Viagem realizada em abril/2018
Itu fica no interior de São Paulo e é super pertinho da capital, perfeita para um bate e volta ou para uma viagem rápida de final de semana. São apenas cem quilômetros de distância, percorridos em menos de duas horas. Essa cidade é bastante conhecida como a "terra dos exageros". É só percorrer a praça central para dar de cara com um orelhão de cinco metros de altura, um semáforo gigante e um monte de lojas vendendo centenas de lembrancinhas divertidas em tamanhos extremamente exagerados. Essa fama começou por causa do humorista Simplício, do programa
A praça é nossa. Ele nasceu em Itu e, certo dia, fez uma brincadeira dizendo que essa cidade tinha coisas enormes. Foi ele falar isso e pronto, a piada pegou!
Essa brincadeira dos exageros de Itu é divertida e bem humorada, mas a cidade tem muuuito mais a oferecer do que "coisas gigantes". Ela é uma das mais antigas do estado e sua história é bem interessante. Até hoje é possível encontrar marcas desse passado repleto de riqueza espalhados pelas ruas e casarões do centro histórico. Fiz um bate e volta pra lá com o objetivo de conhecer um pouquinho dessa história. Fui de ônibus, daqui de São Paulo, e a viagem é bem tranquila. A rodoviária de Itu fica próxima ao centro histórico e consegui fazer todos os passeios a pé.
Meu tour pelo centro começou no
Quartel de Itu. Essa belíssima construção foi erguida em 1867 para abrigar o Colégio São Luis, um dos primeiros internatos para meninos no Brasil. Algum tempo depois, esse colégio foi transferido para São Paulo e a construção acabou sendo utilizada pelo Exército Brasileiro, a partir de 1918.
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Quartel de Itu |
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Pátio interno da construção |
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Detalhes da construção |
Dentro dessa construção ficam o
Museu do Quartel e a
Igreja São Luis Gonzaga. O museu é pequeno e ocupa apenas uma sala, mas tem um rico acervo composto de vários objetos, indumentárias e armamentos militares. A igreja foi construída em 1891 exclusivamente para os alunos do colégio interno. Porém, depois que o exército se instalou nessa construção (em 1918), a igreja foi fechada e passou a ser utilizada como alojamento para os soldados. Ela foi reaberta apenas em 1979. Tanto o museu quanto a igreja são abertos à visitação e gratuitos.
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Museu do Quartel |
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Alguns dos objetos expostos |
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Igreja São Luis Gonzaga |
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Interior da igreja |
Depois que saí do quartel, visitei mais três igrejas em um percurso de menos de um quilômetro! Não imaginava que Itu tivesse tantas igrejas. Foi uma surpresa e me lembrou as cidades históricas mineiras, como
Ouro Preto e
Tiradentes, por exemplo. Passei pela
Igreja Nossa Senhora do Patrocínio (do ano de 1820), pela
Igreja Nossa Senhora do Carmo (construída em 1777 no mesmo local onde ficava o Convento Carmelita de 1777) e pela
Igreja de Santa Rita (a mais antiga da cidade, erguida em 1728). Infelizmente essas três igrejas estavam fechadas para visitação e tive que me contentar em apenas admirá-las pelo lado de fora.
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Azulejo que vi pelo caminho (à esquerda) e alameda da Praça Regente Freijó (à direita) |
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Igreja Nossa Senhora do Patrocínio |
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Igreja e Convento Nossa Senhora do Carmo |
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Igreja de Santa Rita |
Bem pertinho da Praça da Matriz fica o
Museu Republicano "Convenção de Itu". Assim que vi o casarão já me apaixonei pelos azulejos portugueses que revestem sua fachada. São lindos! E depois que entrei no primeiro salão, me apaixonei mais ainda! Todas as paredes também eram revestidas com azulejos pintados. Porém, não era uma pintura qualquer, era a história de Itu que estava sendo retratada nesses desenhos. Achei impressionante e lindo!
Esse casarão foi erguido em 1867 e nele aconteceu uma reunião importantíssima para o país: a "Convenção Republicana de Itu". Foi nessa reunião onde foram discutidas as bases que formaram o Partido Republicano Paulista, dando início à campanha republicana. Estavam presentes diversos políticos e proprietários de fazendas de café. Por causa dessa reunião, Itu também ficou conhecida como "o berço da república".
O acervo do museu é bastante interessante. Há mobiliários de época, documentos e fotografias antigas, pinturas e muitos outros objetos que fizeram parte da história de Itu entre os séculos XIX e XX. Nos fundos do casarão há um belíssimo jardim inspirado na França. Ah, e a entrada é gratuita!
