SÃO VICENTE: A primeira vila do Brasil foi aqui!

Viagem realizada em junho/2024


São Vicente fica no litoral sul de São Paulo, em uma região conhecida como Baixada Santista. Assim como suas vizinhas Santos e Praia Grande, ela é super movimentada em qualquer época do ano por conta de sua proximidade com a capital. São apenas setenta quilômetros de distância, percorridos em menos de duas horas. Além das praias e mirantes, São Vicente também possui alguns atrativos fortemente relacionados com sua história. Eu não sabia mas ela foi a primeira vila fundada no Brasil. Isso aconteceu em 1532. Alguns vestígios deste passado ainda podem ser encontrados por lá, principalmente na região central.

Chegar em São Vicente é bem fácil, tanto para quem está de veículo próprio, como para quem depende de ônibus. Ali no Terminal Rodoviário do Jabaquara há algumas empresas que fazem esse trajeto, como a Ultra, a Rápido Brasil e a Cometa. Como meu objetivo era percorrer toda a orla (passando pelas principais praias até chegar no centro), optei por desembarcar na praia de José Menino, que fica bem na divisa entre Santos e São Vicente. Achei mais acessível do que desembarcar na rodoviária (que fica um pouco mais distante da orla).

São Vicente possui seis praias. Anota aí: Praia do Itararé, Praia dos Milionários e Praia do Gonzaguinha, na parte insular, e Praia Porta do Sol, Praia das Vacas (também conhecida como Paranapuã) e Praia de Itaquitanduva, na parte continental. Como cheguei de ônibus e estava a pé, conheci apenas três delas (as que ficam na parte insular). A primeira foi a Praia do Itararé, que fica ao lado do Parque Municipal Roberto Mário Santini, que ocupa a plataforma do Emissário Submarino de Santos. Ela marca o início da orla de São Vicente e é uma das praias mais movimentadas da cidade e com melhor infraestrutura. Possui dois quilômetros de extensão e a faixa de areia é bem larga. Nesta praia há dois atrativos que recomendo: a Pedra da Feiticeira e o Teleférico de São Vicente.

A Pedra da Feiticeira é uma formação rochosa que fica na beira da praia. Quando a maré está baixa é possível chegar bem próximo dela. No topo da pedra há uma bonita escultura de uma feiticeira, produzida pelo artista Francisco Telles. A pedra tem esse nome por conta de uma lenda envolvendo uma misteriosa mulher. Dá um Google pra conhecer!

Calçadão da Praia do Itararé
Praia do Itararé
A lendária Pedra da Feiticeira

O Teleférico de São Vicente foi o meu local preferido, apesar de ter achado o valor do ingresso super alto. A plataforma inicial fica ali no jardim da orla e ele percorre um trajeto de setecentos metros até chegar no topo do Morro do Voturuá, a 170 metros de altitude. As paisagens do percurso são de tirar o fôlego, principalmente na descida. Fiquei tão encantada com a vista que não senti medo algum, acredita? 

Teleférico de São Vicente
A orla da Praia do Itararé é repleta de prédios
Subindo mais um pouco
A vista na descida é perfeita!!!

Depois de uns dez minutos subindo, desembarquei na plataforma final. Ali no Morro do Voturuá há um playground, uma lanchonete, uma pista de voo-livre e um mirante com vista para as orlas de Santos e São Vicente. Apesar do dia estar quente e ensolarado, havia uma espécie de névoa no céu, o que deixou a paisagem um pouco prejudicada. Particularmente, gostei mais da vista durante o percurso do teleférico do que a do mirante do Morro do Voturuá.

Vista do mirante do Morro do Voturuá
Espaço instagramável (à esquerda) e pista de voo-livre (à direita)

A Praia do Itararé termina na rua de acesso à Ilha Porchat, um dos atrativos mais tradicionais de São Vicente e que também guarda muuuitas histórias. Bem antigamente, na época em que a cidade era apenas um vilarejo, essa ilha servia como um marco geográfico e um ponto de referência para indicar a entrada da vila. Outro fator histórico de fundamental importância para a ocupação da ilha foi a construção de um cassino, já no final do século XIX e início do século XX. O cassino trouxe bastante movimento à ilha e por conta disso diversas casas de veraneio começaram a ser construídas, além de uma ponte para facilitar o acesso. Com a proibição dos jogos no Brasil, o cassino fechou e surgiram outros tipos estabelecimentos de entretenimento e lazer, como clubes, casas noturnas, bares e restaurantes. Alguns desses locais permanecem em pleno funcionamento até hoje. Ah, e as casas de veraneio deram lugar as residências fixas. 

Apesar de ser bastante povoada, a Ilha Porchat ainda possui muuuita área verde. E ali no topo fica seu principal atrativo turístico: o Memorial dos 500 anos. Este belíssimo monumento em forma de arco foi projeto por ninguém mais, ninguém menos que Oscar Niemeyer, lá na época em que se completaria os quinhentos anos da invasão do Brasil. Ali também funciona um mirante, mas não consegui visitá-lo (motivo: preguiça de subir a pé até o topo da ilha, rs). Felizmente consegui contemplá-lo ali da Praia do Itararé.

