BELÉM: Como não se surpreender e amá-la?

Última viagem realizada em dezembro/2022


Belém foi uma surpresa na minha vida! A primeira vez que estive por lá foi em uma viagem super improvisada! Decidi ir assim, de uma hora para outra, sem nada programado. Não era férias, não era feriado, não era nada. rs Vi uma promoção de passagem aérea i-m-p-e-r-d-í-v-e-l e nem pensei duas vezes! Lá fui eu conhecer minha primeira cidade da região norte do Brasil. E tudo em apenas um final de semana. Sim! Parece loucura, mas fiz um bate e volta para Belém. E foi ótimo! E tão intenso, tão cheio de novidades, que parece que fiquei mais tempo. É sério! Daí em adiante eu não parei mais de ir! Belém virou um caso de amor. s2

Costumo me hospedar na região central, ali no entorno da Praça da República. Acho essa localização excelente pois tem fácil acesso para os principais pontos turísticos de Belém, tanto a pé como de transporte público (há dezenas de linhas de ônibus que passam por ali, atendendo praticamente todos os cantos da cidade). Por duas vezes me hospedei na Residência B&B, em 2015 e em 2017. Na primeira vez, o atendimento foi ótimo! As meninas da recepção fizeram de tudo para nos sentirmos em casa. Super simpáticas e atenciosas! Já na segunda, achei que a qualidade caiu bastante (principalmente o café da manhã). As instalações são muuuito simples e sem conforto nenhum. Acho que não me hospedaria lá novamente.

Em 2022 fiquei no Hotel Grão Pará, que também está localizado ali no entorno da Praça da República (praticamente em frente ao Theatro da Paz, um dos principais cartões postais de Belém). Gostei do hotel, mas achei o valor da diária um pouco alto pelo que ele oferece. A suíte e o banheiro eram espaçosos, a cama e os travesseiros bem confortáveis e o café da manhã era simples, mas gostoso. O que mais me desagradou foi a vista do quarto, pois a janela era voltada para uma parte interna do hotel (com janelas de outras suítes também). Não havia privacidade nenhuma e quase nada de iluminação natural. Acredito que as suítes voltadas para a área externa tenham uma vista muito mais privilegiada e interessante.

Minha suíte no Hotel Grão Pará

Como comentei, o Theatro da Paz fica na Praça da República. É impossível passar por ali e não reparar na sua imponente arquitetura. Ele é muito lindo por dentro e por fora! E enooorme, podendo acomodar até novecentas pessoas. Ah, e também é um dos mais luxuosos do Brasil. Super recomendo a visita guiada! Ela durou mais ou menos uma hora e pude conhecer o hall de entrada, o salão nobre e o salão de espetáculos (a parte mais linda). A acústica desse salão impressiona, sem falar nos lustres de cristal, nas várias obras de arte, afrescos e elementos revestidos em ouro. Muito chique! O guia também contou um pouquinho da história do teatro. Achei muito interessante! O Theatro da Paz simbolizou um marco do auge do Ciclo da Borracha. Durante esse período, Belém teve um grande crescimento econômico e a sociedade da época ansiava pela construção de um teatro. Eles queriam um local onde pudessem assistir a espetáculos líricos (coisa fina, né? rs). O governante daquele período atendeu aos pedidos e providenciou a construção, inspirando-se no Teatro Scalla de Milão, localizado na Itália. Essa construção foi algo muuuito grandioso para a época e até hoje impressiona!

O imponente Theatro da Paz
Interior do teatro
Detalhes da escadaria

Ali pertinho da Praça da República também fica o Mercado Ver-o-Peso, o principal cartão postal de Belém. O Ver-o-Peso é considerado a maior feira livre da América Latina e fica às margens do Rio Guajará, em uma das áreas mais antigas da cidade. Lá vende de tudo! Tem a seção de roupas, calçados, artesanato, culinária regional, temperos, frutas exóticas, sucos, ervas medicinais, peixes... São centenas de barraquinhas! Mas não pense que é tudo bagunçado. Pelo contrário, rola uma super organização: tudo é separado por seções. Com certeza o Ver-o-Peso é o ambiente perfeito para mergulhar na diversidade cultural e gastronômica do Pará. Nunca vi tantas frutas diferentes juntas! É muito legal!

O Mercado Ver-o-Peso às margens do Rio Guajará
Castanha-do-pará

Ao lado do Ver-o-Peso fica o Mercado Municipal de Carnes Francisco Bolonha, que faz parte do mesmo complexo. A arquitetura é linda! Toda feita com estruturas de ferro. Muito bonita mesmo! No centro do mercado há uma escada caracol maravilhosa! E lá em cima tem um pequeno mirante que dá para ver todo o mercado. Mesmo que você não vá comprar nenhuma carne, é interessante dar uma passadinha por lá.

