CHAPADA DIAMANTINA: O coração da Bahia

Viagem realizada em outubro/2012


A Chapada Diamantina é um dos principais destinos de ecoturismo do Brasil. Ela está localizada bem ali no coração da Bahia, a aproximadamente 430 quilômetros de distância da capital Salvador. Essa região é um prato cheio para quem gosta de trilhas, cachoeiras, montanhas, rios, grutas, sítios arqueológicos, mirantes com paisagens incríveis e muito, mas muuuito contato com a natureza. Isso sem falar nos atrativos históricos e culturais que também estão espalhados pela região. Estive por lá em 2012, durante minhas férias na Bahia (clique aqui para acessar todos os posts). Depois de passar oito dias curtindo muito sol e calor no belíssimo litoral baiano, decidi ir para o interior do estado conhecer essa preciosidade chamada Chapada Diamantina.

Como essa região é enoooorme (ela ocupa quase quarenta mil metros quadrados), os atrativos acabam sendo bem distantes um dos outros. Por conta disso é fundamental fazer um bom planejamento para otimizar a viagem e o tempo de deslocamento. A escolha do local da hospedagem também é super importante! Existem sete lugares que podem servir como base: Lençóis, Mucugê, Vale do Capão, Igatu, Itaetê, Ibicoara e Campos de São João. Como eu tinha apenas três dias inteiros para aproveitar, optei ficar em Lençóis, a cidade mais estruturada (turisticamente falando). Chegar lá foi bem fácil, apesar de um tiquinho cansativo. Embarquei em um ônibus da viação Guanabara no Terminal Rodoviário de Salvador e, depois de umas seis horas de viagem, desembarquei no Terminal Rodoviário de Lençóis

Ali em Lençóis há muitas opções de hospedagens, desde as mais simples até as que oferecem serviços mais luxuosos e exclusivos. Optei pela econômica Pousada do Sossego e foi uma ótima escolha! Essa pousada ficava bem perto do centrinho e o atendimento foi excelente (me senti super acolhida pela proprietária). A estrutura dos quartos e das áreas comuns era simples, mas atendeu minhas necessidades. O café da manhã também foi ótimo! Tudo muito fresquinho e feito na hora, ao estilo caseiro. Me acabei de tanto comer (como sempre)! Atualização: parece que essa pousada fechou. Poxa... :(

Pousada do Sossego (à esquerda) e suíte em que fui acomodada (à direita)

Como comentei, o centrinho de Lençóis é muito bem estruturado, com inúmeros restaurantes, agências receptivas, mercados, farmácias, lojas e todo tipo de comércio. O que mais gostei na cidade foi seu charmoso conjunto arquitetônico, que é tombado como patrimônio pelo Iphan! Por ali há centenas de casinhas e casarões históricos, um mais bonito que o outro. Me apaixonei por todas as portas e janelas coloridas que via pelo caminho! rs Eu não sabia, mas Lençóis foi fundada em meados do século XIX, época em que o Ciclo do Diamante bombava na região. Ela chegou até a ser considerada a maior produtora de diamantes do mundo e a terceira cidade mais importante da Bahia. Olha que responsabilidade! :D

Ruas do centrinho de Lençóis
Casarão do século XIX

Minha caminhada pelo centrinho foi bem rápida e despretensiosa. Como os passeios ocuparam a maior parte dos meus dias (e eu chegava exausta na pousada, rs), quase não sobrou tempo para conhecer a parte histórica da cidade. O primeiro local que visitei foi o Mercado Público Municipal, que fica beirando o Rio Lençóis. Esse mercado foi construído entre os séculos XIX e XX para fins comerciais. Por ali se vendiam diamantes, ferramentas e até pessoas escravizadas! Sua arquitetura é belíssima e chamou minha atenção de longe. Amei os arcos romanos e o revestimento de pedras da fachada! Atualmente o mercado abriga um espaço cultural. 

