ILHA DO MEL: O paraíso do litoral paranaense

Viagem realizada em dezembro/2010


O Paraná quase nunca é lembrado quando o assunto é destinos de praia e acho isso uma injustiça bem grande! Caso você ainda não saiba, esse estado é dono de um belíssimo litoral e os cantinhos mais paradisíacos ficam na encantadora Ilha do Mel. Por ali há dezenas de opções de praias à disposição dos visitantes! Isso sem falar nos atrativos históricos e culturais, nas atividades de ecoturismo e no intenso contato com a natureza (ouvi dizer que 90% de seu território é uma reserva ecológica composta por vegetação nativa dos biomas restinga e Mata Atlântica). A tranquilidade e o silêncio também estão garantidos por lá, já que carros, motos ou qualquer outro tipo de veículo são proibidos de trafegar. Por conta de sua importância ambiental e sociocultural, ganhou o título de Reserva da Biosfera - Patrimônio Natural Mundial pela Unesco e também foi tombada como Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Paraná. A Ilha do Mel realmente é um destino ideal para se desconectar do mundo!

E como faz para chegar neste paraíso? Bom, vamos lá! Essa ilha está localizada em Paranaguá, que fica a aproximadamente noventa quilômetros de distância da capital Curitiba. A travessia marítima pode ser feita a partir de dois locais: do centrinho de Paranaguá (mais distante e demorada) ou do balneário Pontal do Sul (bem mais curta e rápida). Então, a primeira coisa que você precisa fazer é chegar em um desses lugares. O trajeto Curitiba/Paranaguá ou Curitiba/Pontal do Sul pode ser feito de carro ou de ônibus (com a viação Graciosa). 

Quando fiz essa viagem em 2010, ainda não existia a opção de embarque em Pontal do Sul, então fiz a travessia mais longa mesmo, por Paranaguá. Outro diferencial dessa época é que o famoso trem da Serra Verde Express (aquele que sai de Curitiba e percorre a belíssima Serra do Mar) tinha o trajeto mais comprido e ia até Paranaguá (infelizmente, esse percurso longo não é mais operado e, hoje em dia, o trem só vai até Morretes). Lembro dessa viagem ter sido bastante cansativa, mas repleta de paisagens lindas! Partimos da Rodoferroviária de Curitiba às 8h da manhã e desembarcamos na Estação Ferroviária de Paranaguá às 14h da tarde. Foram exatamente seis horas dentro do trem!

Descendo a Serra do Mar
A ponte mais alta que cruzamos
Vi muitas paisagens lindas pelo caminho e até algumas construções históricas!

O trapiche de onde saem os barcos para a Ilha do Mel fica bem na orla do centro histórico de Paranaguá, pertinho do Mercado Municipal. É super fácil de achar! Comprei a passagem para a embarcação das 15h30, que já estava quase lotada. Agora uma informação importante: na época em que fiz essa viagem (em 2010), haviam mais opções de horários de saída dali de Paranaguá, já que este era o único local de embarque possível. Parece que atualmente há apenas um horário, dia sim, dia não. Por conta disso, sugiro fazer a travessia por Pontal do Sul. Além do trajeto ser mais curto e rápido, há uma frequência muuuito maior de embarcações. Aos finais de semana e feriados, por exemplo, há saídas a cada meia hora!

A travessia a partir de Paranaguá demorou noventa minutos, acredita? O mar estava bastante agitado neste dia e a viagem acabou levando mais tempo do que o comum. Depois de percorrer mais de vinte quilômetros, finalmente avistei a Ilha do Mel e já me apaixonei de primeira. s2 Ali na ilha há duas vilas onde você pode desembarcar: Encantadas e Nova Brasília. Como minha hospedagem era em Encantadas, foi por ali que desembarquei. O trapiche fica na Praia de Encantadas, que é uma das mais movimentadas e bem estruturadas da ilha. Por ali há algumas opções de restaurantes e pousadas à beira-mar. Essa praia tem um quilômetro de extensão.

