Viagem realizada em outubro/2019
Quanto mais viajo pelo Brasil, mais quero continuar viajando! É cada lugar bonitinho que a gente descobre por aqui que nem dá vontade de explorar o restante do mundo, rs. A cidade que me surpreendeu dessa vez foi a paranaense Lapa. Nunca tinha ouvi falar dela, até que em um belo dia estava navegando pelo
site Matraqueando (que eu adoro) e li um
post sobre essa cidadezinha histórica que fica a 65 quilômetros de Curitiba, perfeita para um bate e volta. Depois de ver tantas fotos lindas (e descobrir que uma sangrenta batalha aconteceu por lá), fiquei curiosíssima para conhecê-la, óbvio. E lá fui eu arrumar minha mochila e partir mais uma vez! Essa viagem foi bem curtinha e aconteceu em apenas um final de semana. Saí de São Paulo à noite e cheguei em Curitiba bem cedinho. De Curitiba, peguei um ônibus para a Lapa e, em menos de duas horas, já estava de rolê por essa pequena cidade palco de grandes acontecimentos.
Foi aqui na Lapa onde ocorreu um confronto entre duas tropas rivais (seiscentos republicanos legalistas x três mil federalistas) na época da Revolução Federalista, em 1894. Os federalistas (que eram contrários ao sistema presidencialista de governo e queriam manter a coroa portuguesa no país) armaram um cerco para os legalistas. Mesmo sendo derrotados nessa batalha (que durou exatos 26 dias), a resistência dos legalistas foi de fundamental importância para a consolidação da República, que ocorreu posteriormente. Boa parte dos atrativos históricos e culturais da Lapa estão envolvidos com esse episódio. A cidade respira história!
Um dos acertos mais bem assertivos da viagem foi a escolha da hospedagem. Eu poderia ter dormido em Curitiba e ter passado apenas o dia na Lapa? Poderia. Mas eu queria ter a experiência de dormir na cidade. E melhor ainda: dormir em um dos casarões tombados como patrimônio histórico que tem por lá! Isso é possível na
Pousada Solar da Lapa, uma das hospedagem mais bem avaliadas do Booking.com nessa região. Já amei a pousada antes mesmo de entrar nela! A arquitetura é linda e o casarão está super bem preservado (ele é do ano de 1893). Outra surpresa que tive foi descobrir que minha suíte ficava no andar superior, na parte da frente da casa, onde tem a varandinha mais charmosa da cidade. Parece bobagem, mais foi muita emoção para o coração de uma viajante que adora arquitetura e prédios históricos. O atendimento também foi um diferencial. Fui recepcionada com um sorriso no rosto e muuuita gentileza e hospitalidade. Também adorei as acomodações (cama e chuveiro delícia), o café da manhã, a localização (pertinho do centro histórico e da rodoviária)... Enfim, foi uma estadia perfeita! Super recomendo!
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| A Pousada Solar da Lapa |
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| Minha suíte (à esquerda) e sala do café da manhã (à direita) |
Como comentei, a Lapa é uma cidade pequena, onde quase tudo pode ser feito a pé. O centro histórico é composto por poucas ruas e boa parte dos atrativos estão concentrados por ali. O esquema é ir caminhando com calma e descobrindo os detalhes dos casarões, os museus (que são muitos), as igrejas e as esquinas charmosas.
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| Olha esses casarões! |
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| E esse casarão? Morri... |
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| Tem jardim colorido! |
Foi assim que encontrei a
Casa Vermelha, que fica na mesma rua da Pousada Solar da Lapa. Essa casa (de pau-a-pique) foi construída inicialmente para servir como armazém aos tropeiros que chegavam na região, lá em meados do século XIX. Nessa época a Lapa era um ponto de parada desses tropeiros que viajavam entre Viamão (no Rio Grande do Sul) e Sorocaba (em São Paulo). Alguns anos depois, a casa também começou a hospedar esses visitantes, tornando-se uma espécie de hotel. Atualmente ela funciona como Museu dos Tropeiros, Sala da Congada e Centro de Artesanato. Gostei muito de visitar esse espaço! Foi bem interessante ver as roupas e os objetos usados pelos tropeiros naquela época. E também descobrir que a cidade mantém até hoje a tradição folclórica da Congada. Achei as roupas super coloridas e fiquei com vontade de revisitar a cidade para assistir a uma apresentação (que acontece sempre em 26 de dezembro, na festa de São Benedito).
