PARNAÍBA: A porta de entrada do Delta do Parnaíba

Viagem realizada em setembro/2019


Parnaíba foi uma das cidades que visitei durante minha viagem ao litoral do Piauí (clique aqui para ver todos os posts dessa viagem). Ela está localizada a aproximadamente trezentos quilômetros de distância de Teresina e é considerada a segunda maior cidade do estado. Parnaíba é muuuito famosa por fazer parte da tradicional Rota das Emoções (um trajeto que liga os Lençóis Maranhenses/MA à Jericoacoara/CE) e também por ser a porta de entrada para o Delta do Parnaíba.

O Delta do Parnaíba nada mais é do que a foz do Rio Parnaíba que, curiosamente, possui um formato triangular (daí o termo delta, que em grego significa triângulo). Nesse trecho do rio há inúmeras ilhas (repletas de dunas), canais e igarapés que formam uma paisagem única. São quase três mil quilômetros quadrados divididos entre os estados do Piauí (35%) e Maranhão (65%). Outro motivo da fama do Delta do Parnaíba é que ele é o único delta das Américas que acontece em mar aberto. Olha que privilégio!

Cheguei em Teresina em um vôo de madrugada e lá do aeroporto fui direto para a rodoviária. Peguei um ônibus da viação Expresso Guanabara que partia às seis horas da manhã. A viagem foi tranquila, mas demorada e cansativa. Foram seis horas para chegar em Parnaíba (Teresina é bem longe do litoral)! E lá na rodoviária de Parnaíba ainda tive que pegar mais um ônibus até o centro da cidade, onde ficava a pousada que reservei.

Minha escolha pela Pousada Vila Parnaíba foi super assertiva, apesar de não ter gostado muito da suíte em que fiquei (ela era escura e não muito charmosa). A pousada possui três categorias de quartos: standard, semi luxo e luxo. Meu bolso só conseguiu pagar o standard, que fica no pavimento superior do prédio principal, rs. Acredito que as suítes localizadas ao redor do jardim e da piscina sejam mais charmosas e melhor decoradas. Por falar em áreas externas, a Pousada Vila Parnaíba deu um show de paisagismo! Gente, o que é aquela piscina? Sério, o lugar é muito lindo e cheio de detalhes charmosos. Amei toda a decoração (que tem uma pegada rústica, repleta de artesanatos locais e objetos antigos)! O café da manhã também é outro diferencial. Há vários tipos de pães, sucos, bolos e iguarias regionais. Tudo é muito gostoso e com uma apresentação super caprichada. O atendimento também foi ótimo, assim como a limpeza e o sinal do wifi. Super recomendo essa hospedagem!

Pousada Vila Parnaíba
Minha suíte
Suítes localizadas ao redor do jardim (à esquerda) e jacuzzi (à direita)
Olha essa piscina!
Em cada cantinho tem um detalhe fofo

A Pousada Vila Parnaíba fica a cinco minutos a pé do centro histórico, que é tombado como patrimônio pelo Iphan. Fui conhecer o centrinho em uma das tardes dos quatro dias em que fiquei na cidade. Meu passeio começou pela Praça da Graça, uma praça que, curiosamente, possui duas igrejas em seu entorno: a Igreja Nossa Senhora do Rosário (foi construída por escravos no século XVIII, pois nessa época eles eram proibidos de entrar na igreja matriz) e a Igreja Matriz Nossa Senhora da Graça (também foi construída no século XVIII, sua arquitetura tem estilo barroco e neoclássico).

Igreja Nossa Senhora do Rosário
Igreja Nossa Senhora da Graça

O legal de caminhar pelo centro é ir descobrindo suas construções e as histórias que existem por trás de cada uma como, por exemplo, a Casa Inglesa. Esse belíssimo casarão foi construído no ano de 1814 e era usado para duas finalidades: comercial (no piso térreo) e residencial (no pavimento superior). A Casa Inglesa teve uma participação muito importante na economia de Parnaíba. A filial brasileira dessa indústria automobilística inglesa foi pioneira na comercialização de produtos a base de petróleo (como o querosene) e na exportação de cera de carnaúba. Ali pertinho da Casa Inglesa fica o Casarão Simplício Dias, outra edificação bastante importante (infelizmente não consegui visitá-lo).

O casarão da União Caixeiral também tem uma história bastante curiosa. Devido ao comércio efervescente de Parnaíba em meados do século XX, um grupo de comerciantes (chamados de caixeiros) se uniram para construir um local onde pudessem fazer cursos para se qualificarem profissionalmente. Daí surgiu o União Caixeiral, que posteriormente se transformou em escola e hoje é um centro cultural que pertence ao Sesc. Além desses dois casarões, há muuuitos prédios bem bonitos e cheio de detalhes, como pisos e fachadas decorados. Eu amo esses detalhes arquitetônicos!

Casa Inglesa
Prédio da antiga União Caixeiral
Olha esses pisos e fachadas desenhados!