Chegando na Ilha do Mel
Desembarcando na vila de Encantadas
Cheguei junto com o pôr do sol, s2

Acho que não comentei, mas fiquei quatro dias na ilha. Como o deslocamento até lá é um pouquinho demorado, acabei usando o primeiro e o último dia só neste trajeto de ida e volta. Daí só me restaram dois dias inteiros e, sinceramente, achei que foi pouco tempo. Consegui conhecer os principais atrativos, mas gostaria de ter ficado mais! :(

As duas vilas principais (Encantadas e Nova Brasília) tem uma ótima infraestrutura turística, com diversas opções de hospedagens para todos os tipos de viajantes. Tem desde campings até pousadas mais charmosas, no estilo pés na areia. Optei pela econômica Pousada Tia Tina e adorei a experiência! Essa pousada era bem simples, mas atendeu perfeitamente a minha necessidade de ter apenas um local limpo e seguro para descansar depois de passar o dia todo na praia. Além disso, o atendimento foi super atencioso e o café da manhã estava ótimo! Ah, a localização também era muito boa e pertinho de tudo (a praia mais próxima ficava a uns cinco minutos de caminhada). Como me hospedei em 2010, não sei dizer se essa hospedagem ainda existe e se a qualidade continua a mesma.

Todas as "ruas" da ilha são de areia
Pousada Tia Tina
A suíte era suuuper simples, mas atendeu minhas necessidades

Como na ilha não é permitido o tráfego de veículos, prepare-se para andar bastante (seja de barco, de bicicleta ou a pé)! Quase todos os atrativos podem ser acessados por meio das inúmeras trilhas que tem por lá. Esses caminhos são sinalizados e, geralmente, interligados, o que torna possível percorrer uma boa parte da ilha a pé. Fiz o trajeto Encantadas - Nova Brasília em um dos dias da viagem e curti bastante! O percurso foi bem longo: aproximadamente cinco quilômetros. E também cansativo em algumas partes, principalmente na subida dos morros. Ah, sugiro fazer essa caminhada quando a maré estiver baixa, caso contrário, alguns trechos podem ficar intransitáveis. #ficaadica

Comecei essa caminhada ali na vila de Encantadas, seguindo em direção à Gruta das Encantadas (são apenas seiscentos metros de distância). Essa gruta é considerada um dos cartões-postais da ilha e um local bastante místico, repleto de lendas e histórias. Ela está localizada em um paredão rochoso que fica no canto direito da pequena Praia da Gruta (que tem apenas setenta metros de extensão). Por ali há uma enorme fenda que se abriu há milhares de anos devido a ação do mar. O acesso é bem fácil e pode ser feito pela areia (quando a maré está baixa) ou por uma charmosa passarela de madeira que contorna o morro. Gostei muito de conhecer essa gruta e foi um dos meus lugares preferidos na ilha!

Passarela de acesso à Gruta das Encantadas
Entrada da gruta (à esquerda) e sirizinho (à direita)
Gruta das Encantadas, na maré baixa
A Praia da Gruta e a gruta

Segui caminhando para o canto esquerdo da Praia da Gruta, onde fica o Morro das Encantadas. Ali há uma trilha que vai até o topo do morro (onde é possível contemplar uma vista panorâmica belíssima) e depois segue para a Praia do Mar de Fora (também conhecida como Praia da Boia). Essa praia é suuuper comprida (tem mais de um quilômetro de extensão) e possui uma enooorme faixa de areia. Um pouco antes da metade da praia tem um pequeno caminho que termina em uma Praça de Alimentação. Sim, é isso mesmo que você leu! Essa praia tem uma praça de alimentação, com algumas opções de restaurantes e várias mesas. Eu nunca tinha visto isso em uma praia e achei curiosíssimo! Atualização: essa praça foi interditada em 2018 e permanece fechada até hoje. :( Caminhei por toda a praia e dei de cara com mais um morro altíssimo: o Morro do Sabão. Por ali há mais uma trilha. 

Praça de Alimentação
Me despedindo da Praia do Mar de Fora
Comecinho da trilha no Morro do Sabão

No topo do Morro do Sabão há um cruzeiro e um pequeno oratório chamado Capela de São Francisco de Assis, além de uma vista panorâmica I-N-C-R-Í-V-E-L. Fiquei um tempão por lá, contemplando a paisagem e tirando vááárias fotos. Continuei a trilha e, antes de chegar na Praia do Miguel, parei em uma deliciosa piscina natural que vi ali no meio de umas pedras. Foi uma grata surpresa encontrá-la e poder me refrescar um pouquinho do calorão que estava fazendo! Essa piscina fica um pouco escondidinha e só aparece quando a maré está baixa. A Praia do Miguel tem uns setecentos metros de extensão e é praticamente deserta.

