Finalmente criei vergonha na cara e fui conhecer uma cidade do interior do meu estado: a carismática Barra Bonita. Na verdade fui revisitá-la, pois já estive por lá há muuuitos anos, quando era bem criança. Minha família tem uma história um pouco trágica com esta cidade, pois sofremos um acidente enquanto fazíamos um passeio naqueles tradicionais trenzinhos turísticos, em meados da década de 1980. Ele tombou em uma curva, acredita? Resultado: o passeio acabou e todo mundo foi parar no hospital! Felizmente nada de muuuito grave aconteceu, apenas o meu irmão quebrou a perna, tadinho. ;(
Em relação à hospedagem, Barra Bonita é bem diversificada. Há pousadas, hotéis,
resort e até um hotel flutuante! Optei pelo
Hotel Turi e foi uma experiência ok. Apesar de não ficar no centrinho, ele era bem próximo de tudo e gostei dessa localização em uma área mais residencial (era suuuper silencioso pra dormir, s2). A suíte em que fui acomodada era confortável, porém alguns itens estavam precisando de reparos, como o registro de água fria do chuveiro (que não funcionava e só ficava no super quente) e a televisão (simplesmente não ligava). O restante do quarto me atendeu bem! Ele era espaçoso, estava bem limpo, tinha uma cama confortável, mesa com cadeira, armário e ar condicionado, que funcionou direitinho, assim como o wi-fi. O café da manhã era bem básico, mas estava gostoso e comi muito (como sempre, rs). O espaço da área de lazer tinha uma decoração muito bonita! Foi uma pena não ter conseguido aproveitar a piscina (o tempo não colaborou muito).
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Hotel Turi |
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Suíte em que fui acomodada |
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Área de lazer do hotel |
Quase todos os atrativos turísticos de Barra Bonita ficam nas duas avenidas que beiram o Rio Tietê, a Avenida Pedro Ometto e a Avenida Rosa Zanela Petri. O primeiro local que conheci foi o Centro Turístico e Cultural Maria do Bimbo. Neste espaço estava rolando duas exposições bem interessantes sobre duas personalidades da cidade: Belmonte e Fiori Gigliotti. Belmonte foi um grande cantor e compositor de música sertaneja. Ele nasceu em Barra Bonita no ano de 1937 e fazia dupla com Amaraí. Juntos, Belmonte & Amaraí, gravaram o hit Saudade de Minha Terra, que virou um clássico da música sertaneja (e que, inclusive, foi regravado por Chitãozinho & Xororó, Sérgio Reis e Michel Teló). Já Fiori Gigliotti, também nascido em Barra Bonita (em 1928), era um locutor esportivo que, inclusive, narrou até jogos da copa do mundo! As duas exposições eram pequenas, mas gostei de conhecer um pouquinho dessas personalidades barra-bonitenses. Ah, e fui super bem atendida por lá!
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Centro Turístico e Cultural Maria do Bimbo |
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Exposição sobre o cantor Belmonte |
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Espaço dedicado ao locutor esportivo Fiori Gigliotti |
Na sequência fui para outro espaço cultural ali próximo: o
Centro Cultural Célia Stangherlin. É dentro deste local que fica o
Memorial Rio Tietê, que eu queria muito conhecer! Nele estão expostos dezenas de painéis com informações riquíssimas sobre a fauna e a flora da região, além da história do Rio Tietê, das populações ribeirinhas e muitas outras curiosidades. Caso você não saiba o
Rio Tietê (aquele que nasce limpíssimo em Salesópolis, fica podre quando chega na região metropolitana paulista e depois fica limpo de novo até desaguar no Rio Paraná) também passa por Barra Bonita. Inclusive ele teve uma participação fundamental no desenvolvimento da cidade, já que foi por meio de suas águas que os bandeirantes e diversos imigrantes italianos chegaram na região. O memorial é muito interessante, porém achei que o espaço está um pouco mal cuidado. As informações poderiam estar expostas de modo mais atrativo visualmente.