Ainda ali na região central há outro local bastante interessante: o Museu do Trem e a Maria Fumaça. Eu não sabia mas o Piauí teve uma estrada de ferro que ligava o litoral ao centro do estado. Muitos documentos, fotos, ferramentas e objetos dessa época podem ser vistos lá no Museu do Trem. A locomotiva 29, fabricada nos Estados Unidos, também faz parte do acervo e fica exposta ali pertinho.

Locomotiva 29

Depois de conhecer o centro histórico fui para a única praia de Parnaíba: a Praia Pedra do Sal. Ela fica a uns dezesseis quilômetros do centro e, felizmente, é possível chegar até lá usando transporte público (o ônibus demora um pouquinho para passar, sugiro tentar confirmar os horários antes). Sinceramente não gostei muito dessa praia, pois o excesso de restaurantes e quiosques acabou modificando e atrapalhando a beleza natural do local. Dizem que o pôr do sol daí é muito bonito!

Praia da Pedra do Sal
Farol no meio das pedras
Adorei essa plaquinha!

O passeio mais tradicional de Parnaíba é o barco/lancha que navega pelo Delta do Parnaíba, passando por rio, mar, lagoas, igarapés e áreas de mangue. Fiz esse passeio com a agência Clip Ecoturismo e Aventura (que foi indicada pela pousada) e durou cerca de seis horas (praticamente o dia todo). Como viajo sem carro, contratei o combo barco + transfer até o Porto dos Tatus, local onde é realizado o embarque (fica na Ilha Grande). O barco é bem grande e estava cheio de turistas. O passeio começa no Rio dos Morros e depois segue para o Canal dos Tatus e para o Igarapé dos Periquitos. Esses dois locais são muito bonitos e repletos de dunas e manguezais. Em um determinado momento, o barco parou para assistirmos a apresentação do "Homem Lama", onde ele mostra como é feita a cata de caranguejos. Eu não sabia, mas o Delta do Parnaíba é um dos maiores produtores de caranguejo do país.

Embarque no Porto dos Tatus
Navegando pelo Rio dos Morros
Olha essa paisagem!
Apresentação do "Homem Lama"

Depois o barco segue para a Baía das Canárias, onde o rio encontra-se com o mar. É na Praia dos Poldros (que fica em uma ilha, já no estado do Maranhão) onde acontece a primeira parada, que dura uma hora mais ou menos. Essa praia é bem deserta e rústica. Um paraíso! De lá seguimos para a última (e mais bela) parada do passeio: as dunas do Morro Branco. Eu amei esse lugar! As dunas são altíssimas e quando você chega lá em cima (quase morta de cansaço) tem uma vista lindíssima para uma lagoa (estava um pouco seca, mas achei bonita mesmo assim). Essa parada também durou uma hora aproximadamente. De lá voltamos para o Porto dos Tatus e depois para a pousada. Ah, quase esqueci de contar que o almoço estava incluso no passeio, além de frutas e uma caranguejada (não tive coragem de experimentar os bichinhos).

Praia dos Poldros, no Maranhão
Dunas do Morro Branco
A lagoa seca
Nosso barco visto do alto das dunas

No meu último dia em Parnaíba, fui explorar outra praia da região: a Praia do Coqueiro (que fica em Luís Correia). Para chegar lá peguei uma van ali no centro de Parnaíba, perto do mercadão. O trajeto demorou uns quarenta minutos, mais ou menos. Achei essa praia muito bonita e tranquila. Como era dia de semana havia bem poucos frequentadores. Dei sorte da maré estar baixa e havia várias piscininhas naturais. Uma delícia!

Praia do Coqueiro
Um paraíso!
Olha que fofa essa igrejinha

Gostei de conhecer Parnaíba, mas infelizmente não consegui visitar todos os lugares que queria. Não vi a revoada dos guarás e nem fiz o tour pelas praias do litoral leste. Quando você viaja sozinha, sem carro e depende de agências e de transporte público para conhecer os atrativos, tudo se torna mais difícil. E isso se intensifica quando a cidade ainda está se desenvolvendo na área turística. O número de turistas no Piauí ainda é baixo quando comparado ao dos outros estados do nordeste. As poucas agências receptivas não conseguem formar grupos para fazer os passeios, principalmente na época em que estive no estado. Setembro é considerado baixa temporada e o único passeio que saiu foi o tradicional Delta do Parnaíba.

Também gostaria de comentar que, quando estava planejando essa viagem, tive muita dificuldade em encontrar informações sobre o transporte público da região. Acabei descobrindo onde dava e o onde não dava para ir quando cheguei lá. Descobri, por exemplo, que existem vans para os municípios vizinhos. Dá para ir nas praias de Barra Grande e de Luís Correia, como a do Atalaia, a do Coqueiro e até a de Macapá. Só precisa confirmar direitinho os horários das vans porque algumas saem com bastante frequência, mas outras são bem escassas. Boa parte dessas vans partem dali do mercadão (no centro), mas a que vai para Barra Grande sai de uma agência chamada Fontenele (que fica em frente ao Senai, também no centro).

Acho que o Piauí tem lugares muito bonitos e com um potencial turístico enorme, mas que ainda não caíram no gosto dos turistas (não sei o porquê). Torço para que um dia eu volte à Parnaíba e encontre a cidade a todo vapor! :)


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