Ali ao lado há uma ponte histórica suuuper bonita, também em formato de arco. Ela foi erguida em 1860 para que as pessoas pudessem transitar entre os dois lados do rio e, dessa forma, fomentar a economia local. Na outra margem fica a Igreja Senhor dos Passos, que foi construída entre 1852 e 1855 para homenagear o santo dos garimpeiros. Em frente à igreja, na orla do rio, é possível contemplar uma bonita vista do mercado e das construções ao seu redor.

Mercado Público Municipal e a ponte sobre o Rio Lençóis
Igreja Senhor dos Passos

Atravessei a ponte novamente e segui pela Rua de Pedras. Essa rua estreitinha (e exclusiva para pedestres) é super famosa e uma das mais movimentadas do centrinho (principalmente após o anoitecer). Por ali há inúmeros restaurantes, bares e lanchonetes, que formam uma espécie de polo gastronômico. Pertinho dali fica a Igreja Nossa Senhora do Rosário (construída em 1830), o Memorial Afrânio Peixoto (onde estão expostos alguns itens pessoais e parte da biblioteca deste escritor lençoisense) e a Praça Horácio de Matos, a mais importante de Lençóis. No entorno desta praça há mais alguns casarões, como o antigo Vice-Consulado Francês, a antiga Casa de Câmera e Cadeia (onde hoje funciona a sede do Iphan), o Memorial do Garimpeiro (pequeno museu onde é possível conhecer um pouco da história dos garimpeiros) e a Rua da Baderna (famosa por seus restaurantes e bastante movimentada à noite).

Igreja Nossa Senhora do Rosário (à esquerda) e casinha que vi pelo caminho (à direita)
Outra rua do centro histórico de Lençóis

Bom, agora vamos ao que interessa: as belezas naturais da Chapada Diamantina! Como comentei no início do post, a região está lotada de atrativos e é até difícil escolher o que fazer. Depois de pesquisar bastante (e quase ter um troço com os valores que as agências receptivas cobram), optei por estes três passeios (um para cada dia da viagem): Roteiro das Grutas, Roteiro dos Poços e Roteiro Marimbus.

O Roteiro das Grutas foi feito com a ZenTur e super recomendo este receptivo. Eles foram bastante pontuais e o guia era ótimo! O passeio começou às nove da manhã e conhecemos os seguintes atrativos neste dia: Rio Mucugezinho, Cachoeira Poço do Diabo, Gruta da Fumaça, Fazenda Pratinha, Gruta da Pratinha, Gruta Azul e Morro do Pai Inácio.

O Rio Mucugezinho foi nossa primeira parada e ele fica a uns dezoito quilômetros de distância do centrinho de Lençóis. Este rio tem uma super importância histórica para a região, pois foi aí onde foram encontrados os primeiros diamantes, lá no século XIX. Fizemos uma trilha de 1,5 km (de nível leve) margeando o rio e vimos diversas piscinas naturais pelo caminho (além de paisagens lindas). Depois de uns vinte minutos, chegamos na Cachoeira Poço do Diabo. Apesar de ter esse nome um pouco assustador, o local é MUITO bonito e vale a visita! A cachoeira tem cerca de vinte metros de altura e a água é SUPER gelada e tem uma coloração bem escura. Obviamente que não tive coragem de entrar, mas foi muito gostoso ficar ali de boas contemplando a paisagem. Quando fiz essa viagem, em 2012, a cachoeira estava com pouquíssima água por conta de um período de seca na região.

Rio Mucugezinho
Uma das pontes do percurso
Cachoeira Poço do Diabo, com pouquíssima água
Macaquinho que vi durante a trilha

A segunda parada foi na Gruta da Fumaça, que fica na cidade de Iraquara, região norte da Chapada Diamantina. Essa foi minha primeira experiência dentro de uma gruta e fiquei impressionada com tudo que vi durante os quase cinquenta minutos de passeio. Assim que entramos já senti uma diferença enorme na densidade do ar. Ele era beeem mais pesado. E o silêncio? Gente eu nunca tinha "ouvido" um silêncio tão silencioso como aquele, rs. Caminhamos por uns oitocentos metros dentro da gruta e passamos por alguns salões repletos de estalactites e estalagmites. Tudo muito lindo e impressionante! Tive até a sensação de estar em um outro planeta. Foi bem legal e super recomendo! Na sequência, fomos almoçar uma comida típica sertaneja no Restaurante Casa de Farinha. Estava tudo delicioso!