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| Casa Vermelha |
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| Museu dos Tropeiros |
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| Uma lampião (à esquerda) e Sala da Congada (à direita) |
A
Casa de Câmara e Cadeia foi outro local que visitei. Foi ali onde funcionou a primeira casa de detenção da cidade (no pavimento inferior, porque no superior era a Câmara Municipal). A construção, em estilo colonial, é do ano de 1868. Atualmente, o
Museu de Armas funciona no piso térreo, onde era a detenção (e no pavimento superior fica a Câmara de Vereadores). Lá estão expostos muitas armas usadas durante a Revolução Federalista, como canhões, metralhadoras e fuzis. Confesso que este não foi o meu museu preferido e fiquei pouquíssimo tempo lá dentro.
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| A Casa de Câmara e Cadeira |
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| Algumas das salas do Museu de Armas |
Perto da Casa de Câmara e Cadeira fica o
Santuário de São Benedito. Fiquei bem surpresa ao descobrir que este é o maior santuário do mundo dedicado a São Benedito (que é o padroeiro da Congada, uma das maiores festas religiosas da cidade)! A história da construção da igreja também é bem interessante: um devoto decidiu construir uma capela em homenagem ao santo, depois de ter um de seus pedidos atendido. Isso aconteceu por volta de 1870. A antiga capela foi substituída pela igreja atual em 1947. A construção é muuuito bonita e tem um gramado super verdinho ao redor. Infelizmente não consegui visitá-la por dentro, pois estava fechada.
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| Santuário de São Benedito |
Um dos museus que mais gostei de visitar foi o
Museu da Moda Ney Souza. Ele foi inaugurado recentemente (em junho de 2019) e fica em um casarão muuuito bonito, repleto de janelões (a luz natural lá dentro é linda). Particularmente eu não conhecia esse estilista paranaense, mas gostei bastante das peças que vi. Além de estilista, Ney Souza é figurinista e carnavalesco. O acervo é composto por algumas roupas (masculinas e femininas), acessórios, sapatos e objetos antigos relacionados ao universo da moda, como máquinas de costura.
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| Museu da Moda Ney Souza |
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| Adorei o acervo do museu |
Ao lado do Museu da Moda fica a
Casa da Memória, também conhecida como
Casa dos Cavalinhos. Essa construção tem uma história super interessante e curiosa! Um dos primeiros moradores da cidade teve um sonho onde apareciam cavalos alados. Quando acordou decidiu jogar na loteria imperial e acabou ganhando o prêmio máximo! Com o dinheiro construiu essa casa e esculpiu dez cavalos alados na fachada. Isso aconteceu em 1888. Atualmente a casa abriga um grande acervo de documentos históricos da cidade, incluindo livros raros e atingidos por balas durante a batalha.
Ali pertinho fica o
Panteon dos Heróis, um monumento erguido para homenagear e guardar os restos mortais das pessoas que lutaram na Revolução Federalista de 1894. O prédio é bem grande e imponente, e foi construído em 1944, no cinquentenário do Cerco da Lapa.
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| Fachada da Casa dos Cavalinhos (à esquerda) e interior da casa (à direita) |
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| Panteon dos Heróis, por dentro e por fora |
Em frente ao Panteon dos Heróis há outro museu muito interessante: a
Casa Lacerda. Foi nessa casa onde nasceu, viveu e morreu um dos personagens principais do Cerco da Lapa: o coronel Joaquim de Rezende Correia de Lacerda. A construção é de 1842 e sua decoração original está preservada até hoje. A visitação interna é feita com o acompanhamento de um guia, que vai contando detalhes da história da casa e do estilo de vida de seus moradores. Todos os ambientes estão repletos de objetos e móveis da época. É como se a família ainda morasse por lá. Gostei bastante desse museu! Foi um dos meus preferidos. Ah, quase esqueci de contar que durante a batalha essa casa foi usada como quartel.
