MACAPÁ: Meu segundo encontro com o Rio Amazonas

Viagem realizada em novembro/2018
 

Pouco se ouve falar em turismo no Amapá. Boa parte das pessoas que conheço fez cara de interrogação quando disse que passaria um feriado de três dias por lá. Infelizmente esse estado quase nunca (ou seria nunca mesmo?) é lembrado quando o assunto é turismo brasileiro. E é uma pena. O Brasil é tão grande, tem tantos lugares lindos... mas boa parte dele é subaproveitado. Por conta disso, foi um pouco difícil organizar a viagem. Começando pela compra da passagem aérea (que é um absurdo de cara) e depois para montar um roteiro. Encontrei poucas informações no Google e raríssimos relatos de pessoas que já viajaram para lá.

Acabei optando me hospedar apenas em Macapá, a capital do estado. Como fiquei três dias na cidade, escolhi um hotel "aparentemente" mais bem estruturado, o Royal Hotel & Gastronomia. Ele estava com uma ótima avaliação no Booking.com, mas sinceramente não gostei tanto assim. Achei as acomodações muito simples em relação ao preço (que não foi nada barato para o meu estilo viajante econômica). A suíte era espaçosa, mas decorada de uma forma muito fria (nada aconchegante). E tive o azar de ter como vizinho um casal MUITO barulhento. Não dormi direito em nenhuma noite. O hotel tinha piscina, mas não usei. Ela era linda, mas não havia espaço ao redor (e nem privacidade) para tomar sol (ficava ao lado do corredor de entrada do hotel). O café da manhã foi bom, assim como o atendimento e a localização (tem shopping e comércio bem pertinho), mas não me hospedaria lá novamente. Não foi uma boa experiência.

Royal Hotel & Gastronomia
Minha suíte
Piscina

O primeiro local que tentei visitar foi a Fortaleza de São José de Macapá, um dos principais cartões postais da cidade. A fortaleza é um dos monumentos mais antigos do estado e o único tombado como patrimônio histórico e artístico pelo Iphan. Foi construída em 1764 (para proteger a Amazônia de possíveis ataques) e demorou dezoito anos para ficar pronta. Ela fica na região central, razoavelmente perto do hotel (caminhei por uns quinze minutos), mas quando cheguei lá dei com a cara na porta: estava fechada (não sei por qual motivo). Tive que me contentar em conhecê-la apenas pelo lado de fora, já que os paredões de quase quinze metros de altura não me deixaram ver nadinha do que existia lá dentro. rs

Fortaleza de São José de Macapá
Pena que estava fechada...
Área externa da fortaleza

Do lado direito da fortaleza há o Parque do Forte, outro ponto turístico. Sua localização é privilegiada: fica às margens do Rio Amazonas e tem uma vista incrível! Achei esse parque muito bonito e tive a impressão de que ele foi revitalizado recentemente, pois tudo parecia novo. Além de playground, banquinhos, árvores e flores (e a vista do rio, claro!), há uma pista para caminhada super agradável que contorna a orla do rio. Não sei se foi por causa do feriado, mas o parque estava bem vazio e fiquei com receio de caminhar por lá sozinha.

Já do lado esquerdo da fortaleza, há uma espécie de centro gastronômico, com vários restaurantes típicos, bares e quiosques (tudo com vista para o rio). Almocei em um deles e achei a comida ok. Ali pertinho fica o Trapiche Eliezer Levy. Esse trapiche avança a mais de quatrocentos metros sobre o rio e "deve" ter uma vista incrível. Escrevo "deve" porque infelizmente não consegui visitá-lo. Mais um local que estava fechado.

Parque do Forte
Orla do Rio Amazonas
Trapiche Eliezer Levy

Dali da orla do rio, caminhei para o centrinho de Macapá, onde há mais alguns atrativos. Em torno da Praça Veiga Cabral ficam a Igreja de São José de Macapá (é a igreja mais antiga do estado, foi construída em 1761, é tombada como patrimônio histórico e estava fechada), o Teatro das Bacabeiras e o Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva (também estava fechado).