Escada caracol (à esquerda) e vista do mirante (à direita)

Estação das Docas também faz parte do complexo Ver-o-Peso. Esse outro cartão postal de Belém ocupa três armazéns de ferro que pertenciam ao antigo porto fluvial da cidade. Lá dentro há restaurantes, bares, lojinhas e um espaço para lazer e eventos. É um local muuuito agradável e charmoso! É uma delícia sentar nas mesinhas e ficar olhando o movimento dos barcos e lanchas pelo rio. Esses armazéns são do século XIX e os guindastes que ficam na parte externa vieram dos Estados Unidos no século XX. Também é aí na Estação das Docas que tem o famoso quiosque Cairu. Esses sorvetes são deliciosos e há uma infinidade de sabores regionais para você escolher. Tem de castanha-do-pará (claro! rs), açaí, cupuaçu, taperebá, tapioca, bacaba, muruci e muitos outros! Outra coisa que achei super legal na Estação das Docas foram os palcos suspensos que tem dentro dos armazéns. Nunca tinha visto um igual! E o pôr do sol lá é muito lindo! s2

Guindastes na área externa da Estação das Docas
A Estação das Docas é um espaço muuuito charmoso
Os armazéns do antigo porto de Belém deram origem à Estação das Docas
Pôr do sol no Rio Guajará

É aí da Estação das Docas que sai o passeio do barco Tribo dos Kayapós. O ticket pode ser comprado pelo site da agência Valeverde Turismo ou pessoalmente. Dependendo da época do ano, recomendo comprar com antecedência, pois pode acontecer das vagas esgotarem (caso você tente comprar na hora). Fiz esse passeio ao entardecer e foi bem legal ver Belém por um outro ângulo (e também acompanhar o pôr do sol no rio, s2). O barco navegou durante 1h30 por uma parte da orla dos rios Guajará e Guamá. Passamos pelo Ver-o-Rio, Estação das Docas, Ver-o-Peso, Forte do Presépio, centro histórico, Mangal das Garças, Portal da Amazônia e bairro Condor. Durante o passeio, houveram algumas apresentações de carimbó (super legal e bonito) e música ao vivo. Também havia um espécie de bar que vendia bebidas e comidas típicas da região. Gostei do passeio, mas ele é bem turistão. Se você não gosta de música alta, bagunça e muita gente, daí eu não recomendo.

Barco Tribo dos Kayapós (à esquerda) e Estação das Docas (à direita)
Ver-o-Peso e Catedral Metropolitana (ao fundo)
Mangal das Garças
Centro histórico de Belém (à esquerda) e o entardecer no barco (à direita)

Ali próximo ao Ver-o-Peso fica o Complexo Feliz Lusitânia, um conjunto de construções históricas, erguidas a partir do século XVII, que deram início à cidade de Belém. Esse bairro é chamado de Cidade Velha por conta disso. Entre as principais construções estão o Forte do Presépio, a Catedral Metropolitana, a Igreja Santo Alexandre e a Casa das Onze Janelas. Todos esses espaços ficam ao redor da Praça Dom Frei Caetano Brandão e cobram uma pequena taxa de visitação (exceto a Catedral Metropolitana).

O Forte do Presépio (também conhecido como Forte do Castelo) é um marco da colonização do Pará. Ele tem uma importância tão grande para Belém que foi tombado como patrimônio histórico e artístico nacional. Localizado às margens do Rio Guajará, o forte tem uma vista belíssima de toda a baía, inclusive uma visão privilegiada do Mercado Ver-o-Peso. É muito lindo! Em uma das salas da parte interna do forte funciona o Museu do Encontro. Gostei bastante da ambientação desse espaço e dos objetos expostos. A maior parte do acervo é composta por objetos arqueológicos dos primeiros habitantes belenenses, além de cerâmicas marajoaras e tapajônicas.

Entrada do Forte do Presépio
Canhões super antigos e vista para a baía de Guajará
Olha a altura dessas paredes!
Museu do Encontro

Ao lado do forte há mais três construções muito importantes, tanto do ponto de vista histórico, como cultural e arquitetônico (e que também são tombadas como patrimônio nacional). A Catedral Metropolitana de Belém é um dos símbolos mais importantes da fé do povo paraense. Essa igreja recebe milhares de fiéis durante o Círio de Nazaré, pois é daí que parte essa procissão que é uma das maiores e mais belas do Brasil e do mundo! A catedral foi construída no século XVIII, tendo como base um projeto de um arquiteto italiano. Ela é altíssima e tem vários aspectos barrocos em seu exterior. Já na parte interna, predominam os elementos do estilo neoclássico. 