Caminho de acesso à gruta
Entrando na Gruta da Fumaça
Estalactites e estalagmites
Restaurante Casa de Farinha, onde almoçamos

O terceiro lugar que visitamos foi a Fazenda Pratinha, que também fica em Iraquara. Este local possui vários atrativos, como o Rio Pratinha (a água é super cristalina e cheia de peixinhos), a Gruta da Pratinha e a Gruta Azul. As duas grutas são bem bonitas e tem a água super azulada, mas acabei não me empolgando tanto com o passeio. A infraestrutura dessa fazenda é ótima! Além dos atrativos, também é possível fazer algumas atividades por lá (pagas à parte), como praticar stand-up paddle e flutuação no rio, andar de caiaque, pedalinho ou à cavalo, fazer massagem, descer de tirolesa, entre outros. Também há restaurante e sanitários no local.

Entrada da Fazenda Pratinha
O Rio Pratinha tem a água super cristalina e repleta de peixes
Gruta da Pratinha
Gruta Azul

O último passeio do dia foi o mais emocionante de todos! Fomos para o cartão-postal da Chapada Diamantina: o Morro do Pai Inácio. Eu tinha muita vontade de conhecer esse lugar e foi por causa dele que decidi fazer esse "pequeno desvio" na minha viagem pelo litoral baiano, rs. A trilha de acesso ao topo do morro é um pouco puxada e cansativa. Demoramos uns vinte minutos para percorrer um trajeto de apenas quinhentos metros. Porém a vista panorâmica dali do alto recompensou todo o esforço! Pudemos contemplar 360 graus de belíssimas paisagens, incluindo o Morro do Camelo e o Morro Três Irmãos. Ficamos por ali até o pôr do sol, que foi um dos mais lindos e especiais que já vi na vida. Voltei para a pousada exausta, mas muuuito feliz. :D

Na estrada, cada vez mais perto
Vista do Morro do Pai Inácio
Olha essa paisagem! Simplesmente lindo demais!
Um dos momentos mais inesquecíveis da viagem

No segundo dia fiz o Roteiro dos Poços, onde conheci o Poço Encantado e o Poço Azul, que ficam na região sul da Chapada Diamantina. O Poço Encantado está localizado na cidade de Itaetê, que fica a 140 quilômetros de distância de Lençóis. Chegar até lá foi bem cansativo e enfrentamos duas horas de estrada. Para acessar o poço é preciso percorrer uma pequena trilha e depois encarar uma grande escadaria (com trezentos degraus) que termina dentro de uma caverna. O Poço Encantado fica dentro dessa caverna, que foi descoberta em 1940. Fiquei impressionadíssima quando o vi pela primeira vez! A água é super cristalina e, apesar de não parecer, tem sessenta metros de profundidade. É lindo demais, principalmente a cor da água. É difícil acreditar que embaixo de toda aquela terra seca existe um poço tão bonito. Confesso que quando vi as fotos na internet fiquei na dúvida se era bonito mesmo ou se havia rolado um Photoshop para ajustar o tom da água. Mas Pés na Areia garante que é real. E ainda mais bonito pessoalmente! O guia nos explicou que a água fica com essa tonalidade por conta de alguns minerais presentes na água. Quando estes minerais entram em contato com a claridade, reflete essa cor azul tão intensa. É MUITO, mas MUUUITO impressionante! Ah, este passeio durou em torno de trinta minutos e é apenas contemplativo (não é permitido nadar no poço).