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Centro Cultural Célia Stangherlin, onde fica o Memorial Rio Tietê |
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Amei esse desenho da fachada (à esquerda) e entrada do Memorial Rio Tietê (à direita) |
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Há muitos painéis explicativos sobre o Rio Tietê |
Outro local que vale a visita é o
Museu Histórico Municipal, localizado na belíssima Praça Doutor Tatinho. Um detalhe muito fofo desta praça são os desenhos do chão com a temática musical. Tem harpa, violão, trompete, clave de sol... É muito bonitinho! s2 O museu fica dentro do prédio que abrigava a antiga
Estação Ferroviária de Barra Bonita. Essa estação foi inaugurada em 1929 e funcionou até 1966. Durante este período, a cidade teve um grande salto
econômico e urbanístico. A arquitetura do prédio é muito bonita e por si só já vale o passeio, além de estar super bem preservada. Em seus dois pavimentos estão expostos diversos objetos, fotografias e documentos que contam um pouco da história da cidade. Super recomendo a visita! Ah, também fui muito bem atendida neste museu. Mais uma vez Barra Bonita deu um show de receptividade!
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O Museu Histórico Municipal fica dentro da antiga estação ferroviária da cidade |
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Desenhos no chão da praça |
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O acervo do museu é composto por dezenas de objetos históricos |
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Amei essa escultura (à esquerda) e pavimento superior (à direita) |
Ao lado do museu fica a Praça do Artesanato, outro local bastante movimentado, principalmente no período da tarde. Por ali há diversos boxes onde os artesãos da região expõem suas manualidades. Subi a Rua Salles Lemes (coisa de cinco minutos caminhando) e cheguei na arborizada Praça São José, onde fica a Igreja Matriz de São José. Essa igreja é tããão bonitinha! Ela foi construída bem perto da primeira capelinha de Barra Bonita (que não existe mais) e inaugurada em 1926. Sua belíssima arquitetura é em estilo eclético, com predominância do gótico. Infelizmente não consegui conhecê-la por dentro, pois estava fechada.
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Praça do Artesanato |
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Igreja Matriz de São José |
Certamente a orla do Rio Tietê é o maior atrativo turístico de Barra Bonita. Eu amei caminhar por lá! Além da belíssima paisagem do rio (que não tem cheiro ruim, como aqui em São Paulo), há muitos outros espaços legais, como por exemplo a Praça da Juventude. Por ali há algumas quadras poliesportivas, campos de futebol de areia, playground, pista de skate e a Praça do Idoso, além de muuuita natureza, diversos banquinhos para sentar e apreciar o vai e vem das embarcações e algumas barraquinhas de artesanato e petiscos. O Letreiro Barra Bonita (perfeito para fotos) e o ponto de embarque e desembarque do passeio no Bonde Turístico também ficam por ali. A praça é super movimentada, tanto por moradores, como por turistas. Foi muito legal ver um espaço público sendo utilizado pela população!
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Calçadão beirando o Rio Tietê |
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Praça do Idoso localizada na Praça da Juventude |
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Letreiro super disputado para fotos |
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Ponto de embarque e desembarque do bonde |
Continuei caminhando pela orla e cheguei na centenária Ponte Campos Salles, também conhecida como Ponte dos Arcos. Esta ponte liga Barra Bonita à cidade de Igaraçu do Tietê e foi inaugurada em 1915. Achei sua arquitetura belíssima! Pertinho do acesso à ponte fica a pequena Praça Belmonte, criada em 2022 para homenagear o cantor e compositor Belmonte (aquele que comentei no início do post). Por ali há uma escultura em tamanho real do músico e uma placa com a letra de seu maior sucesso, o hino sertanejo Saudade de Minha Terra (que fala da saudade que Belmonte sentia de Barra Bonita). Gostei bastante do espaço onde a escultura foi colocada, pois tem o inusitado formato de um violão. Super criativo!
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Ponte Campos Salles |
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Escultura em homenagem ao barra-bonitense Belmonte |
Barra Bonita também tem teleférico, um clássico dos clássicos das cidades turísticas! Ele está localizado na Praça do Teleférico, que também fica na orla do rio. O percurso curtinho (são apenas setecentos metros, ida e volta) e a pouca altura (de doze metros) não causam graaandes emoções, mas foi interessante observar a paisagem do alto (que é bem bonita e repleta de verde). A praça também tem um bonito lago artificial (onde é possível andar de pedalinhos), banquinhos, pista de kart e uma minicidade com playground para as crianças, além de diversos quiosques de lanches, doces e bebidas.