Catedral Metropolitana de Belém
Detalhes do interior da catedral

Na mesma praça também ficam a Igreja Santo Alexandre e o Antigo Colégio dos Jesuítas. Essa igreja e colégio foram construídos no século XVII e XVIII a pedido dos jesuítas na época em que o Brasil era colônia de Portugal. Sua arquitetura é predominantemente barroca. Desde 1998, o espaço sedia o Museu de Arte Sacra do Pará, abrigando cerca de quatrocentas peças em seu acervo. Além do museu e da igreja, também há um salão para exposições temporárias (quando estive por lá estava rolando uma exposição sobre a Marujada, muito legal!), um pequeno café (que também vende artesanatos produzidos na região) e um pátio externo (onde é possível observar detalhes da arquitetura). Gostei muuuito de conhecer esse local!

Igreja e Colégio Santo Alexandre
Interior da Igreja Santo Alexandre
Um dos corredores do Museu de Arte Sacra
Detalhe do acervo do museu (à esquerda) e salão para exposições temporárias (à direita)

A Casa das Onze Janelas é mais uma construção que faz parte do Complexo Feliz Lusitânia. Esse casarão foi erguido no século XVIII para servir de residência de um senhor de engenho e, posteriormente, foi adaptado para um hospital militar. Em 2002, transformou-se em um espaço cultural, sediando exposições de arte moderna e contemporânea e também exposições temporárias. Ah, o famoso restaurante Casa do Saulo também fica ali dentro. Achei a arquitetura do casarão muito bonita e nos fundos há um jardim com uma vista linda para o Rio Guajará!

Casa das Onze Janelas
Uma das salas do espaço cultural

Ali pertinho da Igreja Santo Alexandre fica outro museu que super merece a visita, o Museu do Círio. Como comentei anteriormente, é aí em Belém que acontece anualmente (desde 1793) a maior manifestação religiosa do estado do Pará (e uma das maiores do Brasil e do mundo): o Círio de Nazaré. O Círio é uma celebração que reúne mais de dois milhões de fiéis e é tão, mas tão importante, que foi até tombada como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Iphan. O museu ocupa apenas duas salas, mas seu acervo (com mais de duas mil peças) é riquíssimo! Gostei MUITO de conhecer esse local e super recomendo a visita.

Entrada do Museu do Círio (à esquerda) e um pouquinho do acervo (à direita)
Uma das salas do Museu do Círio

Além de conhecer as construções do Complexo Feliz Lusitânia, também caminhei por outras ruas da Cidade Velha. Há vários casarões em estilo português, ainda da época colonial, revestidos com aqueles típicos azulejos coloridos (muito lindos!). Porém a maior parte deles está literalmente caindo aos pedaços. É muito triste ver um patrimônio histórico tão rico se perdendo desse jeito. São pouquíssimas construções que estão restauradas e bem cuidadas.

Achei esse casarão lindo, mas precisa de uma restauração urgente!
Uma pequena parte da Cidade Velha que foi restaurada

Outra igreja muito bonita que visitei, mas que não fica na Cidade Velha, foi a Basílica de Nazaré. Assim como a Catedral Metropolitana, essa construção também é um dos maiores símbolos da fé dos paraenses. O Círio de Nazaré, que começa na Cidade Velha, termina em frente a essa basílica. Ela foi construída no início do século XX e tem vários elementos em estilo neoclássico em sua fachada. É muito bonita!

Basílica Nossa Senhora de Nazaré
A basílica é um dos maiores símbolos da fé do povo paraense

Gostei muito da parte histórica, arquitetônica e cultural de Belém, mas confesso que o que fez com que me apaixonasse por essa cidade foi a fauna e a flora da região (que são típicas da Amazônia). Visitei três parque que amei: o Museu Paraense Emílio Goeldi, o Bosque Rodrigo Alves e o Mangal das Garças. Os três são enormes áreas verdes dentro da cidade.

