GOIÂNIA: A capital verde de Goiás

Viagem realizada em fevereiro/2018


Goiânia nunca esteve presente na minha wish list e nem imaginava que um dia fosse dar uma turistada por lá. Quando pensava em viajar para o estado de Goiás, desejava conhecer PirenópolisCaldas NovasCidade de Goiás... e não Goiânia. Pelo que pude perceber, essa capital não está inserida nas principais rotas turísticas do Brasil e geralmente é um destino apenas de passagem (para quem está viajando pela região) ou de negócios. Acho que nunca ouvi alguém dizer que ia passar as férias ou um final de semana por lá. Isso é um pouco triste, pois acho que todos os brasileiros deveriam viajar mais pelo Brasil, para conhecer seu próprio país. Mesmo que seja para uma cidade pouco turística.

A ideia de viajar para Goiânia surgiu quando vi uma promoção de passagem aérea. Pensei em passar uns três dias por lá (e incluir um bate-volta à Cidade de Goiás) e depois mais quatro dias em Caldas Novas. Como me locomoveria entre as cidades de ônibus, preferi me hospedar perto da rodoviária, para facilitar a logística. Escolhi o Hotel Cerrado, mas não gostei. Apesar de ficar em uma rua meio "estranha", a localização dele era boa. Dava uns cinco minutos andando da rodoviária (que funciona dentro do Araguaia Shopping) e encostado da Rua 44, conhecida como o Pólo da Moda da cidade (com centenas de lojas e barraquinhas). Isso me ajudou muito nos dias em que tive que pegar o ônibus muito cedo ou voltar no início da noite.

O atendimento, o café da manhã e o sinal do wifi também foram ótimos. O que não gostei foi da estrutura do quarto e da limpeza. Pelo menos na suíte que fiquei havia uma cama de casal e uma de solteiro dentro de um espaço que não cabia duas camas. E pra deixar tudo ainda mais apertado, a pia do banheiro ficava fora do banheiro e grudada em uma das camas. Quando eu lavava o rosto ou escovava os dentes, molhava uma parte do lençol. Isso foi muuuito desagradável! Para piorar a minha estadia e fazer o hotel cair de vez no meu conceito, apareceram baratas em dois dos três dias que fiquei dormindo lá. E não era "uma" barata. Eram duas, três. No chão, em cima da cama, no banheiro. Foi horrível! Nem preciso comentar que não me hospedaria lá novamente, né?

Hotel Cerrado
Pôr do sol visto do quarto do hotel

Durante os três dias da minha viagem, utilizei transporte público para me locomover pela cidade. Foi muito fácil e consegui chegar em todos lugares que desejei. Ali perto da rodoviária passavam ônibus para praticamente todos os bairros de Goiânia. O primeiro local que visitei foi o Mercado Municipal, que fica na região central. Esse mercado é bem semelhante aos que existem em outras cidades. Há diversos boxes que vendem de tudo um pouco: frutas, verduras, legumes, artesanato, temperos, doces...

Mercado Municipal de Goiânia
Tem de tudo um pouco!

Ali no centro também conheci outro lugar que gostei muito, o Beco da Codorna. Esse beco fica na Avenida Anhanguera, uma das mais movimentadas de Goiânia. A entrada é bem discreta e fica no meio de um monte de lojas e comércio. Todas as paredes desse local estão preenchidas com grafites super coloridos produzidos pela Associação dos Grafiteiros de Goiás. É tipo um museu de arte urbana a céu aberto, semelhante ao Beco do Batman que temos aqui na cidade de São Paulo. Os grafites são muito bonitos, mas o local me pareceu um pouco isolado e fiquei bem receosa de caminhar por ali sozinha.

Beco da Codorna
Grafites em todas as paredes
É tipo um museu a céu aberto!

A Praça Cívica é outro ponto turístico muito importante. Ela foi a primeira praça construída na cidade e é considerada o marco inicial de Goiânia. O gigante Palácio Pedro Ludovico Teixeira (sede da administração financeira do estado) e o Palácio das Esmeraldas (sede do governo) ficam nessa praça. Bem no centro há uma escultura produzida em bronze (o Monumento às Três Raças) que homenageia as três raças responsáveis pela construção da cidade: o negro (escravos), o índio e o branco (bandeirante).

O Museu Zoroastro Artiaga também fica ali na praça, mas infelizmente estava fechado para manutenção durante minha viagem. Li que este é o primeiro museu da cidade e foi criado em 1946. Seu acervo é composto por arquivos, documentos e fotografias relacionados à história da capital goiana. A arquitetura da construção tem estilo art déco e é muuuito bonita! Ah, descobri durante a viagem que Goiânia tem o segundo maior acervo mundial de estilo art déco em seu patrimônio histórico e artístico nacional! Não é impressionante?

Monumento às Três Raças na Praça Cívica
Museu Zoroastro Artiaga

Visitei mais alguns lugares interessantes ali no entorno da Praça Cívica, como a Catedral Metropolitana de Goiânia (construída em 1956) e a Avenida Goiás. Achei o canteiro central dessa avenida super bonito! Ele é cheio de palmeiras e banquinhos. E os lustres são muito charmosos e tem o estilo antiguinho. O Museu Pedro Ludovico Teixeira também fica ali próximo, mas infelizmente estava fechado. Essa casa, construída em 1934, foi moradia do fundador da cidade. Ela tem estilo art déco e foi tombada como patrimônio histórico estadual. O acervo do museu é composto por quase duas mil peças, incluindo porcelanas, mobiliário, vestuário, cristais e objetos pessoais de Pedro Ludovico. Também há documentos, livros e fotografias históricas.

