Viagem realizada em maio/2019
Ah, Vassouras... Impossível não começar esse texto suspirando por essa cidade linda e apaixonante! Fiquei apenas um dia por lá, mas foi tão, tão intenso, que voltei suspirando e já querendo repetir a dose (dessa vez por mais tempo, né?). Fiz essa viagem no mesmo feriado em que estive em
Conservatória (clique
aqui para ler o relato dessa viagem). Essas duas cidades fazem parte do Vale do Café, uma região do interior do Rio de Janeiro que durante o século XIX foi um dos principais centros econômicos do país, responsável por 75% da produção cafeeira do mundo.
Vassouras tem um bom acesso tanto para quem vem do Rio de Janeiro, como de São Paulo. Claro que para os paulistas o caminho é um pouco mais longo (mais precisamente 420 quilômetros de distância), mas uma dica boa é que tem ônibus direto saindo da Rodoviária do Tietê. Você embarca em São Paulo e, depois de umas seis horas, já desce em Vassouras.
A rodoviária de Vassouras não é tão perto do centro histórico, mas dá para ir caminhando sem problemas (coisa de quinze minutos). A primeira construção que fez meus olhos brilharem foi a antiga
Estação Ferroviária. Gente, que prédio lindo!!! Fiquei apaixonada. Sério! E ele tá todo conservado, pintado... parece que acabou de ser inaugurado. Mas não se engane: essa construção é bem antiga, mais precisamente do ano de 1875. Um detalhe que achei muito curioso quando estava lendo sobre a história da estação é que naquela época os bondes seguiam pelos trilhos sendo puxados por burros! E só lá em Rio das Mortes é que encontravam o restante da composição, para então seguir pela Estrada de Ferro de D. Pedro II. O último trem que passou pela ferrovia foi em 1970. Atualmente a estação abriga o
Centro de Apoio e Atendimento ao Turista (onde garanti meu mapa e informações do que conseguiria visitar a pé) e o
Memorial do Trem (um mini museu com vários equipamentos, ferramentas e objetos antigos relacionados a esse mundo da ferrovia). Ah, do lado de fora da estação tem uma locomotiva a vapor lindona do ano de 1889.
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A antiga Estação Ferroviária de Vassouras |
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A arquitetura da estação é muito linda (à esquerda) e Memorial do Trem (à direita) |
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Locomotiva estacionada no pátio da estação |
Caminhei mais um pouquinho e dei de cara com a praça mais linda desse mundo: a
Praça Barão do Campo Belo. Pode parecer que estou exagerando (talvez eu esteja, rs), mas achei essa praça muito bonita. Sério! Vou explicar o porquê em cinco motivos. Primeiro: ela é enorme e toda gramada (parece um imenso tapete verde). Segundo: está cheia de palmeiras imperais altíssimas e super imponentes (além de muitas outras árvores e um chafariz de 1846). Terceiro: tem uma igrejinha muito charmosa na parte mais alta (e a vista lá de cima é maravilhosa). Quarto: todo o entorno da praça está cheio de casarões coloniais (todos tombados como patrimônio pelo Iphan), é como se ela fosse emoldura por esse conjunto arquitetônico. E o quinto (e último) motivo é que foi muito prazeroso passear por lá e ver a praça sendo utilizada pelos moradores e turistas. Vi pessoas caminhando, fazendo atividades físicas, crianças brincando, famílias fazendo piqueniques, casais passeando, amigos conversando... Enfim, eu amei esse lugar e fiquei horas por lá, só apreciando a vista e curtindo a tranquilidade. Foi uma delícia!
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Praça Barão do Campo Belo |
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Olha essa vista (à esquerda) e Chafariz Monumental, do ano de 1846 (à direita) |
A igrejinha que avistei lá da parte mais baixa da praça na verdade é uma igrejona! A
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição é muito mais bonita de perto. Sua arquitetura é em estilo neoclássico e ela foi construída em 1828. Adorei alguns detalhes da igreja, como por exemplo os galos em cima das torres. Minha paisagem preferida foi exatamente nesse local, em frente à igreja. Como aí é o ponto mais alto da praça, é possível observar uma boa parte da cidade de Vassouras e as montanhas que a cercam. É muito lindo! Nos fundos da igreja há uma outra praça: a
Praça Sebastião Lacerda. O que mais gostei por lá foi uma fileira de dezesseis grandes árvores. Elas fazem uma composição muito bonita com os casarões antigos do outro lado da rua.
