Um pedacinho da Gruta do Salitre

De lá da gruta fomos para o Mirante do Cruzeiro da Serra que fica em uma parte super alta de Diamantina. A paisagem é muito bonita! Lá do alto você percebe como a cidade de Diamantina fica bem no meio das montanhas. Gostei muito desse lugar e imagino como deve ser lindo ver o pôr do sol. Ali pertinho fica o Caminho dos Escravos. Esse caminho é como se fosse uma rua de pedras que os escravos construíram para acessar outras cidades. Mais um pedaço da triste história do Brasil...

Mirante do cruzeiro
Serra do Espinhaço
Caminho dos escravos e a cidade de Diamantina lá no fundo

Gostei bastante de conhecer Diamantina! Os casarões do centro histórico são bem conservados e há muitas construções coloniais lindíssimas. É muito gostoso ir caminhando pelas ruas e ir observando os detalhes da arquitetura dos casarões. Nos arredores também há muitos lugares para conhecer, mas que, infelizmente, só são acessíveis para quem está de carro. Achei que o turismo poderia ser melhor desenvolvido nesse aspecto. Não pude conhecer diversos atrativos porque não havia ônibus que fosse até lá. E as agências receptivas pareciam nunca formar grupos (isso em pleno feriado prolongado!)... Gostaria de ter conhecido o vilarejo de Curralinho, o Parque Estadual do Biribiri (e suas cachoeiras), o Cânion do Funil... Infelizmente todos esses lugares terão que ficar para uma próxima visita. De carro, claro! rs


GOSTOU DE DIAMANTINA?
Conheça também a cidade de Serro. Ela fica pertinho de Diamantina.

ACESSE TAMBÉM:
http://casosecoisasdabonfa.blogspot.com.br/2013/03/um-feriado-em-diamantina-e-serro-mg.html

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