MARIANA: A primeira capital de Minas Gerais

Última viagem realizada em dezembro/2021


Mariana faz parte do Circuito das Cidades Históricas de Minas Gerais e foi a primeira capital do estado mineiro, lá em 1745. Ela teve uma importância fundamental durante o Ciclo do Ouro e chegou a ser considerada a cidade mais rica deste período. Isso aconteceu no século XVIII, mas ainda hoje é possível ver um pouco desse luxuoso passado em suas bucólicas ruas e vielas, revestidas com um calçamento centenário e repletas de coloridos casarões (e casinhas) coloniais. Mariana está localizada a 110 quilômetros de distância de Belo Horizonte e é vizinha da famosa Ouro Preto (clique aqui para ler o post completo do meu passeio por lá). Apesar de ter o centro histórico mais compacto, ela esbanja charme, aconchego e aquela receptividade deliciosa que só Minas consegue proporcionar.

Uma parte do centrinho histórico de Mariana
Detalhes fofos que só Minas tem

A primeira vez que estive em Mariana foi durante um feriado de quatro dias. Essa viagem (que aconteceu em 2013) teve um significado MUITO especial para mim, pois foi o primeiro rolê que fiz sozinha. Felizmente fui muita assertiva na escolha do destino, pois Mariana acolheu com perfeição todas as minhas inseguranças e medos da época. Pode parecer bobagem, mas esse acolhimento foi de fundamental importância para todas as outras viagens solo que viriam a seguir. s2 E acredita que a ideia inicial nem era me hospedar por lá? Eu queria mesmo era ficar em Ouro Preto, porém todas as pousadas mais econômicas já estavam lotadas, por conta do feriado religioso de Corpus Christi (a cidade bomba nesta época). Daí acabei mudando meus planos e fui parar em Mariana. Já minha segunda visita foi em 2021, em um tradicional rolê bate e volta a partir de Beagá (clique aqui para ler o post completo da capital mineira).

Chegar em Mariana é bem fácil, tanto para quem está em Belo Horizonte, como para quem vem de São Paulo. Já fiz esses dois trajetos de ônibus e foi bem tranquilo. Daqui da capital paulista a viagem dura umas doze horas (são quase setecentos quilômetros de distância) e quem faz esse percurso é a viação Guanabara. Obviamente que de Beagá é beeem mais rápido: apenas três horas, pela viação Pássaro Verde. O Terminal Rodoviário de Mariana é relativamente perto da região central, coisa de uns vinte minutos andando.

O centrinho histórico de Mariana (que é tombado como patrimônio histórico e artístico pelo Iphan) possui uma ótima infraestrutura turística, com algumas opções de hospedagens. Escolhi a Pousada Rainha dos Anjos e gostei bastante! A localização era excelente, bem pertinho de todos os atrativos e com bastante comércio ao redor. A suíte em que fui acomodada era pequena, mas super confortável e limpa. Um detalhe que chamou minha atenção foi o mobiliário antigo, bem na vibe de cidade histórica. O café da manhã foi outro ponto positivo! Tudo que provei estava delicioso e com uma boa apresentação. Ah, quase esqueci de contar que a pousada também serviu um chá da tarde com bolos e biscoitinhos. Amei chegar dos passeios e ter um docinho me esperando. s2

Pousada Rainha dos Anjos, no centrinho de Mariana
Minha suíte (à esquerda) e papagaio que vi por lá (à direita)

O primeiro lugar que conheci foi a Praça Minas Gerais. Essa belíssima praça foi eleita como uma das sete maravilhas da Estrada Real e também é considerada o cartão-postal da cidade. Em seu entorno é possível contemplar um belíssimo conjunto arquitetônico do século XVIII muito bem preservado. Por ali estão a Casa de Câmera e Cadeia (foi construída em 1795 para abrigar a sede administrativa e legislativa de Mariana, e também funcionou como casa de fundição de ouro e senzala; é aberta à visitação), o Pelourinho (foi construído na década de 1970 no mesmo lugar onde ficava o original, do ano de 1750), a Igreja São Francisco de Assis (foi erguida entre os anos de 1763 e 1794; sua arquitetura é em estilo rococó e alguns de seus ornamentos foram produzidos pelo renomado artista Aleijadinho) e a Igreja Nossa Senhora do Carmo (sua construção foi iniciada em 1784 e demorou um pouco mais de cinquenta anos para ficar pronta, mais exatamente em 1835; também tem estilo rococó). Lembro de ter ficado completamente encantada quando me deparei com essas duas igrejas enooormes. Me senti praticamente dentro de um cenário de uma novela de época! :D

