CAXIAS DO SUL: O coração da Serra Gaúcha é aqui!

Viagem realizada em fevereiro/2018


Caxias do Sul é a segunda maior cidade do Rio Grande do Sul e fica lá na região serrana do estado, pertinho de Gramado e Bento Gonçalves. Ela não fica tão longe de Porto Alegre, são apenas 120 quilômetros de distância. Apesar de ser super desenvolvida e urbanizada, Caxias não perdeu boa parte das raízes culturais deixadas pelos colonizadores italianos, que chegaram na região por volta de 1875. O cultivo da uva, as construções em pedra e madeira, as manifestações artísticas, a gastronomia, a hospitalidade e o jeito de viver dos caxienses ainda guarda muitas referências desses primeiros colonizadores.

Passei três dias por lá durante uma de minhas viagens à Serra Gaúcha. Fiquei hospedada no City Hotel e foi uma experiência ok (é o tipo de hospedagem econômica, apenas para dormir). A estrutura do hotel é super antiga, assim como todo o mobiliário, mas a localização é ótima. Ele fica bem no centro de Caxias, perto de comércios e com várias opções de transporte público (caso esteja a pé). O café da manhã era bom, mas encontrei algumas louças e talheres mal lavados e foi bem desagradável. Os lençóis e toalhas também tinham uma aparência ruim e não eram branquinhos. O atendimento foi ótimo e o sinal de wifi funcionou direitinho, mas não sei se voltaria a me hospedar lá.

City Hotel
Vista do centro de Caxias do Sul

Bom, como comentei no início do post, Caxias foi colonizada por imigrantes vindos da região de Vêneto, na Itália, em busca de uma vida melhor aqui no Brasil. Pelo que entendi, eles foram meio que "enganados" pelo governo italiano, que prometeu mundos e fundos antes da viagem para cá. Quando eles desembarcaram no Rio Grande do Sul, tiveram que se virar nos trinta para conseguirem sobreviver. É uma história um pouco triste, que mistura sonhos, coragem e muito trabalho. Lá nos Pavilhões da Festa da Uva há uma Réplica de Caxias do Sul de 1885, onde é possível ver e compreender um pouquinho como eram as primeiras moradias desses imigrantes. Essa vila é composta por vinte casas de madeira, incluindo uma igrejinha (a Capela Santa Teresa) e um coreto. Gostei muito de conhecer esse lugar! É uma verdadeira volta ao passado.

Ali ao lado da vila fica a Cidade de Rolhas. Estava super curiosa para conhecer esse local, mas infelizmente dei com a cara na porta, pois estava fechado para manutenção. Ouvi falar super bem dali. Dizem que há uma mini vila construída com mais de 46 mil rolhas! Deve ser muito bonitinho e criativo. O Centro de Atenção ao Turista também fica por ali e fui muuuito bem recebida pela atendente. Aliás, Caxias do Sul está de parabéns no quesito hospitalidade. Fui muito bem recepcionada e recebi várias dicas do que fazer pela cidade.

Como o próprio nome diz, é aí nesses pavilhões que acontece a tradicional Festa da Uva. Esse evento, que contagia e mobiliza toda a cidade, acontece a cada dois anos e é uma das festas mais populares do país. Ela tem como principal objetivo valorizar a cultura italiana e a produção agroindustrial da região. Durante a festa, os quarenta mil metros quadrados dos pavilhões são ocupados por mais de quatrocentos expositores, dos mais diferentes segmentos. Também há apresentações de danças típicas, shows e muuuita uva, claro!

Casinhas de madeira fielmente reconstruídas, como em 1885
Tem até uma igrejinha!
Outros atrativos dos Pavilhões da Festa da Uva

O Museu Ambiência Casa de Pedra também é outro excelente lugar para conhecer um pouco mais da história da cidade. Essa casa foi toda construída em pedra, no final do século XIX, pelo italiano Giuseppe Lucchese. Ela é bem diferente das outras casinhas que vi anteriormente nos Pavilhões da Festa da Uva (que eram de madeira). A visita ao interior da casa é feita com a presença de um monitor, que vai mostrando diversos objetos da época, contando um pouco sobre como ocorreu a colonização e dando detalhes do cotidiano desses imigrantes. Essa visita guiada foi gratuita e muito rica de informações. Adorei conhecer cada cantinho e detalhe da casa.

