Última viagem realizada em dezembro/2009
Ilha Grande fica no litoral sul fluminense, mais exatamente na cidade de Angra dos Reis, em uma região conhecida como Costa Verde (pertinho de
Paraty e de Mangaratiba).
Essa ilha é o destino perfeito para quem gosta de praias paradisíacas, muuuito contato com a natureza, praticar atividades de ecoturismo e daquele clima delicioso típico de uma vila de pescadores. Ilha Grande oferece tudo isso e muito mais! Pés na Areia garante, afinal já estive por lá duas vezes, ambas em 2009. Olha a história: fiquei cinco dias em novembro, daí me apaixonei perdidamente pela ilha e voltei em dezembro, por mais cinco dias. No total foram dez dias curtindo esse paraíso e acredite: não consegui conhecer tudo! A Ilha Grande tem mais de cem praias, além de algumas cachoeiras, muuuitas trilhas e diversas opções de passeios de barco.
Mas calma! Antes de começar a falar sobre os atrativos da ilha, vou contar como fiz para chegar até lá, partindo daqui de São Paulo. Embarquei em um ônibus da viação Reunidas, ali no Terminal Rodoviário do Tietê, com destino a Angra dos Reis. Foram umas oito horas de viagem, mas como fiz todo o percurso a noite, nem senti o tempo passar. Quando amanheceu já estava desembarcando na Rodoviária de Angra dos Reis, que fica a uns dois quilômetros da Estação Santa Luzia (onde partem os barcos rápidos e as lanchas) e do Cais da Lapa (onde partem as barcas da CCR Barcas). Como você viu existem algumas opções de transporte marítimo com destino à Ilha Grande. O que varia entre elas são os preços, os horários de partida e o tempo de travessia. Em 2009 optei por fazer o trajeto de ida em um catamarã (parece que atualmente não existe mais) e na volta peguei a barca. As duas opções foram boas. Se você vem do Rio de Janeiro há mais dois locais de embarque no transporte marítimo: Mangaratiba e Conceição do Jacareí. Esses dois cais ficam bem mais próximos da capital fluminense.
O trajeto marítimo até a Ilha Grande é muuuito bonito, principalmente quando vamos nos aproximando da ilha. Aos pouquinhos o mar vai ganhando um tom esverdeado, bem típico dessa região da Costa Verde. É lindo demais! Achei que a viagem foi bem tranquila, tanto na ida, como na volta. Felizmente o tempo e o mar colaboraram para essa tranquilidade. Fez sol em todos os dias da viagem, nada de vento ou chuva! :D
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Cais de Santa Luzia, no centro de Angra dos Reis |
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Angra dos Reis vista do mar |
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Chegando em Ilha Grande |
A Vila do Abraão é a principal vila da ilha e a que tem a melhor infraestrutura turística. Quase todos os visitantes desembarcam por lá, mas também há outras opções para quem prefere mais tranquilidade e isolamento, como Araçatiba e Praia Vermelha, Bananal e Matariz, Japariz e Provetá. Nas duas vezes em que estive na ilha fiquei em Abraão. Em novembro me hospedei na Pousada Cambeba, já em dezembro fiquei na Pousada Recanto das Fadas. As duas hospedagens eram bem simples e atenderam perfeitamente minhas necessidades, mas infelizmente elas fecharam. :(
Ali na Vila do Abraão você encontra praticamente de tudo: há muitas opções de hospedagens (dos mais variados estilos e preços), mercados, farmácias, lojinhas, sorveterias, restaurantes... Tem até uma igrejinha muito fofa, localizada na praça principal: a Igreja de São Sebastião. Ela foi construída em meados do século XVIII e é considerada um dos principais atrativos turísticos da ilha.
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Igreja de São Sebastião, localizada na praça principal da Vila do Abraão |
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A infraestrutura da vila é excelente! |
A praia que banha toda a vila é a Praia do Abraão. É nela onde os visitantes e moradores desembarcam quando chegam na ilha. Ela tem um pouco menos de um quilômetro de extensão e é bastante movimentada. Sempre há barcos e lanchas ancorados por lá (suas extremidades são os locais mais tranquilos). A partir dela é possível chegar em diversas outras praias e atrativos, por meio de trilhas muito bem sinalizadas. Por falar em trilhas, a Ilha Grande é repleta delas! É possível até dar a volta na ilha só fazendo trilha. Incrível, não é?