As duas igrejas na Praça Minas Gerais
Detalhe da lateral da fachada e interior da Igreja Nossa Senhora do Carmo
Pelourinho, no centro da praça
Casa de Câmara e Cadeia

Dali da praça segui em direção à charmosa Rua Dom Silvério, onde ficava a pousada, e conheci mais duas igrejas: a Capela Nossa Senhora dos Anjos (foi construída entre os anos de 1784 e 1875; tem estilo rococó) e a Igreja São Pedro dos Clérigos (sua construção começou em 1753 e até hoje não foi concluída; tem estilo barroco e abriga um histórico órgão de tubos, considerado um dos mais antigos do país). Pertinho dessa igreja haviam um chafariz, um cruzeiro e uma vista belíssima do centro histórico (com as montanhas da Serra do Espinhaço ao fundo).

Rua Dom Silvério (à esquerda) e Capela Nossa Senhora dos Anjos (à direita)
Igreja São Pedro dos Clérigos
Interior da igreja (à esquerda) e escada de acesso à torre (à direita)
Cruzeiro (à esquerda) e vista para o centro histórico (à direita)

Continuei minha caminhada até chegar na belíssima Praça Gomes Freire, que se tornou minha segunda praça preferida em Mariana (a primeira é a Praça Minas Gerais, s2). Ela é super arborizada e perfeita para um momentinho de descanso. Há vários bancos por lá, que parecem te convidar para essa pausa, além de um charmoso coreto, uma fonte e diversos jardins floridos. No seu entorno há muitos casarões históricos charmosíssimos, onde funcionam restaurantes, lojas, docerias, o recém-inaugurado Museu de Mariana (por ali há uma exposição de longa duração sobre a cidade e uma intensa programação de eventos e atividades culturais) e o Museu da Música (seu acervo é composto por diversos instrumentos musicais históricos, além de partituras manuscritas e outros documentos relacionados à prática musical). Infelizmente não visitei nenhum desses dois museus, pois estavam fechados.

Ali pertinho fica a Praça da Sé, onde conheci mais dois atrativos: o Museu Arquidiocesano de Arte Sacra (o acervo é composto por diversos objetos sacros, como esculturas, mobiliários, vestimentas e pratarias, além de algumas obras de Aleijadinho e outros artistas da época) e a Catedral Basílica de Nossa Senhora da Assunção, também conhecida como Igreja da Sé. Essa igreja é considerada uma das mais antigas e ricas do estado! Sua construção começou em 1713, no mesmo local onde antes havia uma singela capelinha. Sua fachada é bem simples, mas por dentro... quanta riqueza de detalhes e ornamentos. Tem até um raro órgão alemão com mais de trezentos anos!

Praça Gomes Freire
Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção

Dali da Praça da Sé, segui para a Rua Direita, onde fica o Museu Casa de Alphonsus de Guimaraens. Este museu funciona dentro da casa onde este renomado escritor mineiro viveu com a família, entre os anos de 1913 e 1921. Seu acervo é composto por mais de mil peças, que incluem objetos pessoais, os livros de sua biblioteca particular, fotografias, documentos, originais, manuscritos, entre outros itens. Nesta rua também fica o Atelier e Casa dos Artista “Mestre Ataíde”, onde estão expostas diversas obras produzidas pelos artistas da região. O local também sedia alguns eventos, exposições temporárias e cursos. Atualização: parece que este centro cultural fechou. Poxa... :(

Infelizmente não consegui visitar nenhum desses dois espaços. Como era feriado, alguns atrativos turísticos estavam fechados, principalmente os que ficavam aí na Rua Direita, já que ao longo do dia os tapetes da celebração do Corpus Christi estavam sendo confeccionados. Eu simplesmente AMEI acompanhar a montagem desses tapetes! Foi lindo e impressionante ver a dedicação e o carinho da população em manter essa tradição tão especial. Todos eram super coloridos e cheios de desenhos e mensagens. À noite também rolou a tradicional procissão. Eu nunca tinha participado de uma e amei a experiência! Foi lindo ver o centro histórico iluminado pelas velas que os fiéis levavam durante a caminhada. Me emocionei muito!