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O teleférico passa em cima do lago |
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O percurso tem apenas setecentos metros |
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A paisagem é bem bonita, apesar da pouca altura |
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A minicidade é bem bonitinha, mas tem poucos atrativos |
Bora contar agora como foi navegar pelo Rio Tietê? Afinal este foi o principal motivo da minha viagem à Barra Bonita! Ali na orla há diversas empresas oferecendo este passeio e o roteiro quase sempre é o mesmo: navega um pouco pelo rio e faz o
gran finale na eclusa. Os preços variam dependendo da duração do passeio e se o almoço está ou não incluso. Optei pelo
Tapri e gostei bastante! O barco é bem simples e um pouco antiguinho, mas atendeu minhas expectativas. Um diferencial desta embarcação é o deck panorâmico localizado no pavimento superior e a mini piscina na proa (que estava em manutenção). Contemplar as paisagens dali do alto deixou o passeio ainda mais encantador! Outra característica é que você pode escolher entre a navegação longa (três horas) e a curta (1h30), e se quer ou não incluir o almoço. Ou seja, tudo é bem flexível. Como gosto de economizar (e não fazia questão de ficar horas navegando) escolhi o passeio mais curto e sem o almoço. Foi sucesso! Ah, este barco também funciona como um hotel flutuante e você pode se hospedar nele (está até no
Booking.com)
O embarque aconteceu em frente ao teleférico e a navegação até a eclusa durou uns trinta minutos. Neste percurso passamos por duas pontes e pela Prainha, na cidade de Igaraçu do Tietê. Pois é minha gente, o Rio Tietê tem até uma praia!!! Surpreendente, não é? As paisagens são bem bonitas e repletas de natureza! Vi muitas espécies de aves enquanto navegávamos. A eclusa, o principal atrativo do passeio, fica na Usina Hidroelétrica de Barra Bonita. Essa usina começou a ser construída em 1957 e só ficou pronta seis anos depois, em 1963. Para que a água pudesse gerar energia foi necessário construir uma barragem, que desnivelou o rio. Esse desnível tem 26 metros e dividiu o rio em parte alta e parte baixa. A função da eclusa é justamente fazer com que os barcos consigam transitar entre esses diferentes níveis. É como se fosse um elevador de barcos, mas existe toda uma engenharia para fazer eles subirem e descerem usando a própria água do rio. É meio complicadinho de explicar e eu só fui entender quando vi tudo funcionando pessoalmente. A eclusa demora doze minutos para subir ou descer uma embarcação. Chegando lá em cima, navegamos mais um pouquinho e, na sequência, já retornamos para o mesmo local do embarque. Adorei fazer este passeio e super recomendo!
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O Tapri é uma das embarcações que navegam pelo Rio Tietê |
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Prainha, em Igaraçu do Tietê |
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Chegando na eclusa (à esquerda) e entrando nela (à direita)! |
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Saindo da eclusa e navegando na parte alta do rio |
No último dia da viagem (quase na hora de ir embora), conheci mais dois atrativos bem próximos da rodoviária. O primeiro deles foi o Mirante Barra Bonita, que fica em uma parte alta da cidade e tem uma vista muito bonita, além de um letreiro ótimo para fotos. O outro local foi o Portal Clemente Ricci, que fica na entrada de Barra Bonita, também pertinho da rodoviária. Os dois atrativos não são imperdíveis, mas vale dar uma passadinha, caso você esteja por perto.
Se você curte mirantes, há mais um próximo da Praça do Teleférico: o Mirante Anna Catharina Ortigosa Spaulonci (que foi inaugurado recentemente). Porém ele fica em uma área um pouco mais isolada e fiquei insegura de ir caminhando sozinha (era um quilômetro de distância, mais ou menos). Recomendo a visita para quem estiver de carro.
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Mirante com vista para a cidade de Barra Bonita |
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Tem até um letreiro! |
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Portal Clemente Ricci, na entrada da cidade |
Adorei conhecer Barra Bonita! A cidade é muito organizada, bonita e extremamente simpática. Fui MUITO bem atendida e acolhida em todos os lugares que visitei. No quesito receptividade, Barra Bonita ganhou nota mil!!! Também achei a cidade bem democrática. Há opções de hospedagens, restaurantes e passeios para todos os tipos de viajantes, desde os econômicos até os que preferem um pouco mais de luxo. Também é possível conhecer praticamente todos os atrativos turísticos com uma curta caminhada. Amo lugares acessíveis aos não motorizados! Mais um ponto positivo para Barra Bonita! O auge da viagem foi a navegação pelo Rio Tietê, óbvio. Aqui na capital paulista este rio é extremamente poluído e inavegável. Foi muito enriquecedor "reconhecê-lo" sob um outro ponto de vista. Super recomendo esse rolê! :)
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