Capela de São Francisco de Assis (à esquerda) e um parapente (à direita)
Olha essa vista para a Praia do Mar de Fora!
A Praia do Miguel e, na sequência, a Praia Grande
Piscinas naturais na Praia do Miguel

Ao lado da Praia do Miguel fica a comprida Praia Grande (ela mede um pouco mais de um quilômetro). A divisão entre elas é marcada por algumas rochas. Achei um pouquinho difícil cruzar essa parte, pois a maré já estava subindo e quase entrei em pânico, rs. Felizmente deu tudo certo. Ufa! Ali na Praia Grande há um pouquinho de infraestrutura turística, com algumas opções de pousadas e restaurantes. No final da praia começa mais uma trilha, porém esta era coberta por uma densa vegetação e protegida do sol (eba!!!). Depois de caminhar por alguns minutos, cheguei na pequena Praia de Fora (ela tem apenas quatrocentos metros de extensão). Essa praia possui uma boa infraestrutura e fica colada no vilarejo de Nova Brasília.

Caminho de pedras entre as praias (à esquerda) e mais trilha (à direita)
Praia de Fora e o Morro do Farol

No canto esquerdo da Praia de Fora começa mais uma trilha que finaliza no topo do Morro do Farol. Prepare-se que a última parte do percurso é uma escadaria enooorme, com 150 degraus!!! Mas a vista dali do alto compensa todo o cansaço. Pés na Areia garante! Tive até a sorte de ver botos pulando no mar. Foi MUITO lindo e especial! Além da belíssima paisagem, por ali também fica outro atrativo super importante: o histórico Farol das Conchas. Esse farol foi construído em 1872, a pedido de Dom Pedro II, para orientar os navegantes na Baía de Paranaguá. Infelizmente ele não é aberto à visitação.

Ao lado esquerdo do Morro do Farol fica a belíssima Praia do Farol (ela mede um pouco mais de um quilômetro) e, na sequência, a Praia do Istmo. Essa praia é super interessante, pois ela fica exatamente no trecho mais estreito da ilha, fazendo com que a faixa de areia seja bem curtinha e banhada pelo mar dos dois lados. Foi a primeira vez que vi esse tipo de praia na minha vida! Finalizei minha caminhada aí neste local, mas caso você queira continuar andando, poderá conhecer a enorme Praia da Fortaleza (é uma das maiores da ilha, mede uns quatro quilômetros), a histórica Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres (foi construída em 1769 para defender a Baía de Paranaguá; é aberta à visitação), a Praia do Limoeiro, a Praia do Cedro, entre outros atrativos.

Escadaria de acesso ao farol
O Farol das Conchas (à esquerda) e botos (à direita)
Praia do Farol
A Praia do Istmo é banhada dos dois lados pelo mar

Dali da Praia do Istmo, segui para o centrinho da vila de Nova Brasília. Assim como em Encantadas, as estreitas "ruas" são todas de areia e repleta de cantinhos charmosos. Por ali também há uma boa oferta de hospedagens, restaurantes e comércio. A Praia de Brasília está localizada em frente ao vilarejo e é ali onde fica o trapiche de embarque e desembarque das embarcações que vão para Paranaguá e Pontal do Sul. Como eu estava super cansada da caminhada, optei em retornar à vila de Encantadas de barco. Foi super rapidinho (coisa de quinze minutos)!

Ruas de areia no vilarejo de Nova Brasília
Trapiche na Praia de Brasília
A Praia de Brasília

Apesar da viagem ter sido super curtinha, amei conhecer a Ilha do Mel!!! A simplicidade das vilas, as ruas pés na areia, as belíssimas praias no estilo selvagem e a natureza reinando por toda parte fizeram eu me apaixonar por lá quase que instantaneamente. s2 Adorei fazer as trilhas e caminhar despretensiosamente pelas praias. Me senti muito segura! E encantada com a paisagem de cada novo mirante. Quando estava planejando a viagem, não imaginei que a ilha fosse tão bonita. Foi uma grata surpresa conhecê-la! Como comentei no início do post, gostaria que a viagem tivesse durado mais tempo. Mas fica aí um motivo pra voltar! :D


GOSTOU DA ILHA DO MEL?
Se tiver mais tempo durante a viagem, aproveite e conheça outros lugares da região. Paranaguá, Antonina e Morretes ficam bem próximos!

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