Escadaria de acesso à gruta onde fica o Poço Encantado
Por dentro da gruta (à esquerda) e o Poço Encantado (à direita)

Na sequência fomos para o Poço Azul, que fica próximo dali, mas já na cidade de Nova Redenção. Antes de entrar na gruta, onde fica o poço, é obrigatório vestir um colete salva-vidas e passar por uma ducha de água fria (para retirar resíduos de cremes que possam interferir na limpeza da água). Depois disso, é só descer uma escadaria e dar de cara com mais um poço lindíssimo! Assim como o Encantado, o Poço Azul também tem a água super cristalina e com um tom bastante azulado (como o próprio nome sugere, rs). Ele tem vinte metros de profundidade (apesar de não parecer) e é permitido entrar na água para se banhar e fazer flutuação. Como era baixa temporada e haviam poucos visitantes, pudemos ficar um tempão lá embaixo, com o poço só pra gente! Depois da visitação fomos almoçar em um restaurante típico com comida de fazenda (não me lembro o nome). Tudo que provei estava ótimo! Mais uma vez voltei para a pousada cansadíssima. Ah, quase esqueci de contar que este passeio foi feito com um guia particular indicado pela pousada (ele cobrou beeem mais barato do que a agência receptiva).

Entrada do Poço Azul (à esquerda) e coletes salva-vidas (à direita)
Descendo a escadaria de acesso ao poço
O Poço Encantado

O terceiro e último dia da viagem foi bem mais tranquilo. Eu queria muuuito ter conhecido a Cachoeira da Fumaça (a mais alta da região, com quatrocentos metros de queda), mas como estávamos em um período de seca, o guia nos contou que ela estava praticamente sem água e não valeria a pena irmos até lá (eram oitenta quilômetros de estrada + doze de trilha). Daí optamos em fazer o Roteiro Marimbus, onde conhecemos a Vila do Remanso, o Rio Santo Antônio, e as piscinas naturais do Rio Roncador. Dali do centrinho de Lençóis foram aproximadamente vinte quilômetros para chegar na nossa primeira parada. A Vila do Remanso é uma comunidade remanescente de quilombo que ainda hoje mantém vivas diversas tradições vindas de seus antepassados, como o jarê, o reisado, a capoeira, o samba de roda e a tradicionalíssima Festa de São Francisco. Essa comunidade é tão importante que foi reconhecida como Patrimônio Cultural pelo Ministério da Cultura. Dali da vila caminhamos até a margem do Rio Santo Antônio, onde já havia um canoeiro nos esperando. A navegação pelo rio é super tranquila e contemplativa. Vimos várias espécies de plantas e aves bem diferentes. Essa região é chamada de mini pantanal por ser a única área alagada da Chapada Diamantina e, por conta disso, ter um bioma bem específico.

Vila do Remanso (à esquerda) e Rio Santo Antônio (à direita)
Paisagens que vi durante a navegação
A planta Marimbus (à esquerda) e outra florzinha típica da região (à direita)

Depois de uns sete quilômetros navegando, desembarcamos e seguimos caminhando por uns trinta minutos até o Rio Roncador. Durante o trajeto encontramos várias piscinas naturais deliciosas, formadas pelo curso do rio nas pedras. Este rio tem a água bem escura, formando um contraste super bonito com as pedras, que tem o tom mais rosado. Ficamos um tempão por lá, nos refrescando, tirando fotos e contemplando a belíssima paisagem. Retornamos pela trilha, navegamos novamente pelo rio e almoçamos em um restaurante que não me lembro o nome (e que não gostei tanto da comida). E assim foi meu último dia na Chapada Diamantina.

Caminhada até o Rio Roncador
Olha essa vista!
As pedras na margem do rio tem a coloração rosada
Restaurante onde almoçamos

O que dizer dessa viagem super rapidinha, mas tão especial? Simplesmente amei a Chapada Diamantina e ela conquistou um espaço enorme no meu coração! s2 Foi lindo contemplar e vivenciar todos esses lugares, repletos de natureza, cultura e simplicidade. Foram apenas três dias, mas aproveitei muuuito e valeu cada centavo gasto! Meus lugares preferidos foram o Morro do Pai Inácio, o Poço Azul e a Gruta da Fumaça. Tenho muita vontade de voltar e ficar mais dias na região, para conhecer todos (ou quase todos) os atrativos que faltaram. Bora juntar dinheiro, porque esses passeios são bem caros! :D


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