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Museu Republicano |
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Me apaixonei por esses azulejos que contam a história de Itu |
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Sala da Convenção |
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Jardim localizado nos fundos do museu |
Finalmente cheguei na praça mais famosa de Itu, a
Praça Padre Miguel, também conhecida como
Praça da Matriz. Aquele orelhão e semáforo gigantes que comentei no início do post (os cartões postais da cidade) estão localizados justamente nesta praça. As lojinhas repletas de lembrancinhas, quer dizer, lembrançonas também ficam aí. Mas a praça também tem outros atrativos, como a
Igreja Nossa Senhora da Candelária (a
Igreja Matriz), o
Coreto e um bonito conjunto arquitetônico do século XIX (algumas dessas casas abrigam restaurantes, docerias, cafeterias, bares e antiquários). A Igreja Matriz é do ano 1780 e possui estilo barroco e rococó. A parte interna é muuuito bonita e rica em detalhes! Mais uma vez me lembrou as igrejas históricas mineiras.
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Conjunto arquitetônico do século XIX |
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O orelhão gigante (à esquerda) e Igreja Matriz (à direita) |
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Detalhes da Igreja Matriz |
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O interior da igreja |
Continuei a caminhada pelo centro histórico e visitei mais um lugar muuuito interessante: o
Museu da Energia! Esse museu fica em um casarão do ano de 1847 e mais uma vez me apaixonei pelo azulejos coloridinhos da fachada. Aí nesse local funcionou a Companhia Ituana da Força e Luz, a primeira companhia de distribuição elétrica da região. O museu conta com duas exposições: uma temporária localizada no térreo (gratuita) e outra permanente que fica no primeiro andar ("História, Energia e Cotidiano"). Gostei de conhecer as duas, mas acho que a exposição permanente foi a minha preferida. Foi muito interessante acompanhar a evolução da energia e dos aparelhos elétricos entre os anos de 1850 e 1950. Também achei muito legal ver como a arquitetura das casas mudou com a chegada da eletricidade. Nos fundos do casarão, há um jardim.
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Museu da Energia |
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Azulejos da fachada |
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Detalhes do casarão (à esquerda) e piso do salão de entrada (à direita) |
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Acervo do museu |
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Uma sala típica do século XIX |
Na mesma rua do Museu da Energia fica a
Igreja do Bom Jesus. Essa igreja foi construída em 1765 no mesmo local onde existiu a primeira capela da época da fundação de Itu. Lá no ano de 1610, o próprio bandeirante Domingos Fernandes (junto com seu genro) ergueu essa capelinha, dando início a um povoado, o último do estado de São Paulo, no caminho para Mato Grosso e Goiás. Com o passar dos anos, o povoado foi crescendo e ficando cada vez mais estruturado. Esse desenvolvimento também aconteceu por causa do cultivo da cana-de-açúcar e do café na região. Por volta de 1840, Itu se transformou na cidade mais rica do estado!
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Casarão em frente ao Museu da Energia |
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Casinha na Praça Padre Anchieta (à esquerda) e Igreja do Bom Jesus (à direita) |
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Praça Padre Anchieta e a Igreja do Bom Jesus |
Esses tempos áureos de Itu fizeram com que a cidade tivesse a primeira fábrica de tecidos movida a vapor do estado, a
Fábrica São Luiz. Ela foi inaugurada em 1869 e funcionou por mais de um século. Hoje, ela abriga um espaço para eventos.
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Antiga Fábrica São Luiz |
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Hoje o espaço é usado para eventos |
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Pátio interno da fábrica |
Minha visita ao centro histórico de Itu terminou na
Praça Dom Pedro, onde ficam o
Cruzeiro de São Francisco e a
Casa Imperial. Aí nessa praça havia uma igreja, um convento e um colégio (construídos em 1692), porém eles foram destruídos por um incêndio e só sobrou o cruzeiro. A Casa Imperial ficou conhecida por ter recebido a ilustre visita da Princesa Isabel e seu marido, em 1884. A construção é cheia de requinte e possui diversos detalhes que demonstram poder, como a imponente porta talhada em madeira, as vidraças com desenhos de tulipas e os condutores de água do telhado no formato de serpentes.
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Praça Dom Pedro e o Cruzeiro de São Francisco |
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Lateral da Fábrica São Luiz |
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Casa Imperial |
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Detalhe da porta |
O patrimônio histórico de Itu me surpreendeu! Não imaginava que a cidade tivesse tantas construções tão bem preservadas e uma história tão cheia de riqueza e poder. É difícil dizer o que mais gostei por lá. Acho que foi caminhar pelas ruas e ficar observando os detalhes arquitetônicos dos casarões. Adorei as portas coloridas! Também me impressionei com a quantidade de igrejas. Conheci umas seis em um percurso de menos de dois quilômetros! Acho que é por isso que Itu também é conhecida como a "Roma Brasileira", rs. Como minha intenção era visitar apenas o centro histórico de Itu, algumas atrações ficaram de fora, como a
Praça dos Exageros (repleta de esculturas gigantes), o
Parque Geológico do Varvito (já havia conhecido esse parque em 2009) e as fazendas históricas. Será que eu volto? :)
GOSTOU DE ITU?
Visite o
Templo Kadampa, em Cabreúva. Ele fica bem próximo à Itu.
ACESSE TAMBÉM:
https://saopaulosemmesmice.com.br/o-que-fazer-em-itu/
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