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Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição |
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Interior da igreja |
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Praça Sebastião Lacerda, nos fundos da igreja |
Como comentei agora a pouco, o entorno da Praça Barão do Campo Belo é repleto de casarões do século XIX. Alguns estão conservadíssimos e funcionando a todo vapor, mas outros ainda estão em processo de restauração. A
Câmara Municipal de Vassouras fica bem no comecinho da praça, na parte mais baixa, e tem uma arquitetura belíssima (como quase tudo na cidade). Esse casarão data de 1850 e foi projetado para usos públicos. Já abrigou o poder executivo, o legislativo, o judiciário, a cadeia pública e hoje funciona como prefeitura e Câmara Municipal. O
Palacete Barão do Ribeiro (que fica quase em frente à câmara) estava em obras durante minha viagem. Atualmente é aí a sede do Iphan, mas essa construção bonitona já foi de tudo um pouco: residência, hotel (acreditem, a Princesa Isabel já se hospedou aí), fórum, cadeia pública e administração pública.
Quase em frente a esse palacete sai um tradicional passeio de trenzinho, chamado
O Barão. Não fiz esse passeio, mas li que ele passa pelos principais pontos de Vassouras. Os ingressos podem ser comprados na
Esquina da Arte, uma lojinha de artesanatos que fica em um prédio localizado bem na esquina da praça, ainda na parte baixa.
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Câmara Municipal de Vassouras |
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Palacete Barão do Ribeiro |
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Trenzinho "O Barão" (à esquerda) e Esquina da Arte (à direita) |
Em um outro casarão histórico da praça funciona o
Centro Cultural Cazuza. Foi aí nesse sobrado onde nasceu Lucinha Araújo, a mãe de Cazuza. Aí dentro funciona um espaço cultural, onde há exposições, biblioteca e uma espécie de museu sobre o Cazuza (com vários objetos pessoais, documentos, fotos e roupas do artista). Gostei bastante de conhecer esse lugar e não fazia ideia da quantidade de histórias que já aconteceram aí dentro. Esse casarão foi construído em 1845 para ser residência, mas depois acabou virando clube, colégio e casa de cultura.
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Centro Cultural Cazuza |
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Uma das salas do centro cultural (à esquerda) e escrivaninha que Cazuza usou na infância (à direita) |
O último lugar que conheci em Vassouras foi um dos mais especiais: o
Museu Casa da Hera. Esse atrativo não fica na praça, mas é possível ir caminhando até ele tranquilamente (coisa de dez minutos). A Casa da Hera era a residência de uma das famílias mais tradicionais e ricas da cidade, a família do Barão do Campo Belo. Eles pertenciam a elite cafeicultora do século XIX e aí em sua chácara aconteciam diversas festas e saraus, além de muitos encontros para discutir comércio, finanças e política.
A visita ao interior da casa é gratuita e feita com o acompanhamento de um monitor, que vai contando algumas histórias e curiosidades do estilo de vida daquela época (não é permitido fotografar lá dentro). A casa tem 22 cômodos distribuídos em áreas social, íntima e de serviço. Todos os ambientes estão repletos de mobiliários, porcelanas, pratarias, quadros, livros, roupas e objetos pessoais. É como se a família ainda morasse por ali. Uma das coisas que mais achei interessante foi ver a diferença na decoração das áreas sociais e íntimas. Os ambientes que a família usava para receber as visitas eram finamente decorados com cristais, quadros, papéis de parede (algo bem chique para aquela época), mobiliários imponentes e até um piano francês. Já as áreas íntimas (usadas para dormir) eram pequenas e muuuito mais simples. Pois é, a ostentação vem de longe!
Na parte externa da casa é permitido circular livremente, sem a presença do guia (pode fotografar também). Essa área é beeem grande (são mais de trinta mil metros quadrados) e repleta de plantas nativas da região e árvores frutíferas (e consequentemente muitos pernilongos, rs). Meu lugar preferido foi o túnel de bambus. Muito bonito! Em alguns trechos há banquinhos, mesas e até redes para descansar.
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Entrada do Museu Casa da Hera |
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O casarão |
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Detalhe da escadaria principal que dá acesso à casa |
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Túnel de Bambus (à esquerda) e um espaço que homenageia os escravos da região (à direita) |
Amei conhecer Vassouras e foi uma pena ficar tão pouco tempo. Gostei de tudo que vi: da Estação Ferroviária, da Praça Barão do Campo Belo e seus casarões coloniais, da Casa de Hera... enfim de tudo! Como estava a pé não consegui visitar os atrativos que ficavam distantes do centro, como as fazendas históricas (tem várias) e o
Jardim Ecológico Uaná Etê. Tenho muita vontade de voltar e ficar hospedada por pelo menos um dois dias por lá. Pode ser agora? :D
GOSTOU DE VASSOURAS?
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Conservatória também. Fica super perto!
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