SÃO JOÃO DEL REI: A viagem ao passado está garantida por aqui!

Viagem realizada em novembro/2013


São João del Rei fica em Minas Gerais, a aproximadamente 190 quilômetros de distância da capital Beagá. Assim como Ouro Preto, Mariana e Tiradentes, sua história começou lá no início do século XVIII, quando foram encontradas algumas minas de ouro na região. Essa grande descoberta fez o pequeno povoado crescer muuuito, ao ponto de se transformar em uma das cidades mineiras mais ricas durante o Ciclo do Ouro. Ainda hoje é possível encontrar vestígios deste passado ali nas ruas do centro. Essa região possui um riquíssimo conjunto arquitetônico e urbanístico, tombado como patrimônio pelo Iphan desde 1938. Para você ter uma ideia são mais de setecentas construções! Infelizmente nem todas estão bem conservadas, mas ainda assim há muitos casarões, pontes e igrejas belíssimas.

Estive em São João del Rei durante um feriado prolongado de três dias. Daqui de São Paulo há uma linha de ônibus que vai direto pra lá, operada pela viação Guanabara. Embarquei no Terminal Rodoviário Tietê no início da noite e de manhãzinha já estava com meus pezinhos em terras mineiras. Escolhi o Hotel Calcinfer para me hospedar e foi uma experiência ok. Ele é aquele tipo de hotel bem econômico e simples, indicado para quem precisa apenas de um local seguro e limpo para descansar depois de um dia todo turistando. Optei por esta hospedagem por conta da localização. Ela fica praticamente colada na rodoviária de São João del Rei e isso facilitou muito minha locomoção de ônibus. A única parte ruim é que o centro histórico não era tão próximo e precisei caminhar por uns trinta minutos toda vez que queria ir até lá.

Meu passeio pela cidade começou na Praça Frei Orlando, uma das mais importantes de São João del Rei. Essa praça é super bonita e tem um jardim muuuito bem cuidado, repleto de palmeiras imperiais altíssimas. Ao redor há várias casinhas coloniais (com janelas e portas coloridas, s2), deixando a paisagem ainda mais charmosa e bucólica. No centro da praça fica a Igreja de São Francisco de Assis, considerada um dos cartões-postais de São João del Rei. Essa igreja foi projetada por ninguém mais, ninguém menos que Aleijadinho! Sua construção teve início em 1774 e só foi finalizada trinta anos depois, em 1804. Tanto o interior, quanto o exterior são muito bonitos! A riqueza de detalhes e ornamentos impressionam (tudo esculpido em madeira e pedra sabão).

Pertinho desta praça há mais três atrativos: a belíssima Capela de Nossa Senhora dos Dores (foi inaugurada em 1918 e possui estilo neogótico; seu interior é repleto de vitrais coloridinhos), a Igreja de São Gonçalo Garcia (sua arquitetura tem traços neoclássicos; foi construída em 1903 no mesmo local onde ficava uma antiga capelinha do século XVIII) e a réplica do Chafariz da Legalidade. O chafariz original ficava no Largo do Tamandaré (ali no centro histórico também) e funcionou entre os anos de 1834 e 1895, período em que ainda não havia água encanada na cidade. Com a implementação do sistema de abastecimento, ele foi desmontado e, em 1942, reconstruído na Praça do Expedicionário (onde permanece até hoje, mas sem jorrar água).

Casinhas coloridas no entorno da Praça Frei Orlando
Igreja de São Francisco de Assis (à esquerda) e lateral da igreja (à direita)
Capela de Nossa Senhora das Dores
Chafariz da Legalidade

Desci em direção ao Córrego do Lenheiro e cheguei na Avenida Eduardo Magalhães, uma das principais ruas do centro de São João del Rei. Por ali há mais alguns lugares super bonitos e interessantes, que valem a visita! Começando pela belíssima Ponte da Cadeia, outro cartão-postal da cidade. Essa ponte, que é toda feita de pedras, foi construída em 1798 no mesmo local onde havia uma precária ponte de madeira. Ela recebeu este nome porque ficava em frente à Casa da Câmera e Cadeia, onde hoje funciona a Prefeitura Municipal (o casarão é muito bonito e tem arquitetura eclética, com traços neoclássicos). 

Ali pertinho ficam o Museu da Força Expedicionária Brasileira (seu acervo mostra como foi a participação dos soldados da região na Segunda Guerra Mundial, entre os anos de 1944 e 1945), o Teatro Municipal (um dos mais importantes espaços culturais da cidade; foi inaugurado em 1893 e já passou por algumas reformas e até uma reconstrução, por conta de um desabamento; sua belíssima arquitetura atual é em estilo greco-romano) e o Memorial Presidente Tancredo Neves (seu acervo é composto por inúmeras fotos, documentos e objetos que contam a trajetória deste político; o casarão ocupado pelo museu é muito bonito e foi construído no século XVIII). Outro local que me chamou bastante a atenção foi o prédio da Escola Estadual João dos Santos, a primeira escola de São João del Rei. Ela foi inaugurada em 1908 e o ex-presidente Tancredo Neves estudou por ali.