Ali no canto direito da Praia do Abraão, por exemplo, há uma pequena trilha que dá acesso à cinco praias: Praia da Júlia, Praia da Biquinha, Praia Comprida, Praia da Crena e Praia do Abraãozinho (das cinco é a que tem a melhor infraestrutura, também vi muitos peixinhos por lá). Todas são muito bonitas, mas a minha preferida foi a Praia da Crena. A água parecia uma piscina de tão calma e transparente. Ainda no canto direito da Praia do Abraão há uma outra trilha (a T10 - Abraão/Mangues/Pouso) que dá acesso à Praia de Palmas, à Praia de Mangues e finaliza na Praia do Pouso. Como esse trajeto era bastante extenso (quase seis quilômetros caminhando) optei por conhecer essas praias em um passeio de barco (que conto mais pra frente do post).
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Praia do Abraão |
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Chegando na Praia da Crena, a cor do mar é linda! |
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Praia da Crena, parecia uma piscina |
Já o canto esquerdo da Praia do Abraão dá acesso a um percurso de quase dois quilômetros que passa por diversos atrativos naturais e históricos muito interessantes (a T01 - Circuito do Abraão). Logo no início do trajeto há algumas prainhas (entre elas a Praia do Corisco, a Praia Preta e a Praia do Galego) e pequenos mirantes com vistas belíssimas para a vila e a enseada do Abraão. A Praia Preta é a principal praia deste percurso e ela tem este nome por conta da coloração de sua areia, que é composta por alguns minerais diferentões que a deixam com essa tonalidade. Achei esse detalhe super diferente e curioso!
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Entrada do Circuito Abraão |
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Enseada do Abraão |
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Praia Preta |
Continuei a caminhada pelo Circuito do Abraão e cheguei nas Ruínas do Lazareto, um local com uma história muito interessante. O lazareto funcionou por quase duas décadas, mais exatamente entre os anos de 1886 e 1913. Milhares de viajantes e imigrantes portadores de cólera (que normalmente era contraída nos navios durante a viagem) passaram por ali. Para quem não sabe (assim como eu não sabia) lazareto é uma espécie de hospital de quarentena que abriga temporariamente pessoas vindas de locais onde há surtos de doenças contagiosas. Naquela época acreditava-se que esse isolamento temporário evitaria a disseminação dessas doenças. Alguns anos após seu fechamento, o lazareto voltou a funcionar, porém como um presídio. Durante algumas décadas (até o ano de 1958, mais especificamente) o local abrigou milhares de detentos. Como o espaço não comportava essa quantidade de pessoas, o governo construiu um outro presídio ali próximo, na Vila de Dois Rios, com uma capacidade e estrutura bem maiores. Em 1962 o Presídio do Lazareto foi implodido e só restaram as ruínas dessa construção.
Ali próximo das Ruínas do Lazareto também estão as Ruínas do Aqueduto. O aqueduto era responsável pelo abastecimento de água do lazareto, transportando a água do Córrego do Abraão para lá. Ele foi construído por pessoas escravizadas, que moldaram pedra por pedra e fixaram uma a uma com óleo de baleia (algo bastante utilizado naquela época). A altura e a grandiosidade do aqueduto impressionam! Antes de desaguar no mar, as águas do Córrego do Abraão formam o Poção (também conhecido como Cachoeira dos Escravos), um ótimo local para se refrescar após a caminhada.
Ainda nessa região há uma trilha mediana de seis quilômetros (a T02 - Aqueduto/Saco do Céu) que dá acesso à Praia da Feiticeira (onde há um desvio para a famosa Cachoeira da Feiticeira), Praia do Iguaçu, Praia da Camiranga, Praia do Perequê, Praia de Fora, Praia do Galo, Praia do Conrado e finaliza no Saco do Céu (onde há um pequeno vilarejo e onde inicia uma outra trilha, a T03 - Saco do Céu/Freguesia de Santana, e depois a T04 - Freguesia de Santana/Bananal, a T05 - Bananal/Sítio Forte e a T06 - Sítio Forte/Praia Grande de Araçatiba). Fiz um trecho da trilha T02 (a que começa perto do Aqueduto) para tentar chegar na Cachoeira da Feiticeira, mas infelizmente não consegui encontrá-la (após andar muuuito). Foi super frustrante!