Praça Veiga Cabral (à esquerda) e Igreja de São José de Macapá (à direita)
Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva

A Praça Floriano Peixoto, uma das mais tradicionais da cidade, fica ali próxima da região central e foi outro local que conheci. Achei o espaço bem agradável e bastante arborizado. Além das calçadas para caminhada, há um lago com pedalinhos, pista de skate, playground e aquela plaquinha típica "s2 Macapá" (perfeita para tirar fotos).

s2 Macapá
Praça Floriano Peixoto
Muito florida e arborizada!

O Museu Sacaca foi meu lugar preferido! Ele fica perto do centro e fui a pé do hotel onde estava hospedada (acho que deu uns quinze/vinte minutos caminhando). Esse museu a céu aberto mais parece uma floresta urbana, de tão enorme e cheio de árvores. São vinte mil metros quadrados de ar puro e muito verde. Uma delícia de lugar! Me apaixonei assim que pisei nos primeiros decks de madeira das passarelas que beiram o pequeno riacho que existe ali.

Museu Sacaca
Muito contato com a natureza!
Nem toda árvore pode ser abraçada, né? rs

Ali no Museu Sacaca é possível conhecer um pouco da cultura e do modo de vida dos povos da região amazônica. Alguns dos locais que mais achei interessante foram as réplicas Casa de Ribeirinhos, Casa do Castanheiro, Casa Wajãpi e Casa Palikur. Entrar nessas casas e conhecer um pouquinho do dia a dia dos moradores foi muito enriquecedor. Além delas, há muitos outros ambientes espalhados pelo museu, como o Sítio Arqueológico, a Casa da Farinha, a Praça das Etnias (tem uma escultura linda ali), o Barco Regatão... Fiquei umas duas horas passeando por lá e foi beeem legal. Super recomendo! Ah, e a entrada é gratuita. Mais um motivo pra ir! rs

Casa dos Ribeirinhos
Casa Palikur
Área interna da Casa Palikur
Praça das Etnias (à esquerda) e detalhe de um artesanato feito com pneu (à direita)

Outro lugar que adorei conhecer foi o Marco Zero do Equador. Pra quem não sabe, Macapá é a única capital brasileira cortada pela linha imaginária do Equador. Ali no marco zero é possível estar ao mesmo tempo nos dois hemisférios (e no meio do mundo). Super divertido! Um obelisco de trinta metros de altura marca essa divisão. E também há uma linha no chão, identificando onde é o norte e o sul. Esse atrativo não fica perto do centro e tive que pegar um ônibus para chegar até lá, mas foi bem tranquilo. Como era feriado, o local estava super vazio, o que me deixou um pouco receosa. Por conta disso a visita foi bem rápida, mas recomendo mesmo assim.

Marco Zero do Equador

Minha viagem à Macapá terminou de uma forma bem linda: sobrevoando o Rio Amazonas. Felizmente, já tive o prazer de ver esse famoso rio duas vezes: em Santarém/PA (clique aqui para ler o post dessa viagem), e agora em Macapá. Mas foi a primeira vez que o sobrevoei e pude ter uma noção melhor de sua grandiosidade. Passei minha infância inteira ouvindo falar sobre a importância do Amazonas e sempre tive o sonho de conhecê-lo. Talvez por isso nosso encontro seja sempre tão emocionante. Haja coração! s2

Rio Amazonas, nosso encontro é sempre lindo!

Gostei de conhecer Macapá, mas acho que a cidade poderia melhorar em alguns aspectos. Vi muita sujeira nas ruas e uma má infraestrutura urbana. Quase não existia calçada para os pedestres caminharem e, quando havia, estava em péssimas condições. Mas o que mais me chateou foram os pontos turísticos fechados em pleno final de semana, período em que turistas visitam a cidade. Por conta disso, fui embora sem conhecer vários locais super importantes. O Macapá tem lugares lindos (amei o Museu Sacaca) e uma localização privilegiada (do ladinho do Rio Amazonas), pena que é subaproveitado, assim como boa parte do Brasil. Moradores e turistas mereciam uma melhoria urbana, né? E os atrativos turísticos poderiam abrir aos finais de semana. Só acho. :(


MINHA AVALIAÇÃO:


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