Ponte da Cadeia e alguns casarões beirando o Córrego do Lenheiro
Teatro Municipal
Memorial Tancredo Neves
A primeira escola de São João del Rei

Cruzando o Córrego do Lenheiro por uma de suas charmosas pontes, há mais atrativos! No Largo do Tamandaré, por exemplo, há um casarão enooorme que abriga o Museu Regional de São João del Rei. Este casarão foi construído em 1859 para servir de residência e comércio da família do comendador João Antônio da Silva Mourão. Nos três pavimentos estão expostas cerca de quinhentas peças que mostram como era o cotidiano da cidade entre os séculos XVII e XVIII. Há mobiliários, utensílios domésticos, roupas, objetos, documentos e até obras de arte! Além do acervo fixo, o museu também recebe exposições temporárias. 

Pertinho dali fica a Rua Getúlio Vargas, que foi o meu local preferido na cidade! Nesta rua estão concentradas diversas construções históricas belíssimas! Um detalhe super curioso é que em cada extremidade há uma igreja. Em uma ponta fica a Igreja Nossa Senhora do Carmo (sua construção foi iniciada em 1733 e concluída apenas no início do século XIX) e na outra a Igreja Nossa Senhora do Rosário (foi erguida em 1719 e é considerada a igreja mais antiga de São João del Rei). Entre as duas igrejas também ficam o Museu de Arte Sacra (por ali estão expostas mais de quatrocentas peças sacras) e mais uma igreja, a Igreja Nossa Senhora do Pilar (foi erguida em 1721 para homenagear à padroeira da cidade). Outra igreja que fica próximo dali é a Igreja Nossa Senhora das Mercês, construída em 1751. Como ela fica em uma parte alta da cidade, é preciso encarar uma escadaria enooorme para acessá-la.

Museu Regional de São João del Rei
Igreja Nossa Senhora do Pilar
Um passarinho (à esquerda) e Igreja Nossa Senhora do Carmo (à direita)

O lindíssimo Solar das Neves também fica aí nesta rua, do ladinho da Igreja do Rosário. Este casarão é considerado mais um dos cartões-postais da cidade e foi construído no século XIX para servir de residência à família Neves (da qual o ex-presidente Tancredo Neves fazia parte). Sua fachada é repleta de ornamentos encantadores que remetem à época imperial. Eu fiquei apaixonada por cada detalhe e não conseguia parar de admirá-la e fotografá-la! Outro local encantador é a Rua Santo Antônio, também conhecida como Rua das Casas Tortas. Essa rua é super fotogênica e repleta de centenárias casinhas coloniais, com janelas e portas coloridinhas. A rua ganhou esse apelido porque muitas dessas casas realmente parecem estar tortas. Nem preciso dizer que esse pedacinho do centro histórico ganhou meu coração, né?

O Solar das Neves é repleto de detalhes lindos
Rua Santo Antônio, também conhecida como Rua das Casas Tortas

Ainda ali na região do centro histórico acontece um dos rolês mais disputados de São João del Rei: o passeio na famosa maria-fumaça. Ela parte lá da Estação Ferroviária (que fica beirando o Córrego do Lenheiro) e percorre doze quilômetros da Estrada de Ferro Oeste de Minas, que curiosamente foi inaugurada por Dom Pedro II. Essa maria-fumaça está em circulação desde 1881 e é considerada o trem mais antigo em operação no Brasil. O percurso, que dura um pouco menos de uma hora, é muito bonito e repleto de belíssimas paisagens, principalmente quando o trem margeia o Rio das Mortes e a Serra de São José (montanhas verdinhas sempre conquistam meu coração, s2). O destino final é na charmosa cidade de Tiradentes (clique aqui para acessar o post sobre ela). Esse passeio rola apenas aos finais de semana, mas pode acontecer de ter saídas extras na alta temporada (que é a época das férias escolares) ou em feriados. Recomendo comprar o ticket com antecedência (o site oficial é este aqui), pois o trem lota com facilidade. Um detalhe legal é que você pode optar em comprar a ida e a volta juntas ou apenas um dos trechos (e fazer a outra parte do percurso de ônibus, caso queira economizar).

Maria-fumaça estacionada na Estação Ferroviária de São João del Rei
Por dentro da maria-fumaça
O trem vai margeando a Serra de São José
Rio das Mortes

Ali na estação também fica o Museu Ferroviário, criado em 1981 para comemorar os cem anos da Estrada de Ferro Oeste de Minas (também conhecida como EFOM). O museu é pequeno, mas abriga um acervo bem interessante por meio do qual é possível conhecer um pouco da história da ferrovia e sua importância para o desenvolvimento econômico, social e urbanístico de Minas Gerais. Além de objetos, documentos, fotografias e ferramentas, o museu também abriga a primeira maria-fumaça a trafegar na ferrovia e uma rotunda, onde estão estacionadas mais algumas locomotivas históricas.

A primeira locomotiva da EFOM
Dentro da rotunda há mais algumas locomotivas históricas

Gostei bastante de São João del Rei! O centro histórico possui diversas construções belíssimas e uma história muuuito rica e interessante. Meus lugares preferidos foram a Rua Getúlio Vargas (onde fica o Solar das Neves) e as casinhas coloridas da Rua Santo Antônio, além do passeio de maria-fumaça até Tiradentes, claro! Como estava a pé pela cidade, não consegui visitar os atrativos mais distantes, como cachoeiras, fazendas e lagoas. Fica aí um motivo para voltar! :D


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