Ilha Porchat
Memorial dos 500 anos, projeto por Oscar Niemeyer

Passando a Ilha Porchat começa a Praia dos Milionários. Essa praia quase não possui infraestrutura e é cercada por prédios altíssimos, que fazem bastante sombra e deixam a praia quase sem sol em boa parte do dia. A Praia dos Milionários é relativamente pequena, possui apenas duzentos metros de extensão. A faixa de areia também é bem curta, principalmente quando a maré está alta. Meu local preferido nesta praia foi o canto esquerdo, onde há um costão rochoso com uma belíssima vista!

Letreiro perfeito para fotos
Praia dos Milionários
A vista desse costão rochoso é linda!
Detalhes que vi por lá

Após a Praia dos Milionários começa a Praia do Gonzaguinha, que tem oitocentos metros de extensão. Esta praia possui uma ótima infraestrutura e é suuuper movimentada (assim como a Itararé). Sua faixa de areia começa curtinha, mas depois vai alargando (já perto do canto direito). Nela há dois píeres para contemplação do mar e da orla: o Píer dos Apaixonados (possui uma escultura de coração perfeita para fotos) e o Píer do Pelé. Outro atrativo é o Marco Padrão, uma escultura construída em 1932 para celebrar os quatrocentos anos da fundação de São Vicente. 

No final da Praia do Gonzaguinha começa o Deck dos Pescadores (também chamado de Plataforma de Pesca e Lazer). Esse local é bastante frequentado por pescadores, mas também é uma ótima opção para caminhar contemplando o mar ou descansar em um dos banquinhos. Seguindo pela plataforma você chegará na Ponte Pênsil, o principal cartão postal da cidade. Essa ponte foi inaugurada em 1914 e é considerada a primeira ponte pênsil do Brasil. Ela dá acesso a parte continental de São Vicente, onde fica a Praia Porta do Sol, a Praia das Vacas (também conhecida como Paranapuã) e a Praia de Itaquitanduva (ouvi dizer que é linda, fica dentro do Parque Estadual Xixová-Japuí).

Praia do Gonzaguinha
Píer dos Apaixonados
Píer do Pelé
Marco Padrão
Plataforma de pesca e lazer

A partir do canto direito da Praia do Gonzaguinha é possível acessar o centro histórico de São Vicente, onde há algumas construções da época em que a cidade era apenas um vilarejo. Comecei meu passeio por essa rota histórica ali na Praça 22 de Janeiro, onde há alguns monumentos, o Espaço Multicultural e a Casa Martin Afonso (foi construída em 1895 para servir de moradia a um barão da época, atualmente abriga o Centro de Documentação e Memória de São Vicente e um pequeno sítio arqueológico). Ao lado desta praça fica outra construção histórica super importante: a Biquinha de Anchieta. Essa bica d'água foi construída em 1553 e durante muitos séculos ela foi a principal fonte de água da população de São Vicente. Também foi neste local que o Padre Jesuíta José de Anchieta "catequisava" os indígenas. 

Ainda próximo à Praça 22 de Janeiro fica a Igreja Matriz de São Vicente Mártir. Esta igreja foi construída em 1757 em cima das ruínas de uma outra igreja mais antiga, que foi destruída durante um ataque pirata. Sua arquitetura é bem típica da época colonial, com estruturas simples, poucas janelas e apenas uma torre lateral. Ah, e ela é tombada como patrimônio histórico pelo Iphan. Em frente a igreja fica o Parque Cultural Vila de São Vicente, onde há uma pequena réplica de como seria a vila de São Vicente lá no século XVI. Como visitei o local em um domingo, as casinhas estavam fechadas, mas me pareceu que dentro delas funcionam alguns estabelecimentos. Mesmo com tudo fechado, adorei este espaço! Outros locais históricos que ficam ali perto são o Mercado Municipal (foi erguido em 1729 para servir de Câmera Municipal) e a Casa do Barão (foi construída em 1925 para servir de moradia a um barão da época, atualmente abriga o Museu Histórico de São Vicente, o Instituto Histórico-Geográfico e uma biblioteca), mas não visitei nenhum dos dois.

Biquinha de Anchieta (à esquerda) e Igreja Matriz de São Vicente Mártir (à direita)
Parque Cultural Vila de São Vicente
A vila é repleta de casinhas no estilo colonial
Detalhes arquitetônicos

Gostei de São Vicente, principalmente pelo fato da cidade possuir uma boa variedade de atrativos turísticos, agradando diversos tipos de viajantes. Além das praias e da natureza (que obviamente é o mais procurado em uma cidade litorânea), São Vicente também possui muitos locais históricos e culturais. Outro detalhe que me agradou foi o fato de ser tudo pertinho. Quem gosta de caminhar conseguirá conhecer boa parte dos atrativos a pé. O teleférico foi sem sombra de dúvidas meu local preferido. Também gostei da Pedra da Feiticeira, da Biquinha de Anchieta e do Parque Cultural Vila de São Vicente. Outra coisa que me chamou bastante a atenção (mas de uma forma não tão boa) foi a balneabilidade e a falta de cuidado e limpeza das praias. Quando estive por lá, em junho/2024, as três praias que visitei (Itararé, Milionários e Gonzaguinha) não estavam próprias para banho. Também vi muito lixo boiando no mar, pichação em algumas formações rochosas e até mal cheiro em determinados trechos das praias. Isso foi muito triste! Torço para um dia voltar à São Vicente e encontrar a cidade mais bem cuidada, principalmente pelos governantes (e também pela população).


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