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As ruínas do lazareto |
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Por dentro das ruínas |
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Após o fechamento do lazareto o local passou a funcionar como um presídio |
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As ruínas do aqueduto são muuuito altas! |
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Poção |
Ali na Vila do Abraão há mais outras duas opções de trilhas: a T14 - Abraão/Vila de Dois Rios e a T13 - Abraão/Pico do Papagaio. Fiz apenas a que vai até o vilarejo de Dois Rios e já adianto que ela é super longa e cansativa! São oito quilômetros de extensão (totalizando dezesseis se somarmos a ida com a volta), mas boa parte do percurso é em terreno pavimentado (ufa!) já que esta "trilha" é na verdade uma estrada que liga as duas vilas. A parte mais íngreme do trajeto é o início e é exatamente neste trecho mais alto onde estão as paisagens mais bonitas. Depois de umas três horas caminhando, finalmente cheguei na vila. Que parecia uma vila fantasma, pois não havia ninguém e nenhuma infraestrutura (lembrando que fiz essa trilha no final de 2009, então pode ser que algo tenha mudado de lá para cá).
O grande atrativo do vilarejo é a Praia de Dois Rios (que possui um rio desaguando em cada uma de suas extremidades) e o Museu do Cárcere (que ainda não existia quando estive por lá, em 2009). Este museu funciona dentro do extinto Presídio Cândido Mendes, que foi construído no início do século XX para substituir o Presídio do Lazareto, ali na Vila do Abraão. Este presídio ficou muito famoso na época e foi palco de várias histórias, algumas incluindo "celebridades", como o escritor Graciliano Ramos e o dramaturgo Nelson Rodrigues. Também foi neste presídio onde teve início a facção criminosa Comando Vermelho. O presídio foi totalmente desativado em 1994.
Ainda ali no vilarejo de Dois Rios há mais duas opções de trilhas: a T15 - Dois Rios/Caxadaço e a T16 - Dois Rios/Parnaioca. Essas duas praias são lindas, mas optei por chegar até elas em um passeio de barco (que conto mais pra frente do post).
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Trilha para a vila e praia de Dois Rios |
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Vista para a Vila do Abraão na parte mais alta da trilha |
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Uma das cachoeiras que avistei pelo caminho |
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Ruínas do Presídio Cândido Mendes |
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Praia de Dois Rios |
Essas foram as trilhas que fiz partindo dali da Vila do Abraão. Agora vou contar dos passeios de barcos, que foram vááários (na verdade foram apenas três, rs)! Há muitas opções de roteiros oferecidos pelas inúmeras agências receptivas ali da vila. É só escolher o que melhor se encaixa no seu orçamento. O
primeiro que fiz foi o Lagoa Azul, que incluía paradas na Lagoa Azul, Lagoa Verde, Praia de Japariz e Enseada das Estrelas. A Lagoa Azul é uma piscina natural que se forma no meio de uma espécie de arquipélago, composto pela Ilha do Macaco, Ilha Comprida, Ilha Redonda e Ilha Grande. Quase não há ondas por lá e a água é super transparente (vi vários peixinhos). O que mais me impressionou na Lagoa Azul foi a cor do mar. É lindo demais!!! De lá seguimos para a Lagoa Verde, uma outra piscina natural formada entre a Ilha Grande e a Ilha da Longa. Ela também é muito bonita e repleta de peixes. Nesta piscina a água tem um tom mais esverdeado por conta do reflexo da vegetação das ilhas.
A parada para o almoço foi na Praia do Japariz. Apesar de estar bastante movimentada de turistas (pois é a parada para almoço de quase todos os passeios de barco), essa praia é super bonita e fotogênica (como todas as outras da ilha, rs). De lá partimos para a Enseada das Estrelas, onde navegamos por mais algumas praias, incluindo a belíssima Praia do Amor. Este passeio durou umas cinco horas e foi feito em uma escuna.