O Museu Paraense Emílio Goeldi fica dentro de uma espécie de Jardim Botânico Amazônico. Trata-se de um espaço para exposições temporárias muito interessante (quando fui havia uma sobre uma tribo indígena). Mas o que mais gostei foi da área externa do museu. Além de muitas plantas, árvores e flores da região, há vários bichinhos soltos pelo parque. Também há algumas áreas onde alguns animais ficam expostos (tipo um zoológico). Vi cotias, tartarugas, macaquinhos, vários tipos de aves, jacarés e muitos outros. Nesse parque também há um lago com vitórias-régias. Elas são lindas!!! Eu nunca tinha visto uma vitória-régia. São enooormes! Fiquei muito surpresa! Simplesmente amei esse lugar e não queria mais ir embora! rs

O parque é repleto de caminhos dentro da mata com vegetação típica da Amzônia
Seringueira
Um jardim de vitória-régia (à esquerda) e uma cotia (à direita)
Exposição dentro do museu

O Bosque Rodrigo Alves também é outra enorme área verde perfeita para se ter contato com a fauna e flora da região amazônica. Por ali é possível observar dezenas de espécies de aves e animais, como araras, guarás, cotias, tartarugas, macacos... Além dos bichinhos, as trilhas no meio da mata também nos levam à belíssimas praças, fonte d´água, lago, coreto e até ruínas! Sim, existem ruínas por lá e elas são perfeitas para fotos. Bom, nem preciso comentar que AMEI conhecer esse parque também, né? Super recomendo a visita!

Portal de entrada do bosque (à esquerda) e fonte d´água (à direita)
Lago no meio da mata
Guará vermelho (à esquerda) e um pato (à direita)
As ruínas são lindas e perfeita para fotos!

Outro parque que amei foi o Mangal das Garças! Ele está localizado às margens do Rio Guamá e possui mais de quarenta mil metros quadrados de fauna e flora típicas do Pará. É um local muito bem cuidado e com um incrível paisagismo. Logo na entrada já fui surpreendida por iguanas, que andam soltas pelo parque. Elas são lindas e eu não conseguia parar de fotografá-las (pra variar... rs)! Por ali também há um lago muito bonito onde ficam vários tipos de aves, como garças, flamingos, guarás, tuiuiú, patos, entre outros bichinhos. Todos convivem pacificamente e achei isso muito legal. As garças dão um show! Ficam voando pra lá e pra cá o tempo todo. É encantador! Um dos principais objetivos do Mangal é mostrar um pouquinho de cada tipo de fauna e flora existentes no Pará: as matas de terra firme, as de várzea e as de campos.

Entrada do Mangal das Garças
As iguanas ficam soltas pelo parque
Lago cheio de flamingos
Guarás (à esquerda) e arara azul (à direita)
É um tuiuiú de verdade! s2

Lá no Mangal também há alguns espaços especiais como o Borboletário José Márcio Ayres (é bem legal, tem muitas, muitas espécies de borboletas), o Farol de Belém (quando fui estava fechado para manutenção, uma pena...), o Viveiro (com vários tipos de aves) e o Memorial Amazônico da Navegação (é um museu com vários tipos de barcos, o meio de transporte principal da Amazônia). O acesso a esses espaços são pagos.

Borboleta olho de coruja
Papagaio (à esquerda) e borboleta (à direita)
Moradoras do viveiro

Como o Mangal fica às margens do Rio Guamá, há um mirante com uma vista lindíssima para esse rio. Também dá para ver uma parte do centro histórico de Belém. É um lugar muito bonito mesmo, que transmite muita paz! O acesso é feito por uma passarela de madeira super rústica, que dá um clima todo especial ao lugar, deixando-o completamente integrado à natureza. Ao lado desse mirante, há um restaurante muito bonito também: o Manjar das Garças, mas não cheguei a almoçar por lá. Outro espaço interessante é o Armazém do Tempo. Ele fica logo na entrada do parque e funciona como uma lojinha, onde é possível comprar muitos objetos artesanais produzidos pelas várias tribos indígenas da região.

Mirante com vista para o rio Guamá
Restaurante Manjar das Garças

O Complexo Ver-o-Rio foi outro local que conheci em Belém. Ele não fica tão perto dos pontos turísticos centrais, mas foi fácil chegar de transporte público. Essa espécie de praça fica às margens do Rio Guajará, então certamente a vista bonita está garantida! Por ali também há lago com pedalinhos, palco para apresentações, playground e muitas barraquinhas de comida típica (que costumam funcionar ao entardecer).

Bichinhos no Ver-o-Rio
Passarelas com vista para o rio e o lago

Eu amo Belém!!! Sou completamente apaixonada pelas frutas exóticas, a simpatia e a simplicidade dos moradores, o clima, os rios que me transmitiram tanta paz e, principalmente, a fauna e a flora tão diferentes que sempre vejo por lá. É um bichinho mais fofo que outro! Queria levar todos para casa! Não vejo a hora de voltar! s2


GOSTOU DE BELÉM?
Aproveite que está por lá e conheça a Ilha do Marajó, a Ilha do Mosqueiro ou a Ilha de Cotijuba!

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