Museu Ambiência Casa de Pedra
Uma típica cozinha italiana
Mais alguns detalhes do museu

A Igreja de São Pelegrino, tombada como patrimônio cultural do estado, é mais um dos pontos turísticos da região central. Ela foi finalizada em 1953 e em seu interior há muuuitas pinturas belíssimas do artista Aldo Locatelli. As portas também tão lindas e foram produzidas em bronze. Outra igreja bastante importante é a Catedral Santa Teresa, que fica na Praça Dante Alighieri. Essa igreja teve sua arquitetura inspirada na Basílica de Santo Antônio de Bolonha, na Itália. Sua construção foi finalizada em 1899. Nessa praça também estão localizados diversos outros prédios históricos.

Igreja de São Pelegrino
Praça Dante Alighieri

Um desses prédios que ficam próximos à Praça Dante Alighieri é o Museu Municipal. Esse casarão foi construído no final da década de 1880 para ser a moradia da família Morandi-Otolini. Posteriormente, virou delegacia, escola, prefeitura e, finalmente, um museu. Suas seis salas abrigam um acervo composto por mais de doze mil peças. Uma das coisas que achei mais interessante foi reparar na evolução do trabalho dos imigrantes. Tem desde as primeiras ferramentas utilizadas no trabalho de plantação e colheira (super rústicas e precárias), até equipamentos um pouco mais modernos usados nas profissões atuais, como farmacêutico, fotógrafo e barbeiro, por exemplo. Também há objetos relacionados ao cotidiano familiar e do lar. Fiz a visita guiada (que também foi gratuita) e gostei bastante!

Museu Municipal
Acervo de uma das salas
A evolução das profissões dos imigrantes

O Monumento Nacional ao Imigrante não fica tão próximo ao centro, mas a visita vale a pena se você quiser ouvir mais histórias sobre a imigração. Ele foi inaugurado em 1954 para homenagear todos os imigrantes que vieram para o Brasil e contribuíram para o desenvolvimento e evolução do país. A escultura localizada na frente do obelisco foi produzida em bronze pelo artista Antonio Caringi e mostra um casal de imigrantes mirando o horizonte. Essa escultura mede cinco metros de altura e pesa quase três toneladas. Dentro do monumento há uma sala expositória com dezenas de objetos da época da imigração. Também há fotos sobre a construção do monumento e algumas esculturas lindíssimas produzidas em arame (que homenageiam as mulheres imigrantes). A visita a este ponto turístico também foi guiada por um monitor e gratuita.

Monumento Nacional do Imigrante
Sala expositória dentro do monumento
O acervo é composto por objetos da época da imigração

Todos esses locais que visitei ficavam na parte urbana de Caxias do Sul, no roteiro turístico chamado La Cittá. A cidade tem mais seis regiões para serem desbravadas pelos turistas: Vale Trentino, Criúva, Estrada do Imigrante, Caminhos da Colônia, Caminhos do Interior e Ana Rech. Como eu dependia de transporte público para me locomover, não consegui fazer esses outros roteiros, mas eles parecem incríveis!

Do Ana Rech conheci apenas o Château Lacave e amei! Esse castelo foi idealizado pelo uruguaio Juan Carrau e começou a ser construído em 1968, inspirado em um mosteiro medieval espanhol. O castelo funcionou como vinícola até 2012. Atualmente, os salões são locados para eventos e no andar superior há um restaurante. Fiz uma visita guiada super legal onde a monitora me acompanhou em algumas salas da parte interna do castelo. Achei muito interessante visitar os locais onde os vinhos eram armazenados e conhecer um pouquinho do processo de fabricação. É cobrada uma taxa para fazer a visitação guiada na área interna. Porém se você quiser apenas conhecer e fotografar o lado de fora do castelo, a entrada é gratuita.

Castelo Lacave
Detalhes da arquitetura do castelo
Há muitas armaduras espalhadas na área interna do castelo
Medo!!!
A visita guiada termina em uma lojinha

Gostei muito de Caxias do Sul e não imaginei que houvessem tantos atrativos turísticos por lá. É difícil dizer os locais que mais gostei, mas acho que foram a Réplica de Caxias do Sul de 1885, a Casa de Pedra e o Château Lacave. A hospitalidade também foi algo que me chamou a atenção logo de cara. Acho que Caxias foi uma das cidades brasileiras onde fui mais bem recebida! O carinho e orgulho dos caxienses pela sua história e cultura também me impressionou. Todas as pessoas que conversei sabiam na ponta da língua a história da região e achei isso muuuito legal! Queria muito ter visitado o interior da cidade, mas infelizmente não rolou. Quem sabe em uma próxima visita!


GOSTOU DE CAXIAS DO SUL?
Não deixe de conhecer Bento Gonçalves e Farroupilha. Ficam ali ao lado!

ACESSE TAMBÉM:
www.guiadecaxiasdosul.com

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