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Um cantinho da Lagoa Azul |
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Vi muuuitos peixinhos e até estrela-do-mar! |
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Lagoa Verde, formada entre a Ilha Grande e a Ilha da Longa |
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Chegando na Praia do Japariz, olha a quantidade de turistas! |
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Praia do Japariz |
Outro passeio
de barco que fiz foi o Lopes Mendes, que é bem tradicional na ilha. Neste passeio é possível conhecer quatro praias: a Praia de Mangues, a Praia do Pouso, a Praia Lopes Mendes e a Praia de Santo Antônio. Desembarcamos na Praia de Mangues, que é muuuito linda e suuuper tranquila (estilo piscininha). Fiquei apaixonada pela cor do mar, que parecia fazer um degradê de tons verdes (por conta do reflexo da vegetação que há ao redor dela). De lá seguimos para o canto direito, cruzamos um pequeno caminho e chegamos na Praia do Pouso, uma outra praia igualmente charmosa, mas bem menor e aconchegante. A trilha para a Praia Lopes Mendes, a T11 - Pouso/Lopes Mendes, começa bem no meio desta praia (é super fácil de encontrar). O trajeto tem um pouco mais de um quilômetro e é relativamente fácil. Quase no final desta trilha há uma entradinha para a trilha da Praia de Santo Antônio, mas optei por continuar seguindo para a Lopes Mendes.
A Praia Lopes Mendes é considerada uma das mais bonitas da ilha e tem aproximadamente três quilômetros de extensão. Um diferencial dessa praia, além do tamanho, é a cor da areia (é bem branquinha), o tom da água (é mais azulado) e o mar bastante agitado (há muitos surfistas por lá). No canto esquerdo há um riacho que desagua no mar, formando uma belíssima paisagem. Este passeio também durou umas cinco horas e foi feito em um barco. Também é possível chegar na Praia do Pouso (e posteriormente na Lopes Mendes) a partir de uma trilha de quase seis quilômetros que começa lá no canto direito da Praia do Abraão, a T10 - Abraão/Mangues/Pouso.
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Desembarque na Praia de Mangues |
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Praia de Mangues, linda demais! |
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A pequena e charmosa Praia do Pouso |
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Chegando na Praia Lopes Mendes |
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A Praia Lopes Mendes é super extensa |
O passeio que achei mais i-m-p-e-r-d-í-v-e-l na Ilha Grande foi o Volta à Ilha. Ele durou o dia todo e foi feito em uma lancha. Anota aí o roteiro: Praia do Caxadaço, Praia da Parnaioca, Praia do Aventureiro, Praia dos Meros, Lagoa Verde, Praia de Maguariquessaba e Lagoa Azul. A primeira parada foi na Praia do Caxadaço, que é suuuper pequena (tem apenas quinze metros de extensão) e possui uma formação rochosa ao redor, criando uma espécie de barreira que deixa suas águas muito tranquilas. Subir nessas rochas (após uma pequena trilha) e avistar a praia lá de cima é o grande atrativo do Caxadaço. A paisagem é linda e a cor do mar encantadora! Fiquei completamente apaixonada. De lá seguimos para a Praia de Parnaioca, outra belíssima praia de quase um quilômetro de extensão. O grande diferencial de lá é o Rio Parnaioca que deságua no mar, formando um belíssimo visual.
Na sequência fomos para outra praia paradisíaca que entrou na minha lista das praias mais bonitas da Ilha Grande: a Praia do Aventureiro. Quando estávamos quase chegando nessa praia, a cor do mar começou a ganhar uma coloração turquesa M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A. Quase tive um troço de tanta beleza! Além da cor do mar e da areia branquinha, outro atrativo desta praia é o famoso coqueiro torto. Sim, é isso mesmo que você leu. Existe um coqueiro que nasceu com o tronco torto, com uma curvatura de exatamente noventa graus. É muito curioso e ao mesmo tempo lindo!
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Praia do Caxadaço |
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Rio desaguando na Praia da Parnaioca |
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Chegando na Praia do Aventureiro |
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O famoso coqueiro torto da Praia do Aventureiro |
A próxima parada do passeio foi na
Praia dos Meros. Essa praia é pequena e tem a areia bem branquinha, criando um bonito contraste com o verde da vegetação e o azul do mar. De lá seguimos para a Lagoa Verde (a mesma que visitei no outro passeio) e depois para a
Praia de Maguariquessaba. Foi nesta bonita praia de nome complicado onde ocorreu a parada para o almoço, em meados da tarde. Ela tem uma boa infraestrutura turística, com restaurantes e até pousadas. O momento mais lindo que vivi nesta praia foi quando vi tartaruguinhas no mar. Foi muuuito especial! s2 O passeio finalizou na Lagoa Azul, local que também já havia conhecido no outro passeio.