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| Casa Lacerda |
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| Um dos ambientes da casa |
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| Olha o tamanho desse banheiro! |
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| Own... Um livro de receitas antiguinho! |
O último museu que visitei (ufa!) foi o
Museu Histórico General Carneiro. Foi aí nessa casa onde o general republicano Ernesto Gomes Carneiro morreu, após ser ferido durante o conflito. O General Carneiro é considerado um grande herói dessa batalha e por isso recebeu tantas homenagens na cidade. Em um dos ambientes da casa há inclusive a reconstituição do seu leito de morte. O acervo também é composto por objetos pessoais do general, como carabina, espada, diário, medalhas e até lenço manchado com seu sangue. Nos outros ambientes da casa há gravuras, documentos e objetos que fizeram parte da história da cidade.
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| Museu Histórico General Carneiro |
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| Reconstituição do leito de morte de General Carneiro |
Além do museu, o General Carneiro também nomeia uma praça, a
Praça General Carneiro, onde há uma escultura sua. Essa é a principal praça da Lapa e também onde fica a
Igreja Matriz de Santo Antônio, a construção mais antiga da cidade. Essa igreja foi erguida por escravos e inaugurada em 1784. É dedicada ao padroeiro da cidade, o Santo Antônio, e tombada como patrimônio histórico e artístico pelo Iphan.
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| Detalhes da Praça General Carneiro: estátua do general (à esquerda) e Igreja Matriz (à direita) |
Eu não disse que a Lapa tinha muuuitos museus, rs? Mas calma que a cidade também tem atrativos culturais e gastronômicos. Um desses espaços culturais é o
Theatro São João, um charmoso teatro construído em 1873 que recebeu até a visita do Imperador Dom Pedro II! Pois é, Dom Pedro II e sua comitiva estiveram por aqui para prestigiar um dos poucos teatros do Brasil que misturam em sua arquitetura os estilos italiano (no palco), neoclássico (na fachada) e elisabetano (na plateia). Gostei muito de visitar esse espaço! O teatro é bem bonito e foi muito legal subir no palco e ter a visão de toda a plateia. É muito lindo! Ah, uma curiosidade que li é que durante o Cerco da Lapa o teatro foi usado como enfermaria e, infelizmente, bastante atingido por balas de canhões.
Quem gosta de comer vai passar muito bem nessa cidade. Além de inúmeros restaurantes, padarias e cafés, a Lapa tem uma biscoiteria super famosa: a
Dona Maninha. A receita desses biscoitos vem sendo passada de geração para geração há anos e até hoje é comercializada na cidade. Claro que fui lá conhecer a loja e degustar os biscoitos (que são deliciosos por sinal). Óbvio que não resisti e levei umas três caixinhas para casa. A família agradeceu! rs
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| Theatro São João, por fora e por dentro |
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| Olha que lindo! |
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| Os tradicionais biscoitos Dona Maninha |
Eu amei conhecer a Lapa! Uma das coisas que mais me surpreendeu (além das construções históricas super bem preservadas) foi a organização turística da cidade. Tudo funciona perfeitamente e foi bem fácil obter informações e encontrar os atrativos turísticos. Outro ponto alto foi minha estadia na Pousada Solar da Lapa. Eu amei essa hospedagem! Como estava a pé, não consegui visitar alguns locais mais distantes como o
Monumento dos Tropeiros, o
Parque Estadual do Monge e a
Fábrica Erva Mate Legendária. Fica para a próxima, né?
GOSTOU DA LAPA?
Visite
Curitiba também! É super pertinho e tem muuuitas coisas legais!
ACESSE TAMBÉM:
https://www.matraqueando.com.br/lapa-parana-como-organizar-um-bate-e-volta-perfeito-saindo-de-curitiba
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