Os tradicionais tapetes da celebração do Corpus Christi
Era um mais lindo que o outro! s2
Procissão que rolou durante à noite

Outro atrativo histórico que fica próximo ao centrinho é a belíssima Estação Ferroviária de Mariana. Essa estação foi construída em 1914 para ligar Mariana à Ouro Preto (que por sua vez já era conectada ao Rio de Janeiro pela antiga Estrada de Ferro Central do Brasil). A construção desse ramal ferroviário contribuiu muito para o desenvolvimento social e econômico da região. Hoje em dia a estação funciona como um complexo cultural e também é dali que parte o famoso trem turístico até Ouro Preto. Fiz esse passeio e adorei! O trem percorre dezoito quilômetros da estrada de ferro e tem a duração de uma hora. As paisagens do trajeto são muito bonitas e repleta de montanhas verdinhas! Vi até uma cachoeira, acredita? Atualização: parece que este passeio está temporariamente suspenso. Torcendo para ele volte a operar em breve! 

Estação Ferroviária de Mariana
O trem, por fora e por dentro
Vi muitas paisagens lindas pelo caminho!

A região rural de Mariana também tem alguns atrativos turísticos bem legais, principalmente de ecoturismo. Por ali há cachoeiras, mirantes, grutas, minas e diversas opções de trilha. Um dos lugares que conheci e amei foi a Mina da Passagem. Como comentei no início do post, Mariana participou ativamente do Ciclo do Ouro, que ocorreu entre os séculos XVII e XVIII. Uma das jazidas mais abundantes da região era a Mina da Passagem, que fica no distrito de Passagem. Nesta jazida foram retirados mais de 35 toneladas de ouro durante seus quase duzentos anos de funcionamento. Ela também é considerada a maior mina de ouro do mundo aberta à visitação! O acesso à este atrativo é bem fácil. A mina fica a apenas três quilômetros do centrinho histórico e há uma linha de ônibus (a mesma que vai para Ouro Preto) que passa em frente. O trajeto não dura nem dez minutos. Toda a visitação é feita com o acompanhamento de um guia. A parte mais divertida do tour é a entrada na mina, pois ela é feita em uma espécie de trenzinho, chamado troller, que desce 120 metros de profundidade. Dá até um friozinho na barriga! Após o desembarque, caminhamos por diversos túneis e salões, onde o guia foi contando a história da mina, como ela funcionava e algumas curiosidades. Ali dentro há até um lago de água cristalina onde é possível praticar mergulho. Amei visitar essa mina e super recomendo! Foi um dos momentos mais legais da viagem.

Entrando na Mina da Passagem
Um dos salões da mina
É possível mergulhar neste lago
Explicação do guia (à esquerda) e o troller chegando (à direita)

Amei conhecer Mariana e tenho um carinho enooorme por essa cidade! Essas duas viagens que fiz para lá foram muito especiais e fui embora com um aperto no coração. Foi uma delícia caminhar despretensiosamente por suas charmosas ruas e ir admirando os detalhes arquitetônicos das construções (principalmente as janelas e portas coloridas, s2). Por diversas vezes me senti dentro de uma cidade cinematográfica, rs. Também amei as duas igrejas da Praça Minas Gerais e conhecer a Mina da Passagem. Acho que esses foram os pontos altos da viagem! Ah, e degustar a deliciosa comida mineira, né? Só de lembrar me deu até fome. Acho que quero voltar para Minas! :D


GOSTOU DE MARIANA?
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