SANTARÉM: Meu primeiro encontro com o Rio Amazonas

Viagem realizada em agosto/2017


Santarém nunca esteve presente nos meus planos de viajante. E, sinceramente, nem fazia ideia que essa cidade existia (mil desculpas, paraenses!). Porém, depois que fui pra Belém (e me a-p-a-i-x-o-n-e-i completamente por lá), comecei a pesquisar outros lugares turísticos no Pará e encontrei Alter do Chão (clique aqui para acessar o relato dessa viagem). Gente, fiquei tão, mas tão encantada com as fotos que vi desse vilarejo que ele entrou imediatamente na minha wish list. E também descobri que Alter faz parte de Santarém e eu teria que desembarcar aí nessa cidade primeiro.

Há centenas de anos atrás, essa região (onde hoje é Santarém) era habitada apenas pelos índios Tapajós. Com o passar do tempo (e com a chegada dos portugueses), o povoado foi crescendo e se desenvolvendo tanto, que virou cidade em 1661. Hoje, ela é considerada a terceira maior cidade do estado do Pará (com mais de trezentos mil habitantes) e uma das mais antigas da região amazônica.

Santarém é banhada pelos rios Tapajós e Amazonas, e isso faz com que o acesso fluvial seja muuuito mais fácil do que o terrestre, por exemplo. A famosa travessia de barco Belém x Santarém x Manaus (que dura dias) faz os olhos de muitos viajantes brilharem, mas não foi dessa forma que cheguei lá (pelo menos não dessa vez, rs). Desembarquei no aeroporto de Santarém mesmo (que é minúsculo, rs), depois de comprar uma passagem aérea em promoção. Inicialmente, minha ideia era ficar apenas em Alter do Chão, porém, por conta das datas da promoção, eu teria seis dias livres pela região e achei que, além de conhecer Alter, poderia incluir outra cidade no roteiro. E a cidade escolhida foi (porque não?) Santarém! Dividi a viagem assim: quatro dias em Alter do Chão e dois dias em Santarém.

Me hospedei no Hotel Brisa e foi uma boa experiência. O hotel é beeem simples, mas supriu minhas necessidades. A cama era confortável, o wifi funcionou direitinho e o atendimento foi ótimo. Não gostei muito do café da manhã, porque não tinha muita variedade de alimentos, mas de uma forma geral achei que valeu a pena pelo preço que paguei. A localização é super privilegiada e o ponto forte dessa hospedagem. O prédio (que parece fazer parte da arquitetura histórica da cidade) fica bem em frente ao encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas. É só atravessar a rua e dar de cara com a orla e os rios... s2 Ah, e minha suíte também tinha ar condicionado! Isso é um item indispensável por lá, pois faz muuuito calor. Acho que Santarém foi a cidade mais quente que já visitei na vida! Quando dava umas onze horas da manhã, eu voltava para o hotel, de tão quente que ficava. E só saía de novo lá pelas três da tarde, rs.

Hotel Brisa, na orla de Santarém
Suíte em que fiquei hospedada

Achei a Orla de Santarém o melhor local da cidade! Adorei caminhar pelo calçadão e ficar observando o movimento dos barcos e dos bichinhos no rio. É muuuito gostoso e dá uma paz tão grande! Todo esse calçadão beira-rio está sendo revitalizado, mas apenas alguns trechos já estão prontos. Em frente ao hotel ficava o Terminal Fluvial Turístico. Lá funciona uma loja de artesanato, um restaurante e um guichê que vende passeios de barco pelos rios. Esse pedaço da orla é o mais movimentado, principalmente quando começa a entardecer. O pôr do sol dali é muuuito lindo e um dos momentos mais aguardados do dia. Também é aí na orla onde atracam os barcos de linha que chegam das diversas cidades da região norte do país e também os cruzeiros internacionais. Tem muito, mas muuuito barco! Parece bagunçado, mas todo mundo acaba se entendendo e encontrando seu barco, rs!

Terminal Fluvial Turístico
Aves circulam livremente pelos piers
Muitos barcos!
Entardecer

Foi ali no Terminal Fluvial Turístico que contratei o passeio de barco (de mais ou menos uma hora de duração) para ver o encontro dos rios Tapajós e Amazonas. Estava muuuito ansiosa para fazer esse passeio, pois um dos meus maiores desejos era conhecer o Rio Amazonas. Apesar de já ter ido para a região amazônica (se você não viu o post dessa viagem, clique aqui), ainda não tinha conhecido esse rio de pertinho. Como estava viajando sozinha, tive que esperar formar um grupo, pois o barco só saía com quatro passageiros, no mínimo. No primeiro dia, não deu certo... Mas no segundo, acabei fechando o passeio apenas com mais uma passageira. Pagamos um pouco mais caro do que o normal, mas como era meu último dia na cidade, ou fazia esse passeio agora, ou sabe-se lá quando teria outra oportunidade de voltar.