Quase ao lado desse museu fica um dos parques urbanos mais antigos de Goiânia: o Bosque dos Buritis. Esse local é bonito e tem uma boa infraestrutura, com pista de cooper, playground, aparelhos de ginástica... Porém senti um certo ar de abandono ali e, como estava sozinha, fiquei com um pouco de receio de caminhar pelas pistas mais fechadas. Acabei circulando apenas pelo centro do parque, onde ficam o lago, o Museu de Arte de Goiânia e o Monumento à Paz Mundial (muito interessante).

Avenida Goiás (à esquerda) e Catedral Metropolitana (à direita)
Museu Pedro Ludovico Teixeira
Bosque dos Buritis
Área verde na região central da cidade

E por falar em parques, durante a viagem também descobri que Goiânia é uma das cidades mais arborizadas do país! Ela tem a maior extensão de áreas verdes por habitante e o maior número de árvores em vias públicas, sendo considerada uma capital ambiental. Ela tem tantos, mas tantos parques que foi até difícil escolher qual visitar! rs Acabei optando pelo Bosque dos Buritis (pois ficava na região central e próximo a outros pontos que eu gostaria de conhecer) e o Parque Vaca Brava. Adorei esse parque! Ele fica ao lado fica o Goiânia Shopping, em uma área super gostosa da cidade (o Setor Bueno), repleta de lojas, restaurantes e prédios altíssimos. Achei lindo o contraste do verde e do lago com essas construções. Além dessas duas áreas verdes, Goiânia também tem outros parques e bosques, como o Parque Flamboyant, o Parque Mutirama, o Jardim Botânico, o Parque Areião e muuuitos outros!

Parque Vaca Brava
Adorei esse parque!

Meu lugar preferido em Goiânia certamente foi o Memorial do Cerrado! Esse complexo fica dentro de uma enooorme área verde do Campus II da PUC Goiás, lá no Jardim Mariliza. É um pouco afastado do centro, mas a visita vale super a pena! O memorial é composto por vários espaços que retratam diversos ambientes das culturas do cerrado. Fiz a visita guiada com uma das monitoras e aprendi muuuito sobre a história, as culturas e o bioma da região. 

O primeiro espaço que visitei foi o Museu de História Natural. Ele fica dentro de uma espécie de galpão e o espaço é enorme. O museu foi organizado em ordem cronológica e, conforme vamos percorrendo os corredores, temos a sensação que estamos acompanhando a evolução do universo, do planeta Terra, do Brasil e, consequentemente, do cerrado goiano. O acervo é riquíssimo e muuuito interessante! As partes que mais gostei foram a coleção geológica (tinha diversos fósseis de verdade), os animais empalhados (é meio mórbido, eles parecem de verdade) e a floresta petrificada (que fica ao lado do museu).


Painel lindo na entrada do Campus II da PUC Goiás
Entrada do Memorial do Cerrado
Museu de História Natural
Detalhe de um fóssil (à esquerda) e um animal empalhado (à direita)

Lá do museu seguimos para a área externa do memorial, onde fica a Vila Cenográfica de Santa Luzia. Essa réplica de vila mostra como era o cotidiano nos primeiros povoados goianos, no final do século XIX. Há escola, igreja, algumas casas (de diferentes classes sociais), prefeitura, cadeia, alguns tipos de comércios, cemitério e até um bordel. Todos os espaços são em tamanho real e você pode entrar dentro deles para conhecer os objetos típicos e o mobiliário. Gostei muito de ver de pertinho o maquinário precário do primeiro jornal impresso da região. Ao lado da vila há a Fazenda Tradicional, que simula as unidades produtivas rurais de Goiás do século XVIII. Há alambiques, forno de barro, moendas, oficinas de rapadura, serralheria, funilaria... Esses dois espaços são uma verdadeira volta ao passado!

Vila Cenográfica de Santa Luzia
Caixa tipográfica do primeiro jornal impresso (à esquerda) e palmatória usada nas escolas (à direita)
Ambiente rural que simula uma fazenda

Na sequência, percorremos uma pequena trilha na mata e chegamos em um Quilombo. Ali há uma réplica de uma vila quilombola, com algumas casinhas bem simples construídas com barro. Seguimos por mais uma pequena trilha e chegamos na Aldeia Timbira. Adorei conhecer essa aldeia! Ela foi construída exclusivamente para o memorial seguindo o modelo Timbira, que é típico dos povos da região centro-oeste. Dentro das ocas, há utensílios que mostram como é a vida em uma aldeia indígena.

Vila quilombola
Aldeia Timbira
Detalhe das ocas

Gostei de conhecer Goiânia. Achei a estrutura da cidade ótima e foi muito tranquilo circular utilizando transporte público. Meus lugares preferidos foram o Memorial do Cerrado, o Parque Vaca Brava e o Beco da Codorna. Fiquei impressionada com a quantidade de parques e bosques que tem por lá. Comecei a contar no mapa e somou mais de vinte! Não é à toa que Goiânia recebeu o título de capital ambiental. Também fiquei surpresa ao encontrar diversas construções art déco. Não fazia ideia que esse estilo arquitetônico esteve presente na formação da cidade. Foi uma viagem de muitas descobertas!


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