Os rios Tapajós e Amazonas não se misturam por causa das diferentes temperatura, velocidade e densidade de suas águas. É o mesmo fenômeno que acontece no encontro dos rios Negro e Solimões (clique aqui para ver o post desse passeio na Amazônia). O Tapajós é mais quente e límpido, enquanto o Amazonas é frio e barrento. Quando estamos navegando na confluência desses rios é bem difícil identificar onde é um e onde é o outro. Acho que se estivéssemos em um barco mais alto, talvez fosse mais fácil ver esse encontro. Aí nesse trechinho do rio, também vimos vários pescadores que exibiam sorridentes os enormes peixes que haviam acabado de pescar.

A orla de Santarém vista do rio
Pescadores no rio
O encontro das águas s2

Uma das coisas que mais me surpreendeu nesse passeio foi que, em apenas cinco ou dez minutinhos de navegação, já chegamos em uma área super diferente do centro de Santarém. A paisagem mudou completamente!!! Ao invés do concreto da cidade, vi apenas muito verde, muitas aves e diversas casas de palafitas dos ribeirinhos. Foi muito surpreendente ver essa diferença de paisagem em uma distância tão curta. O rio, nesse trecho, parece um espelho d'água. É muito lindo e, certamente, esse foi um dos momentos mais emocionantes da viagem! Ah, tava quase esquecendo de contar que vi botos nesse passeio (e também quando estava caminhando no calçadão beira-rio). Foi muuuito especial!

Casa dos ribeirinhos
Lindo demais!
Voltando pra orla de Santarém

Por toda a avenida beira-mar é possível encontrar diversos casarões históricos do século XIX. É uma pena dizer, mas boa parte dessas construções não estão conservadas e vi muita coisa caindo aos pedaços, literalmente. Sinto uma enorme tristeza quando vejo um patrimônio histórico, arquitetônico e cultural tão importante como esse abandonado. Poucos prédios foram restaurados e revitalizados.

Casarão colonial
Azulejos antiguinhos

A Catedral Nossa Senhora da Conceição, também conhecida como Igreja Matriz, é uma dessas poucas construções que estão bem conservadas. Ela foi erguida em 1761 no lugar da primeira igreja (que era de taipa) e é considerada a construção mais antiga de Santarém. Ao lado da igreja há um Museu de Arte Sacra, mas infelizmente não consegui visitá-lo. Ali na região central também há outras construções muito bem preservadas como o Theatro Municipal Victoria (do ano de 1896), a Casa da Memória (onde funciona uma biblioteca e o Instituto Histórico e Geográfico do Tapajós), o Museu de Arte Dica Frazão (conta com um belíssimo acervo de peças da artesã Dica Frazão produzidos com matérias-primas extraídas da região amazônica), entre outras.

Igreja Matriz
Theatro Municipal Victória
Casa da Memória (à esquerda) e outro casarão histórico (à direita)

O Centro Cultural João Fona também faz parte dos atrativos turísticos do centro histórico e fica na Praça Barão de Santarém. O prédio foi construído em 1867 e é considerado o segundo mais antigo da cidade. Sua arquitetura colonial é muito bonita e aí já foi de tudo um pouco: Fórum de Justiça, Prefeitura, Câmara Municipal e até Prisão Pública! Hoje, a construção abriga um centro cultural onde estão expostos mobiliários da época, fotos e documentos históricos, obras de artistas locais e muuuitos outros objetos que contam um pouquinho da cultura e da história de Santarém. Minha parte preferida foi uma sala onde havia fragmentos de cerâmicas produzidas pelos índios Tapajós. É muito interessante poder ver pessoalmente e de pertinho um pedaço tão importante da história do nosso país.

Centro Cultural João Fona
Fragmento de cerâmicas arqueológicas
O prédio tem uma arquitetura muito bonita
Iguana em uma das árvores da Praça Barão de Santarém

Gostei muito de conhecer Santarém! Meu lugar preferido foi o calçadão beira-rio. Amei caminhar por lá! Ah, e também o passeio de barco. Meu primeiro encontro com o Rio Amazonas foi inesquecível e ficará para sempre no coração! Não consegui visitar todos os pontos turísticos e faltaram diversos locais, como o Mercadão, o Bosque Vera Paz, a Praça Mirante do Tapajós... Mas de uma forma geral, gostei muito do que vi na cidade, exceto o mau estado de boa parte das construções históricas do centro. Torço para que um dia eu volte à cidade e encontre esses patrimônios em melhores condições.


GOSTOU DE SANTARÉM?
Não deixe de conhecer Alter do Chão e suas belíssimas praias! 

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